A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS AUDITIVAS EM UMA ESCOLA PÚBLICA
Anderson Borges de Andrade
Francisco dos Santos Silva
Lenir Guedes
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo analisar o processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva em uma escola da rede municipal de Sorriso/MT. Dessa forma, os objetivos específicos, estar em conhecer as dificuldades dos professores de Língua Portuguesa em trabalhar com alunos especiais, além de observar a metodologia usada pelos professores para o ensino e aprendizagem do aluno com deficiência auditiva, e poder verificar a existência de serviços da educação especial garantidos a estes alunos, para dar suporte e apoio ao seu processo de ensino/aprendizagem. Os participantes são três professores de Língua Portuguesa, uma de intérprete de Libras (ILB) e uma coordenadora do Departamento de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Sorriso (CE). As informações levantadas se deram através de questionários aplicados com perguntas semiestruturadas, observação direta do contexto escolar com foco no processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva. Os resultados apontaram que a inclusão de alunos surdos na rede municipal de Sorriso/MT enfrenta grandes obstáculos para sua concretização conforme determina a Política Nacional de Educação Inclusiva e Plano Municipal de Educação, como a falta de capacitação dos professores de Língua Portuguesa em LIBRAS, carência de intérpretes de LIBRAS e formação continuada para aperfeiçoamento profissional, desconhecimento por parte dos professores de metodologias de ensino para alunos surdos e falta de recursos didáticos tecnológicos para serem adaptados no ensino dos alunos deficientes auditivos.
PALAVRAS-CHAVE: Inclusão escolar, deficiente auditivo, metodologia ensino.
INTRODUÇÃO
Os olhos com que revejo já não são os olhos com que vi (Paulo Freire)
O Brasil, assim como outros países, que aceitaram o desafio de adotar uma política de educação inclusiva e garantir por lei este direito, construiu um novo cenário educacional marcado pela diversidade sociocultural que põe a prova a capacidade da escola e seus envolvidos de buscar respostas educacionais, fazendo adaptações para melhor atender as necessidades dos alunos inseridos. Mas, ainda há muitas barreiras a serem superadas para realmente efetivar a inclusão de todos em nossas escolas e isto precisa ser reconhecido, conforme (PACHECO, 2007). Na minha experiência docente tive dificuldades em saber como agir com os alunos com NEE, isso me mostrou que não basta inserir esse aluno na turma regular para dizer que está incluído e sim, refletir e pôr em prática uma pedagogia que ofereça condições de aprendizado aos alunos sem distinções de qualquer espécie.
Garantir a inclusão não é tratar a todos exatamente igual, mas garantir a igualdade com respeito à suas diferenças, possibilitando a todos que desenvolvam suas potencialidades, ampliando seus conhecimentos, superando expectativas, educando assim com êxito, pois o diferente sempre fez parte do contexto escolar.
Incluir vai além do direito de todos, pois a educação principalmente do aluno com alguma deficiência sensorial ou de outra ordem vai bem mais além do direito a matrícula ou sua presença física na escola comum, mas significa a oportunidade de desenvolvimento integral segundo sua potencialidade.
A inclusão se traduz em aprendizagem e participação no contexto escolar, para isso é necessário que o sistema de ensino e as escolas se organizem para oferecer as condições básicas para a inclusão. No caso do aluno com surdez, algumas ações são fundamentais como, por exemplo, a formação continuada dos professores da sala de aula comum em cursos de LIBRAS- Língua Brasileira de Sinais.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB, nº 9394/1996) estabelece que os sistemas de ensino devam assegurar, principalmente, professores especializados ou devidamente capacitados, que possam atuar com qualquer pessoa especial na sala de aula; pois não basta que o aluno surdo frequente uma sala de aula, mas que seja atendido nas suas necessidades, sendo o professor responsável por mediar e incentivar a construção do conhecimento através da interação com ele e com os colegas, valorizando o exercício da cidadania, o desenvolvimento do indivíduo e sua preparação para estar inseridos nos variados contextos sociais.
Por outro lado, sabemos que a realidade da maioria das escolas apresenta um quadro diferente quanto à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, dentre esses, os surdos. Ainda há carência de salas apropriadas, de materiais, de recursos visuais, de metodologias e, principalmente, de professores especializados ou intérpretes, entre outros.
Motivado pela necessidade de conhecer a realidade da inclusão do aluno surdo, a presente pesquisa tem como objetivo principal analisar o processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva em uma escola da rede Pública Municipal de Sorriso/MT. E como específicos, conhecer as dificuldades dos professores de Língua Portuguesa para trabalhar com alunos com deficiência auditiva, observar a metodologia usada pelos professores para o ensino aprendizagem do aluno com deficiência auditiva e verificar a existência de serviços da educação especial garantidos a estes alunos, para suporte e apoio ao seu processo de ensino/aprendizagem.
A referida análise foi feita em uma das escolas públicas do Município de Sorriso/MT e os participantes foram Professores de Língua Portuguesa, uma Professora ouvinte graduada Pedagogia e especializada em LIBRAS, Coordenador Pedagógico da escola campo e Coordenador do Departamento de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Sorriso/MT. A fundamentação teórica foi pautada nos seguintes e principais autores Lacerda (1998), Vitaliano (2009), Smith (2008), Souza & Campos (2008), Silva (2003) e Damázio (2007), dentre outros e leis nacionais que garantem a política nacional e municipal de Inclusão como a Constituição Federal de 1998 e a Declaração de Salamanca de 1994.
Os resultados apontaram que a inclusão de alunos surdos na rede Municipal de Sorriso/MT enfrenta grandes obstáculos para sua concretização conforme determina a Política Nacional de Educação Inclusiva e Plano Municipal de Educação, como a falta de capacitação dos professores de Língua Portuguesa em LIBRAS, carência de intérpretes de LIBRAS e formação continuada para aperfeiçoamento profissional, desconhecimento por parte dos professores de metodologias de ensino para alunos surdos e falta de recursos didáticos tecnológicos para atender as necessidades de aprendizagem de alunos surdos.
1. A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO A INCLUSIVA NO MUNICÍPIO DE SORRISO-MT
O Município de Sorriso/MT, localiza-se no Estado de Mato Grosso, na Região Alto Teles Pires (médio norte do Estado), criado em 03 de março de 1989 e conta com três distritos sendo Boa Esperança, Caravágio e Primavera. Sua principal economia é a Agricultura, sendo denominada “A Capital Nacional do Agronegócio” pela Lei Federal 12.724/2012. De acordo como o Censo do IBGE no ano de 2015 o número de habitantes é de aproximadamente 80.298 mil habitantes. Conforme o censo de matrícula de 2015 a rede municipal de Sorriso/MT tem 32 escolas na rede municipal de ensino com 9.055 mil alunos.
A política nacional de educação inclusiva, propõe-se que os sistemas educacionais sejam responsáveis pela criação de condições que promovam uma educação de qualidade para todos, além de fazer adequações que atendam às necessidades dos alunos com deficiência auditiva. No município de Sorriso o processo de inclusão no sistema municipal de ensino é orientado pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), tem por objetivo promover o desenvolvimento de Educação Inclusiva garantindo a entrada de forma participativa na mediação dos alunos surdos altas habilidades/superdotação, promovendo a acessibilidade nas escolas regulares, respeitando suas necessidades específicas, oportunizando uma melhor qualidade de ensino e aprendizagem de todos os alunos.
A política de educação inclusiva do Munícipio de Sorriso se fundamenta pelo Plano Nacional de Educação (PNE 2012-2022) – Plano Municipal de Educação, que propõe metas para serem alcançadas gradualmente neste período. Antes do lançamento do referido plano nacional de educação o Município de Sorriso já havia criado sua política de educação a alunos com deficiência, transtorno global de desenvolvimento com a criação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) liderado por um grupo de pais que tinham filhos com algum tipo de deficiência, em 18 de Março de 1989. Mais tarde em 2004, já em sua sede própria a Escola Especial Sorriso Esperança do Amanhã, atendia 110 alunos, na faixa etária de 10 meses a 47 anos.
No ano de 1999, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio 13 de Maio deu início aos alunos com deficiência em uma sala de recursos provisória, ocorrendo a autorização de funcionamento da Sala de Recursos - Parecer n 098/000.
Em fevereiro de 1999, atendendo quatorze alunos com deficiência auditiva. No ano de 2004, passam a receber atendimento de sala de recursos cinquenta e quatro alunos com deficiência compreendendo duas turmas de Sala de Recursos turma de Classe Especial. Atualmente o Município de Sorriso tem 171 (cento e setenta e um) alunos matriculados em salas instaladas nas escolas municipais. O município mantém uma sala de recurso na rede estadual e outra sala na rede particular e uma no IFMT – Instituto Federal de Mato Grosso.
O Município de Sorriso fundamenta o seu Plano Municipal de Educação no Plano Nacional que segundo os princípios políticos, sociais e educacionais que visa oferecer condições eficazes as escolas para promover a equiparação de oportunidade e valorização da diversidade no contexto escolar.
A política de Inclusão dos Alunos de Sorriso/MT é baseada conforme a lei resolutiva Nº 04/2009 do Conselho Nacional de Educação – CNE que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Através Decreto Nº 7.611/2011, o município cria o Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em Sala de Recurso Multifuncionais, AEE tem por objetivos prestar serviços à Educação Especial desenvolvidos na rede municipal de ensino, no qual organiza recursos pedagógicos de acessibilidade que eliminem as barreiras encontradas pelos alunos para a sua plena participação e desenvolvimento na educação.
No Atendimento Educacional Especializado aos alunos que segundo o Art. 4º da Resolução 04/2009 como público alvo da Educação Especial por terem deficiência de natureza física, intelectual ou sensorial, os alunos com TGD (Transtorno Global do Desenvolvimento), TEA (Transtorno do Espectro Autismo) e os alunos com altas habilidades/superdotação de acordo com o Projeto Político Pedagógico de cada escola da rede municipal. O acesso ao ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização oferece tecnologia assistiva – TA adapta e produz materiais didáticos e pedagógicos de acordo com a necessidade de cada aluno disponibiliza aos aluno com altas habilidades a ampliação e suplementação curricular; para o aluno com Surdez a LIBRAS, Língua Portuguesa na modalidade escrita Sistema Braille, Sorobã, orientação e mobilidade com a utilização de recursos para alunos com cegueira ou baixa visão desenvolvimento de processos mentais.
O acesso do aluno ao Atendimento Especializado é realizado através de avaliações de uma equipe multidisciplinar que conta com: psicóloga, psicopedagoga e pedagoga e se necessário, busca-se demais profissionais da saúde como: a a fisioterapeuta, o fonoaudiólogo, a neurologista entre outros profissionais que auxiliam e possibilitam em reconhecer as características pessoais e de desenvolvimento do aluno.
Quando falamos em incluir, não é apenas inserir um indivíduo em um espaço social e sim ferramentas e espaço para interagir, trabalhar, estudar e formar família da mesma maneira que todas as outras pessoas. É garantir o direito a igualdade social sem preconceitos a essas pessoas.
Estamos incluindo nesta sociedade humana pelo princípio da identidade, mas podemos ser excluídos pelo princípio da diversidade. Aí reside nossa contradição. Temos de discutir a inclusão, porque há uma sociedade excludente, que dicotomiza identidade e diversidade. (LIMA, 2006 p. 20).
De acordo com a SEMEC, o município de Sorriso /MT tem avançado no processo de Inclusão Escolar, com diversas ações, como a formação continuada de professores trabalhando com grupos de estudos (GE) em calendário preestabelecido pela SMEC e pela própria escola. A capacitação o aperfeiçoamento de intérpretes LIBRAS através dos cursos básicos e avançados com acompanhamento da instrutora reconhecida pelo MEC e avaliações trimestrais para análise de desempenho, e no aperfeiçoamento de estagiários.
A equipe de coordenação de Educação Especial faz acompanhamento nas escolas; quanto à escola acessível. A SMEC acompanha as escolas da rede através de como determina as notas técnicas estabelecidas pela esfera federal que orienta o atendimento especializado.
Propõe-se que os sistemas educacionais sejam responsáveis pela criação de condições que promovam uma educação de qualidade para todos, além de fazer adequações que atendam às necessidades dos alunos com deficiências auditivas. A política nacional de educação inclusiva é concretizada ou não em cada município e respectivas escolas de seus sistemas de ensino.
2. METODOLOGIA DA PESQUISA
Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar o processo de inclusão dos alunos com deficiência auditiva em uma escola da rede municipal de Sorriso/MT, conhecer as dificuldades dos professores de Língua Portuguesa para trabalhar com alunos deficiência auditivas, além disso em observar a metodologia usada pelos professores para o aluno com deficiência auditiva, verificar a existência de serviços da educação especial garantidos a estes alunos para suporte e apoio ao seu processo de ensino aprendizagem.
Os participantes desta investigação foram professores de Língua Portuguesa identificados por (PL1, PL2, PL3): uma interprete de Libras (ILB) e uma coordenadora do Departamento de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Sorriso (CE). Coordenadora de educação inclusiva totalizando cinco entrevistados.
A coleta de dados foi feita por meio de questionários com perguntas semiestruturadas, por observações direta do contexto escolar com foco no processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva na escola campo da pesquisa.
Durante o período de estágio curricular I, realizada na referida escola, funcionam duas salas de recursos para atendimento educacional especializado (AEE), com a finalidade de complementar o trabalho da sala de aula comum, porém voltado a especificidade do aluno, através de vários recursos didáticos como o uso tecnológico e ensino de LIBRAS. Atualmente, são matriculados regularmente na escola quatro alunos com surdez.
2.1 Dados Coletados
O levantamento dos dados foi feito por meio de entrevistas com professores da rede municipal de ensino com o enfoque na qualidade sobre os procedimentos feitos para a inclusão de alunos com deficiências auditivas em Sorriso/MT.
Foram feitas as coletas de dados em uma escola da rede pública municipal, localizada no bairro Jardim Aurora na Perimetral Noroeste, número 1.270, que atende a alunos surdos em classes especiais e regulares, os sujeitos da pesquisa que observados eram alunos com surdez do ensino regular do ensino fundamental.
E como sujeitos da entrevista foram os professores de LIBRAS e com a coordenadora pedagógica do município. As entrevistas foram realizadas dentro da escola com os docentes interpretes e com a coordenadora na secretaria de educação da cidade de Sorriso.
Aos professores de Língua Portuguesa foi perguntando como vem ocorrendo a inclusão do aluno surdo e se os professores de Língua Portuguesa sentiam alguma dificuldade para trabalhar com alunos com surdez.
Acontece de forma muito lenta, faltam profissionais capacitados na área para que ocorra uma inclusão de qualidade no município. (LP1). Em algumas escolas tem sala de aula separada para um reforço contra turno, a inclusão em sala deixa um pouco a desejar, pois o aluno é colocado muitas vezes em uma sala com mais de 30 alunos. (LP2).
Os alunos têm as estagiárias que os acompanha em sala de aula, na realização das atividades. (LP3).
As dificuldades para os professores é adequar certo conteúdo à linguagem do aluno com surdez. As dificuldades são atribuídas tanto à deficiência como também, não haver profissionais devidamente competente para essa função. (LP1).
A maior dificuldade é a comunicação, pois não dominamos LIBRAS perfeitamente para ter uma comunicação satisfatória e outro fator é a quantidade de alunos em sala. (LP2).
As dificuldades são a relação na comunicação intermediar a interação do aluno com os demais alunos. (LP3).
Os professores avaliam que a inclusão é um processo que corre lentamente pois são muitas as dificuldades, como falta de profissionais habilitados na área de deficiência auditiva para atender as necessidades específicas dos alunos, há carência de professores de LIBRAS.
Entretanto, a maior parte dos surdos atendidos no Brasil não têm podido ter acesso a uma escolarização que atente para suas necessidades linguísticas, metodológicas, curriculares, sociais e culturais. Os surdos encontram-se em classes/escolas especiais que atuam em uma perspectiva oralista, as quais pretendem em última análise que o aluno surdo comporte-se como um ouvinte, lendo nos lábios aquilo que não pode escutar, falando, lendo e escrevendo a Língua Portuguesa. Ou em escolas regulares, inseridos em classes de ouvintes nas quais, novamente, esperasse que ele se comporte como um ouvinte acompanhando os conteúdos preparados/pensados para as crianças ouvintes, sem que qualquer condição especial seja propiciada para que tal aprendizagem aconteça (LACERDA,2009, p.2).
Quando questionados sobre as alternativas na contratação de estagiários para o acompanhamento do aluno, sendo que a maioria destes, não tem formação adequada. Uma vez que as dificuldades apresentadas para os professores é adequar o conteúdo e o material à linguagem do aluno surdo.
As dificuldades são atribuídas tanto à deficiência como também, não haver profissionais devidamente competente para essa função (LP1).
A maior dificuldade é a comunicação, pois não dominamos LIBRAS perfeitamente para ter uma comunicação satisfatória e outro fator é a quantidade de alunos em sala (LP2). As dificuldades são a relação na comunicação intermediar a interação do aluno com os demais alunos (LP3).
Nota-se que os professores afirmam que enfrentam muitas dificuldades para trabalhar com o aluno deficiente auditivo uma delas é a falta de conhecimentos na aprendizagem, a falta de comunicação como o aluno e para mediar a interação do aluno surdo como os demais colegas de turma. Outra barreia é o domínio da LIBRAS pelos professores como também, realizar adaptações do conteúdo adequando-o ao nível de compreensão do aluno. Conforme a Portaria nº 3.284, de 7 de novembro de 2003, apontada pelas Diretrizes Nacionais (2001).
A educação especial na educação básica está diretamente ligada aos programas de formação inicial do professor e está deverá incutir em todos os professores uma orientação positiva sobre a deficiência que permita entender o que se pode conseguir nas escolas com serviços locais de apoio de forma que seja proposto “aos professores acesso a literatura e informações sobre a especificidade linguística do portador de deficiência auditiva. (BRASIL 2001 p.16)
Além das salas de aulas terem o elevado número de alunos, quando a lei determina que em classes em processo de inclusão deve-se ter no máximo vinte e três alunos, em que dois destes com o mesmo tipo de deficiência ou correlata que implique em mesmo comprometimento como um surdo e um com deficiência auditiva.
Interrogamos aos professores sobre qual metodologia que usavam para trabalhar com a disciplina Língua Portuguesa com aluno com deficiência auditiva?
Como tem o profissional que acompanha o aluno com surdez em sala de aula desconheço LIBRAS a intermediação acontece por meio da escrita, quando esse já se encontra alfabetizado, do contrário procura-se assimilar ao conteúdo usando imagens ou figuras. (LP1).
Além dos conteúdos propostos sempre procuramos matérias de apoio, todas as atividades são feitas com o auxílio da estagiária. (LP2).
A escrita e a oral é claro juntamente com um interprete em sala de aula, daí quando não existe interprete na escola os professores tem que se virar com a oralidade através de figuras e imagens. (LP3)
Observa-se que alguns professores não se preocupam em se comunicar com o aluno com deficiência auditiva, justamente por terem um intérprete na sala. Nota-se que os regentes da disciplina se acomodam e são convictos de que não precisam saber LIBRAS. Outro ponto importante percebido, é a falta de conhecimento sobre o papel do intérprete na sala de aula. Os professores, algumas vezes, não compreendem que a função do intérprete é apenas mediar a comunicação. É preciso entender que o professor é o principal responsável pelo aprendizado do aluno. Alguns professores se interessam em se comunicar e procuram através de imagens, gravura e gestos estabelecer algum vínculo.
Segundo as entrevistadas, as dificuldades enfrentadas para se trabalhar com o aluno surdo, vão muito além da falta de comunicação entre professor e aluno surdo. Outro grande obstáculo é aprendizagem do aluno, que requer a adoção de uma metodologia essencialmente imagética, com ilustrações, com desenhos, como fotografias, maquetes, filmes e observação do real.
Perguntamos aos professores se recebiam alguma orientação para trabalhar com o aluno com deficiência auditiva, um dos três professores de Língua Portuguesa respondeu: “que não recebia orientação “geralmente só tenho conhecimento que o aluno é especial nos conselhos de classe” (LP1).
Assim, para nos fortalecer na pesquisa, recorremos a mais informações e notamos que a Secretaria de Educação Municipal oferece periodicamente cursos de capacitação para os professores. Mas, os mesmos ainda reclamam de falta de preparo para trabalhar com aluno com deficiência, principalmente, surdez.
No entanto, nem todos participam ou tem interesse em participar dos cursos ofertados como formação continuada, mas reivindicam mais investimento em cursos de LIBRAS para instrumentalizar mais interpretes parece que há uma transferência de responsabilidade do professor em trabalhar com o surdo para o intérprete.
Além do interprete também consideram necessária a existência de matérias didáticos adaptados. É necessário que a formação inicial possibilite discussões sobre a inclusão dos diferentes alunos público da educação especial que hoje fazem parte da escola comum e em se tratando do aluno surdo. A LIBRAS deve ser inserida na formação inicial do professor conforme determina.
O Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005: LIBRAS deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores. A fim de que haja uma interação entre todos os alunos na rede de ensino, é necessário que os docentes possuam formação para que possam contemplar a metodologia de conhecimentos para se aborda na disciplina da Língua de Sinais, tento uma concepção que a língua de sinais possui gramaticas diferentes do português. Por outro lado, o docente precisa ter uma visão de como poderá mediar o ensino para com os deficientes auditivos para que o mesmo tenha um olha de docente inclusivo.
E para compreender a função do intérprete em sala de aula, perguntamos se os professores contavam com a atuação do intérprete na sala de aula e qual seria função dele?
(LP3): Sim, conto com a ajuda do intérprete, porém seu auxílio estagiário. É limitado ao pouco conhecimento de LIBRAS.
(LP2): Sim, contava com a ajuda do intérprete, tinha um bom desempenho com LIBRAS, mas não dominava o português daí complicava um pouco.
(LP3): Nem sempre existe intérprete em salas de aulas, mas quando existe esse profissional é de suma importância a sua participação principalmente para ajudar os alunos surdos e os professores de cada área em suas aulas.
(LP1): O trabalho do interprete é mediar conhecimento transmitido pelo professor de Português.
(LP2): Ser um intermediário entre o professor e aluno.
(LP3): É muito importante ter um interprete em sala de aula, em cursos, palestras e et, eles auxiliam cada profissional a conversar, passar aquilo que deseja para um aluno surdo.
Diante dos excertos notamos que os professores consideram a atuação do intérprete de grande necessidade e a importância para a comunicação com o aluno surdo. Embora a política da educação inclusiva assegure a contratação de interprete para cada aluno surdo, nem todo aluno conta com este profissional.
A tradução requer do interprete não só domínio desta língua, mas, sobre tudo um conhecimento do conteúdo trabalhado para que o compreenda e transforme em sinais com tal rapidez, na simultaneidade da velocidade da fala do professor. Assim, não é suficiente apenas saber LIBRAS, e sim conteúdos gerais.
Uma professora entrevistada observa que seu intérprete não sabia a Língua Portuguesa e isso dificultou na explicação quando transmitida ao aluno. Assim, dialogando com Quadros (2004) aponta que
Todo o intérprete deverá ser fluente em LIBRAS e Português (Expressão e recepção). Isto é, deverá ser capaz de traduzir ou interpretar e de fazer versão de e para LIBRAS, de e para Português. Sugere-se que o intérprete aprenda outras línguas (sinais e/ou orais) (QUADROS 2004. P. 94).
Também questionamos se na escola havia sala de recursos e se o aluno recebia atendimento especializado?
(LP1): Não, eles não têm assistência porque não há sala de recursos na escola regular onde eu trabalho.
(LP2): Na época em que eu trabalhei no município não recebia.
(LP3): Em alguns casos sim, são atendidos em sala de recurso, com professores habilitados para trabalhar na sala de recurso mas devíamos ressaltar que o interprete sempre acompanha o aluno surdo em seus deveres: aulas, avaliações estudos e trabalhos extras na sala e em apresentações de trabalhos.
Observa-se que há uma discordância entre as falas dos pesquisados com o decreto em que segundo a Lei n° 6.571 de17/9/2008 2008, a escola que tiver alunos com deficiência e outros problemas que caracterizam alunos da Educação Especial, deve ofertar atendimento específico em sala de recursos com professores especializados. O Município de Sorriso, ainda que conhecedor das leis e direitos dos alunos com problema de audição não consegue suprir toda a demanda de interprete e professor especialista em Educação Especial.
Os participantes foram questionados sobre quais competências do aluno surdo deve ter para ser promovido na disciplina de Língua Portuguesa? Quais critérios usavam como parâmetro para avaliar a competência e conhecimento do aluno surdo?
(PL1): Os critérios usados são compressão em interpretação mediada através do interprete e também o seu desenvolvimento na disciplina [...] Ele precisa saber interpretar, construir textos e si comunicar dentro de suas limitações
(PL2): Leitura e interpretação [...] o aluno com qualquer tipo de deficiência não pode ficar retido na disciplina
(PL3): Conhecimento, rendimento escolar e participação. [...] A verdade é que não podemos reprovar o aluno, mesmo que ele não tenha tido nenhum progresso mas terá que ser promovido.
Os professores reconhecem que os alunos com deficiência auditiva não apresentam competências na produção textual, na leitura e compreensão. Parece que a grande angustia é aprová-los na disciplina de Língua Portuguesa, mesmo que não tenham tido nenhum avanço.
É preciso compreender que algumas dificuldades são caraterísticas do surdo, mas isso não anula alguns elementos que devem ser avaliados na produção do surdo, como sentido, coerência e organização do pensamento, ainda que não use elementos de ligação, como preposição, correspondência entre gênero e artigo, não flexão de verbo. Mas, é necessário que o aluno surdo saiba ler e escrever, conforme defende Meirelles e Spinillo (2004)
Dentre as principais orientações dirigidas a estes professores, pode-se salientar a postura de professor pesquisador, o qual estuda diariamente, na maneira como irá projetar suas aulas para atender uma demanda de alunos. Ser docente requer muita paciência, não existe uma fórmula pronta a ser trabalhada ou respostas infalíveis para as perguntas que surgirão.
É preciso saber lhe dar com as situações inesperadas em sala de aula, é preciso compreender o aluno em sua necessidade seja ele especial ou não. É preciso considerar a heterogeneidade das turmas de educação especial, pode se indicar a distribuição dos alunos com necessidades especiais, nas diferentes turmas, levando em conta os princípios da educação para a diversidade. Para Meirelle e Spinillo (2004):
O importante é desenvolver as habilidades textuais dos surdos, diminuindo a distância entre eles e os ouvintes quanto a este aspecto. Isso se torna crucial quando se considera o papel de destaque conferido ao texto no processo educacional, como enfatizado amplamente nos PCN de Língua Portuguesa (Brasil, 1997), não se devendo deixar os indivíduos surdos à margem deste processo. Desenvolver a habilidade de produzir textos é tornar os surdos aptos para comunicação através da escrita, instrumento este de inegável importância social, linguística e cognitiva (MEIRELLE, V.; SPINILLO,2004, p.142).
Dessa maneira questionou-se sobre a aprendizagem do aluno surdo, de que maneira se discute entre os demais professores e suas dificuldades são atribuídas a que atribuem a deficiência ou também a outros fatores?
(PL1): Sim, é discutida entres os professores, e são atribuídas a tal defasagem que se dá pela falta de recursos, mas não é atribuída à deficiência auditiva e sim à falta de um ensino adaptado para esse público.
(PL2): Sim, geralmente a quantidade de alunos em sala, pois nos “jogam” algo novo, nos deixam uma preocupação e ainda querem ver rendimentos.
Considerando a importância que o professor de LIBRAS tem na escolarização no processo de aprendizagem do aluno com deficiência auditiva, é este profissional que apresenta maior percepção dos obstáculos enfrentados pelo aluno e professores, perguntamos a este, quais as maiores dificuldades dos professores de Língua Portuguesa com estes alunos e obtivemos a seguinte resposta.
(CE). Coordenadora de educação inclusiva quando é falado no quesito ensino de português para alunos surdos, a primeira dúvida é se o ensino é feito da mesma maneira que para o aluno ouvinte. Muitos professores por não buscarem conhecimento sobre o ensino da Língua Portuguesa para o deficiente auditivo tem visão equivocada de como ele aprende.
Percebemos que uma resposta de um dos entrevistados relatou que existe dúvida quando a aprendizagem da Língua Portuguesa ao aluno surdo e, considerando que sua formação deve ocorrer numa perspectiva bilíngue, assim devera aprender a segunda língua, respeitando e compreendendo suas dificuldades características.
O pressuposto básico é de que os surdos devem adquirir como língua materna a língua de sinais; e como segunda língua, a língua oral oficial de seu país; no caso do Brasil, o português. Os surdos bilíngues seriam então, moralizados e, ao mesmo tempo, usuários da língua de sinais. (MOURA e HARRISON, 2010)
Se analisarmos o contexto histórico da educação de surdos, chegaremos à conclusão que a aprendizagem para os surdos está sendo bastante favorável. Os professores estão recebendo, ainda de forma rápida, mas necessária, uma preparação a fim de receber de forma adequada estes alunos surdos em sala regular de ensino, pois muitos não possuem nenhuma capacitação em LIBRAS. Uma das metodologias são o ensino de LIBRAS, com estudos, pesquisas e vivências que mostraram que tornar uma escola Bilíngue é a melhor maneira e para alfabetização do aluno com surdez, ou seja, fazer das LIBRAS uma mediadora no ensino de Língua Portuguesa que é a língua falada em nosso país.
[...] Alguns estudiosos aceitam a ideia de que a língua de sinais pode atuar como um apoio para a oralidade, de maneira que a combinação de ambas as modalidades possa garantir formas de comunicação mais eficientes, Ideia está amplamente aceita entre os partidários da comunicação bimodal, também denominada Comunicação Total (MOUA E HARRISON, 2010, P 24).
Quando é falado de como se pode mediar o ensino para o aluno com deficiência auditiva ouvimos que é bem diferente do que se espera o espera. Um exemplo é a escrita de um aluno que ouve para um alunos que é surdo exemplo: “Comprar futuro eu carro” (Surdo) e “Eu comprarei um carro (ouvinte)”. Nota-se que a estrutura da LIBRAS se diferencia da Língua Portuguesa dificultando sua compreensão para o aluno surdo, como aponta os teóricos
A proposta didático-pedagógica para se ensinar português escrito para os alunos com surdez orienta-se pela concepção bilíngue - Libras e Português escrito, como línguas de instrução destes alunos. A escola constitui o lócus da aprendizagem formal da língua Portuguesa na modalidade escrita, em seus vários níveis de desenvolvimento. Na educação bilíngue os alunos e professores utilizam as duas Línguas em diversas situações do cotidiano e das práticas discursivas. (ALVES, DAMÁZIO, FERREIRA, 2010, p.18)
É necessário ter clareza de que a Língua Portuguesa possui uma escrita e que é uma segunda língua do deficiente auditivo, sendo necessário desempenhar um trabalho com eficiência e para conseguir alcançar o objetivo maior que apenas alfabetizar o aluno surdo.
A Libras é o alicerce para que o deficiente auditivo aprenda a escrever e a ler em português. Para que o aluno se alfabetize na língua portuguesa, ele primeiro tem que ser alfabetizado em sua língua materna a LIBRAS e o professor para mediar o ensino e aprendizagem da língua portuguesa como segunda língua para os surdos, deve conhecer a LIBRAS e suas estruturas linguísticas.
Entende-se que a partir daí que a maior dificuldade encontrada é o professor conhecer a estrutura linguística da LIBRAS sendo ele um professor bilíngue apto a contribuir para o ensino da Língua Portuguesa ao aluno surdo. Considerando que a professora de LIBRAS é grande conhecedora do processo ensino aprendizagem do aluno com deficiência auditiva e, portanto, pode melhor avaliar a prática pedagógica dos professores e ainda, apontar quais recursos poderiam potencializar a aprendizagem desta aluno.
Então, perguntamos qual metodologia de ensino para se trabalhar língua portuguesa com aluno com deficiência auditiva?
(PL2): Utiliza-se de uma metodologia que estimula vivencias e que levem o aluno a aprender a prender, propiciando condições essenciais de aprendizagem dos alunos com surdez na abordagem bilíngue Através de rodas de conversa, materiais concretos, imagens, maquetes, construção de conceitos. Além dos aspectos formais da Língua Portuguesa, envolvendo sua estrutura gramatical. Somente a metodologia bilíngue atende as necessidades de aprendizagem do aluno.
Refletir sobre a inclusão não é somente com o objetivo de socializar o aluno com deficiência e sim inserir em um ambiente de aprendizado contínuo e mútuo, desenvolvendo suas capacidades cognitivas e emocionais de uma maneira qualitativa, transformando este aluno em ser pensante e ativo perante a sociedade.
E quando questionados sobre a forma como se avalia a inclusão do aluno surdo na escola regular? Por quê? Um dos pesquisados responde:
(PL2): “Inclusão” só tem sentido e significado, quando há a participação ativa e convivência do surdo, em qualquer grupo social. Na escola, só há inclusão se o aluno tem rendimento escolar durante o processo ensino-aprendizagem. Não basta somente a presença do aluno em sala de aula, pois, sem interação com o professor, sem aprendizagem, sem aquisição de conhecimento, sem ciência, sem cultura, não se pode falar em inclusão. Vamos colocar o termo integração que é o que vemos hoje como realidade nas escolas.
E para complementar sobre o ensino perguntamos o que consideravam necessário para o professor de Língua Portuguesa trabalhar com o aluno surdo?
(PL2): O que se observa é que muitos professores não procuram se capacitar na área, pelo fato de não serem professores de educação especial. Outros não tem interesse, muitos dizem achar difícil decorar sinais, tem dedos duros. Outros por não ter tempo. O professor precisa conhecer e compreender a língua do aluno surdo e as várias maneiras de expressões que ele utiliza. Além disso, é importante sua participação em cursos de capacitação que possibilitem aprender a LIBRAS e assim, consiga ensinar a Língua Portuguesa de maneira que esses discentes assimilem de forma satisfatória a segunda língua.
Não há dúvidas sobre à necessidade e importância da mediação do intérprete, para traduzir a disciplina Língua Portuguesa para o aluno com deficiência auditiva. O emprego de metodologias de ensino que privilegiem a visualização de imagens e fundamental. Porém, parece imprescindível o professor conhecer LIBRAS, não apenas para se comunicar com o aluno, mas é condição necessária para ensinar Língua Portuguesa a este aluno.
Considerando a importância do acolhimento do aluno no ambiente escolar, por seus colegas e professores não só para o bem-estar, mas também, pela influência que isso tem para a aprendizagem, nos interessou saber como reagem os professores a receberem em sua sala de aula alunos surdos.
(PL2): Percebe-se ainda rejeição por parte de alguns professores, não podemos generalizar, mas muitos os recebem como se fosse um problema para ele, com muitos questionamentos de como ensinar? Como vou compreender este aluno? Mas, poucos procuraram conhecer a língua deste aluno e que metodologias podem usar para favorecer um ensino de qualidade a ele.
Percebemos que muitos professores reagem com uma certa rejeição ao aluno com deficiência auditiva os veem como um fardo e acreditam não serem capazes de ensiná-lo uma das formas de nega-lo não querer aprender sua língua.
Ao perguntarmos como avaliam a capacidade de aprendizagem do aluno com deficiência auditiva na escola comum, a maioria dos professores afirmam que estes alunos não desenvolvem, apenas copiam o que lhe és proposto.
Os professores avaliam que o benéfico da escola comum para o aluno surdo é a socialização quando alguns colegas os compreendem e ocorre interação entre eles. Parece que esta relação não tem valor ao se considerar que este aluno não interage com o currículo, ou seja, não acessa o mesmo para ocorrer a aprendizagem.
(PL2): Sem produtividade, muitos dos alunos surdos ficam na escola somente como copistas, em interação social com alguns que os compreendem, mas, sem nenhuma interação com currículo escolar partindo do pressuposto de adquirir conhecimento.
Segundo as informações da Coordenadora Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Sorriso há sete alunos com surdez dois deles possuem implante coclear, três tem perda auditiva em graus variados e utilizam aparelho para aplicação. A rede escolar conta com duas professoras de Educação Especial que trabalham na sala de recursos multifuncional. Ainda não tem intérpretes com Atesto e Credenciamento em proficiência em LIBRAS ofertado através da SEDUC ou pelo MEC- Ministério da Educação, são estagiários que recebem orientações e um curso básico para auxiliar os alunos com surdez em sala de aula regular.
Quanto a formação continuada em LIBRAS para os professores da sala regular a Secretaria Municipal de Educação oferece duas formações por ano aberta a todos os interessados (professores, familiares e outros). Neste ano de 2016, ocorreu uma parceria entre a SEMEC – Secretaria Municipal de Educação e Cultura e o IFMT – Instituto Federal de Mato Grosso, para a realização do curso de Libras, que teve início em 15 de agosto de 2016, com carga horária de 180 horas, ministrado pela intérprete do Instituto.
Consideramos como instrumentalização para professor de Língua Portuguesa e de demais áreas. O recurso disponibilizado a escola é apenas pessoas como estagiários, contratados para atuarem como mediadores na comunicação entre aluno surdo e professor, aluno surdo e colegas e, facilitadores da aprendizagem não se tem outros, como tecnológicos imagéticos, filmes, programas computacionais específicos e outros aparelhos disponíveis no mercado.
(SC1): Em relação à aceitação do aluno com deficiência auditiva e reação do professor diante do desafio de ter este aluno em sua sala de aula, a coordenadora considerou que “no início, os professores se sentem inseguros, mas ao conhecerem o aluno o trabalho flui com mais facilidade, mesmo existindo dificuldades de comunicação e compreensão”.
Questionada sobre quais as maiores dificuldades encontradas pelos professores de Língua Portuguesa ao trabalhar como o aluno com deficiência auditiva a coordenadora fez a seguinte observação “que é preciso considerar o surdo tendo este a libra como a sua língua materna ou primeira língua, sendo o português a, como prevê a Lei nº 10.436/02 e o Decreto nº 5.626/05”.
Perguntamos se os alunos com deficiência auditiva se apropriam ou construíram conhecimentos na sala comum, considerou que a maior dificuldade é a defasagem no nível de aprendizagem por faltas pedagógicas, pessoais/familiares, entre outras, que geram muitas dificuldades na sala de aula regular.
Não é apenas a perda de audição que traz comprometimentos ou limitações, mas é preciso considerar outras determinantes que influenciam fortemente de forma positiva ou negativa, qualquer criança, mas especialmente quando se trata de uma com deficiência auditiva. Dentre vários fatores destacamos o contexto familiar, a relação afetiva, a qualidade dos estímulos, independentemente de que canal de comunicação se use.
O contexto social e a condição econômica também têm grande influência na experiência de contato, apreensão e compreensão do mundo, mesmo pelo canal e outros sentidos. O fato de fundamental importância para a escolarização e a introdução da criança na LIBRAS, simultaneamente da escrita da Língua Portuguesa, assim também deve-se considerar a capacidade cognitiva do mesmo.
Então, perguntamos a coordenadora o que seria necessário para a inclusão do aluno surdo no ensino regular.
(CE1) Coordenadora de educação inclusiva. “Que o processo de alfabetização do aluno surdo acontecesse através da Língua de Sinais, isso facilitaria o processo de ensino-aprendizagem do aluno com surdez e também a aprendizagem da Língua Portuguesa na modalidade escrita”.
Quando o ensino de LIBRAS e a Língua Portuguesa ocorrem de forma isolada, o aluno não consegue entender o que está escrito, ou melhor qual o significado da palavra grafada, produzimos assim o aluno “copista “, que não sabe o que escreveu, é apenas um mero exercício mecânicos e exaustivo, sem qualquer contribuição para a aprendizagem.
É de fundamental importância e premente necessidade alfabetizar e letra o aluno, caso contrário sua escolarização está fadada a ser interrompida nos anos subsequentes ao ensino fundamental. Desta forma, de nada adiantam as inúmeras leis que garantem o direito a escolarização do aluno, é preciso que as escolas sejam muito mais que uma pequena possibilidade de se ampliar as relações sociais, é preciso que nela, o aluno com deficiência auditiva aprenda.
Em relação à formação do professor de Língua Portuguesa para trabalhar com aluno surdo, a coordenadora apontou como necessário:
(CE1) Coordenadora de educação inclusiva “que ele tenha conhecimento (um curso básico) da Língua de Sinais e que, este professor considere que o principal canal de aprendizagem e comunicação do aluno surdo é visual; que a sua língua materna é gestual-visual. Dentre estas observações, que aula seja atrativa e com estratégias de ensino diferenciadas, utilizando muitas imagens e exemplos concretos. Todos os questionários aplicados foram de cunho qualitativo com enfoque na análise de possíveis problemas relacionados a inclusão de alunos surdos.
De acordo com a SMEC, o município de Sorriso/MT traz avanços quanto ao processo de inclusão do aluno com surdez com diversas ações como: a formação continuada de professores nas escolas, em que se trabalha em grupos de estudos (GE) seguindo um cronograma preestabelecido pela SMEC e pela própria escola. Essa capacitação e aperfeiçoamento de intérpretes de LIBRAS ocorre através de cursos básicos e avançados, com acompanhamento da instrutora reconhecida pelo MEC e avaliações trimestrais para análise de desempenho, no aperfeiçoamento de estagiários. Os projetos de formações realizados aos sábados para possibilitar a participação de todos, como também para estudos sobre ética, postura profissional e estudos de casos.
Em nossa análise do processo de inclusão dos alunos surdos na escola da rede Municipal de Ensino de Sorriso-MT, podemos perceber que segundo nossos entrevistados, acontece de forma muito lenta, com muitas dificuldades e defasagens no processo de aprendizagem devido a vários fatores.
Os entrevistados apontam como uma das maiores dificuldades estar em desenvolver seus trabalhos com qualidade, por não haver profissionais capacitados para desenvolver a comunicação entre surdos e ouvintes. Segundo as entrevistas, notamos que a escola apresenta poucas salas de reforço adaptadas para as necessidades dos alunos, o número excessivo de alunos por turma e a falta de materiais didáticos adaptados para eles.
Sobre a metodologia utilizada pelos professores de Língua Portuguesa em sala de aula, os entrevistados afirmam que como tem, na maioria das vezes um intérprete em sala eles não tem conhecimento da LIBRAS. Quando não tem o profissional capacitado em sala, os professores utilizam de recursos visuais para realizar a comunicação e o ensino aprendizagem dos surdos da língua portuguesa na modalidade oral e escrita.
Nossos entrevistados ainda apontam um problema muito grande nas escolas, a relação dos alunos surdos com os ouvintes. Eles percebem que o processo de inclusão ainda está longe de ser o ideal, pois há rejeição dos ouvintes pelos surdos talvez pela dificuldade de se estabelecer uma comunicação efetiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entende-se que a inclusão de alunos com deficiência auditiva favorece não só ao próprio aluno, mas aos demais, pois a escola está comprometida com seus objetivos fundamentais em priorizar o aprendizado para todos, através de novas estratégias de ensino, utilização de recursos midiáticos e matérias específicos favorecendo a aprendizagem de todos.
A verdadeira transformação dos sistemas de ensino e de suas escolas só será possível com o reconhecimento da diversidade humana presente na sala de aula, para que assim possamos considerar os direitos de aprendizagem de todos. E para que isso ocorra é necessário que haja a participação de todos, com práticas inovadoras e um ensino contextualizado, possibilitando a construção de conhecimento.
Dessa forma, a equipe escolar deve ter conhecimento necessário para que consiga lidar com as diferenças, deve ter conhecimentos para se pensar e organizar os métodos curriculares para que possa de fato acabar as diferenças de seus alunos, respeitando seu ritmo e buscando superar suas dificuldades. A dificuldade das escolas em receber os alunos surdos nas escolas de forma inclusiva e atender necessidades pedagógicas, cabe aos futuros profissionais da educação a função de pesquisar, fundamentar e reestruturar o processo de aprendizagem da escrita dos alunos surdos.
Assim, como o respaldo voltado para o aluno deficiente auditivo, compreende-se que o sistema educacional do município de Sorriso, não se encontra totalmente com estruturas para que que possa oferecer esse tipo de serviço educacional aos alunos com deficiência em geral em especial ao aluno surdo, com foco principal tento em vista o ensino público de Sorriso-MT.
Entende-se também que o termo inclusão não pode ser só de interesse apenas dos alunos com deficiência auditiva, pois já que uma vez que ele está regulamente inserido na educação na sala de aula o mediador precisa também da ajuda da instituição com procedimentos novos de ensino e de novas práticas de ensino/pedagógico para que aja mudanças e evoluções no modo de avaliar e promover esses alunos com deficiência auditiva para séries e níveis de ensino mais avançados da educação.
O processo de inclusão de alunos surdos na rede municipal de Sorriso/MT enfrenta grandes obstáculos para sua concretização conforme determina a Política Nacional de Educação Inclusiva e Plano Municipal de Educação, como a falta de capacitação dos professores de Língua Portuguesa e em LIBRAS, carência de intérpretes de LIBRAS e formação continuada para aperfeiçoamento profissional, desconhecimento por parte dos professores de metodologias de ensino para alunos surdos e falta de recursos didáticos tecnológicos para atender as necessidades de aprendizagem destes alunos.
Compreende-se também, que as unidades escolares educacionais no qual todos os alunos inclusos com deficiências auditivas possam ter a possibilidade de aprender juntamente com os demais ouvintes da mesma turma. Diante dessa pesquisa realizada, conclui-se que a inclusão dos alunos com surdez no Centro Municipal de Educação Básica Sorriso, está acontecendo de forma legal, pois foi o que revelou no decorrer desta pesquisa. Também não se pode deixar de salientar que a inclusão ainda ocorre de forma lentamente, além das dificuldades encontradas, a presente escola está sempre de portas abertas para receber essas crianças com deficiências aditivas.
Quando se fala em inclusão, é o mesmo que motivar e mostrar uma determinada força para que o aluno surdo possa obter uma aprendizagem através da mediação de um docente na escola juntamente com um intérprete para que isso se torne algo de relevância para a aprendizagem dos alunos com surdez. Em se tratando de educação, nada está desconectado, tudo tem relação com o outro e é preciso garantir condições para que as diferenças não sejam obstáculos, mas se convertam em proposta de intervenção, de reestruturação da organização escolar, para tanto é preciso desacomodar-se das certezas existentes e lançar-se ao novo.
Nesse sentido, a escola precisa estar preparada para receber alunos inclusos e não promover a “exclusão oculta” dentro da inclusão escolar, isto é, para que esse aluno incluso não seja invisível na escola, na sala de aula, no intervalo, nas atividades diversificadas.
Considerando que na inclusão, todos são responsáveis e não apenas o docente que recebe esse aluno, porque se uma parte não funciona na perspectiva de inclusão, logo não existe inclusão, nesse contexto a organização escolar de forma articulada pode promover práticas pedagógicas que contemplem toda a diversidade da sala de aula.
Espera-se que com essa pesquisa contribua para que o processo de inclusão tenha os sentidos voltados às falas dos inclusos, para que assim, de fato, sintam-se parte desse todo e não apenas se façam presentes nas unidades escolares como meros espectadores de sua própria vida escolar, onde de fato não fazem parte do contexto e exercitem o direito de aprender. Assim a escola cumpre seu papel de dar condição de aprendizagem a todos, considerando a diversidade que a compõe.
Nesse sentido, a equipe escolar e demais envolvidos na educação necessitam ter ciência do real significado da palavra incluir devendo a mesma sempre precisa estar sempre presente no dia a dia do desempenho da função docente. É preciso que se compreenda as diferenças e se saiba lidar com elas, sempre respaldado no direito legal que todas as crianças ter acesso aos conhecimentos escolar, desenvolvendo sua autonomia e sua formação integral, tudo vai depender da forma como se olha para o diferente, vendo suas potencialidades e necessidades.
Não podemos deixar de salientar que a abordagem se deu como uma ressalva no ponto principal da inclusão dos alunos com surdez, no qual existe uma série de preconceitos e discriminação voltados para com os alunos surdos na sala de aula, por outro lado também infelizmente ainda se observa a existência com frequência desses atos cometidos nos meios da educação escolar principalmente no ensino público.
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Graduado em Licenciatura Letras, 2017 pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Sinop/MT.
Graduado em Licenciatura Letras, 2017 pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Sinop/MT.
Graduada em Licenciatura Plena no Curso de Pedagogia, 2012 pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Sinop/MT. Especialização em Psicopedagogia pelo Instituto Várzea Grande de Ensino, IVE, Brasil.
Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:
ANDRADE, Anderson Borges de. GUEDES, Lenir. SILVA, Jhonny Pereira da. A inclusão de alunos com deficiências auditivas em uma escola pública. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, N. 03, Jul. 2017. <http://aces4r.wixsite.com/revistacientifica/ed-3-art-9>. Data de acesso: