A LINGUAGEM MUSICAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA/PARA A APRENDIZAGEM DOS ALUNOS
Anderson Borges De Andrade
Jhonny Pereira Da Silva
Lenir Guedes
RESUMO
Este trabalho propõe uma reflexão sobre a música como forma de linguagem e analisa pelo discurso do professor sua importância para o contexto de Sala de Aula. O objeto principal foi buscar argumentos e justificativas para a prática da musicalização através de bandas e fanfarras e recurso no desenvolvimento das capacidades e habilidades de expressão, comunicação, reflexão bem como no desenvolvimento global do aluno. Nossa concepção é que a música faz parte do universo escolar e, portanto, merece estudo e importância no processo ensino-aprendizagem. Procuramos dialogar teoricamente com autores que propõem novas práticas para o ensino da música, dentre eles, BRÉSCIA (2003), SOUZA (2000), SCHAFFER (1991), para citar alguns, alinhando-nos aos paradigmas qualitativos, de cunho etnográfico, conforme FUCKS (1994), KRAMER (1995), BRITO (2003), ROSA (1990), COPLAND (1990), JEAN DOT (1990 ), MARCISO (1982), BORGES (2003). Aplicado no contexto de Sorriso/MT, contamos com a participação de 4 professores e como instrumento entrevistas semiestruturadas, que nos permitiram refletir sobre o processo. Também as observações in loco para fundamentar melhor nossa triangulação dos dados. Apresentamos uma breve explanação sobre a linguagem, mostramos a construção do campo teórico e a música como ferramenta de linguagem. Por fim, esperamos que a perspectiva por nós adotada traga reflexões para o ensino, no sentido de desenvolver crescimento intelectual e emocional do aluno e capaz de contribuir para ampliar e consolidar o conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: Linguagem. Música. Ensino.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho traz como tema a música e a apresenta como ferramenta de aprendizagem em contexto situado como a sala de aula e em projetos sociais na cidade de Sorriso - Mato Grosso.
Nossa ideia surgiu através de um projeto elaborado com bandas e fanfarras, o que aguçou a curiosidade de como a inicialização musical pode influenciar a aprendizagem dos alunos.
Para nós a inclusão da música no currículo escolar implica novos desafios, novas discussões, a fim de se construir seu significado de interação, desenvolvimento cognitivo e social na escola. Assim, a música não é uma disciplina exclusiva, mas possibilita ser integrada ao ensino.
Para refletir tal temática questionamentos, inicialmente, como a música pode influenciar e ser método facilitador na aprendizagem. Através de uma pesquisa in loco e entrevista elaborada e aplicada a 4 (quatro) professores que atuam no município, com o propósito de ouvir as experiências vividas ao longo do tempo de trabalho e verificar se de fato, a música é um dispositivo que pode ajudar os alunos em sua formação.
Elaboramos 8 (oito) perguntas, das quais algumas foram consideradas importantes e utilizadas aqui como centrais e outras como periféricas.
Filiados à Linguística Aplicada procuramos revoara os sujeitos na construção e reflexão do trabalho docente pactuando com os autores BRÉSCIA (2003), SOUZA (2000), SCHAFFER (1991), dentre outros.
Procuramos ouvir os entrevistados com respeito e ética, atentando para os pressupostos das pesquisas de cunho qualitativo-etnográfico, e dos depoimentos dos entrevistados, preservando a identidade dos mesmos.
No capítulo 1 mostramos a linguagem e sua importância, bem como a música como dispositivo essencial de ensino. No segundo capítulo, apresentamos o percurso metodológico e os caminhos que percorremos para a geração dos dados de pesquisa. Reservamos o capítulo 3 para análise dos dados, refletindo e apontando a música como trabalho que exige a interdisciplinaridade para fomentar o crescimento intelectual do aluno.
CAPÍTULO I
1. A LINGUAGEM
Ao pensarmos em linguagem geralmente temos uma grande dificuldade, pois confundimos com a língua, termos diferentes, mas que se complementam. A linguagem pode ser vista de várias formas, principalmente quando se trata do ser humano e a forma como ele pode expressar através de gestos, sinais, expressão corporal, música dança dentre outros. Também é interessante observar que com o passar do tempo ela evoluiu.
Também a linguagem abre campo para várias pesquisas, desde as primeiras civilizações sempre se pergunta se toda palavra há um significado. Com isso os hindus resolvem estudar a fundo a sua própria língua, em seguida os gregos passaram a estudar palavras e o qual o sentido e significado delas, o que comprova que a busca e o interesse pelo sentido das palavras, bem como pela compreensão da linguagem é antiga e comum a várias culturas.
Nota-se, portanto o marco na história da humanidade sempre buscando compreender as palavras e tudo que se distingue como linguagem. Assim, o que envolve o sistema verbal, ou seja, as palavras, para que possamos simplificar a própria língua, a não verbal, que se enquadra muito bem na expressão corporal como gestos, sinais de transito etc. A língua é um meio que se usa para se comunicar e interagir, sendo assim podemos ver a linguagem como um grande conjunto de elementos representado por sons fala, letras, sinais, capacidade inata e especifica de toda a humanidade.
Sausurre (1969, p.17) aponta a língua como “parte essencial da linguagem; produto social da faculdade da linguagem, é um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos”. Segundo Margarida Petter (2004) o fascínio que a linguagem sempre exerceu sobre o homem vem de esse poder que permite não só nomear /criar/transformar o universo real, mas também possibilita trocar experiências, falar sobre o que existiu até mesmo, imaginar o que não precisa nem pode existir. Assim, “Não há sociedade sem linguagem e nem sociedade sem comunicação.” Afirma ainda que:
Como a realidade material-organização de sons, palavra-se linguagem e relativamente autônoma; como expressão de emoções, ideias propósitos, no entanto ela é orientada pela visão de mundo, pelas injunções da realidade social, histórica e cultural do seu falante. (Petter, 2004, p.12)
A fala é um ato individual. A distinção linguagem/língua/fala situa objeto da ciência Linguística para Saussure. Deste ponto de vista é que acontece a divisão do estudo da linguagem em duas partes: a investigação da fala e a análise da fala. As duas partes são inseparáveis: a língua é a condição para se produzir a fala, mas não existe língua sem que haja o exercício da fala. Há necessidade, portanto, de duas linguísticas; a linguística da língua e a linguística da fala. Saussure focalizou em seu trabalho a linguística da língua, “produto social depositado no cérebro de cada um”, sistema supra individual que a sociedade impõe ao falante.
Portanto, não existe só um tipo de linguagem: tudo que se possa passar uma mensagem a outro ser e uma forma de linguagem tanto verbal como não verbal, não se esquecendo dos portadores de necessidades especiais, por exemplo os surdos, que se comunicam através do método de libras, fatores estudados nos dias de hoje e vão passando de geração a geração com a evolução dos tempos sempre variando muito pelo fator social, cultural de onde se vive.
Ao usar a linguagem estamos agindo em um contexto social, e nossos atos são significativos e eficazes apenas na medida em que correspondem às determinações destas “formas de vida”, destas práticas e instituições sociais. Em seu uso da linguagem, os falantes seguem regras, não apenas linguísticas stricto sensu (isto é, gramaticais, fonéticas, semânticas), mas sobre tudo pragmática. Estas regras devem ser compreendidas não apenas como possibilitando a expressão do indivíduo, mas também como permitindo sua interpretação dos diversos universos de discurso que participa. (Marcondes, 1984. p. 33).
Sendo assim verificamos que a evolução na linguagem é a maior riqueza de um povo, o que determina a realidade sociocultural, a diversidade linguística tanto oral quanto verbal.
Ao abordar o termo linguagem podemos notar que temos quatro realidades que compõem o termo língua a história e sua evolução de acordo com o passar do tempo, a criação da cultura de um povo através da fala, identidade linguística como caracterização social e que forma uma realidade indispensável à história linguística de um povo ou mesmo da sua língua materna, no qual o mesmo se refere a signos em uso como palavras de interação social.
Segundo Antunes (2009), a compreensão do fenômeno linguístico de atividade como um dos fazeres do homem, trouxe aos estudos da língua as intenções sócio comunicativas, que põem os interlocutores em interação, acendeu, além disso, o interesse pelos efeitos de sentindo que os interlocutores produzem em suas atividades de interlocução, trouxe para a cena dos estudos mais relevantes o discurso e o texto, desdobrados nas suas relações com os sujeitos atuantes, com as práticas sociais e com as diferentes propriedades que asseguram seu estatuto do macro unidade da interação verbal.
A língua tem uma dimensão muito grande dentro do seu próprio sistema no decorrer da história, onde se distingue em cada grupo pelo sócio cultural e a realidade em que convivem, assumindo assim uma política sócio cultural historicamente, além de suas regras ou conjuntos gramaticais, individualidades e concepções sempre em construção no decorrer do tempo. Para a pesquisadora:
Restringe-se, pois a análise dos fatos da língua como se ela estivesse fora das situações de interação, e obscurece seu sentido mais amplo de condição das atuações sociais que as pessoas realizam quando falam, escutam, leem ou escrevem. E subtrair das línguas o que de mais significativo elas têm seu poder de significar, de conferir sentido às coisas, de expressar esses sentidos, e, sobretudo de mediar às relações interpessoais envolvidas na interação social. (IRANDÉ, 2009. p. 21-22).
Nestes termos definimos linguagem como mediação, interação de um indivíduo com outro por meio de comunicação, tanto pessoal quanto em grupo ou de geração dos antepassados até os dias de hoje cada uma com seu peso histórico ocorrido pelo tempo.
Em qualquer grupo social tanto dos dias atuais quantos de épocas passadas, as características e as mudanças que ocorreram naturalmente com o processo da história em todos os níveis sociais, no qual atende vários tipos de linguagem de diferentes maneiras de falar ou se expressar que liga a língua a vários contextos por ela especificados de grupo a grupo.
Cada situação carrega consigo um valor semiológico que propõe um papel assumido focando no nível social, com que chegam até o receptador como concepções, crenças verdades, ideologias sempre com diagnósticos de duas visões perante o mundo.
A língua reflete muito de onde viemos ou de onde somos, pelo fato da maneira de quando conversamos, é como se fosse uma identidade que nos mostra quem de fato somos e de onde somos, é uma variedade sócia cultural ou até mesmo pela variedade linguística.
Temos um exemplo muito bom entre o Brasil e Portugal que ao analisarmos, são dois tipos de português totalmente diferente em vários aspectos, mas sendo assim, pode-se notar que existe uma linguagem parecida e que muda em pronúncias e diversidades lexicais, pela ordem gramatical, o que torna até engraçado, pois alguns julgam o português certo ou errado que na escrita se difere ao português brasileiro totalmente errado que foi deixado pelos antepassados.
Na concepção de Antunes (2009), podemos notar algo interessante de quando a mesma cita nesse meio termo de campo, resvale-se facilmente para uma associação improcedente, simplista (mas muito arraigada), que consiste em se fazer uma ligação entre por um lado, beleza e feiura, e por outro, língua certa ou língua errada. Ou seja, na concepção de muitos, “língua certa” é língua bonita “língua errada” é “língua feia”. “Até dói nos ouvidos”. Nessa visão, não e apenas o português do Brasil é mais errado que o português de Portugal, também mais feio e mais pobre.
Não existe maneira correta de falar e sim variedades linguísticas e duas normas que se distingue normal culta e norma padrão onde os mesmos trabalham muito a questão do sócio cultural de uma determinada comunidade sua língua e fatores sociais.
A questão da norma padrão ultrapassa, assim, os limites da gramática e do léxico da língua, infiltra-se nas intrincadas veredas das identidades culturais, das ideologias, dos valores e das crenças do grupo sociais. (Antunes, 2009 p.28).
Portanto com o decorrer da história da humanidade podemos notar que as mudanças sofridas na língua acontecem com o passar dos anos, com a evolução cada vez no sócio cultural mesmo assim, “A língua não pode perder sua identidade; por outro não pode deixar de incorporar mudanças e diferenças”. Antunes, (2009, p. 30).
Analisando o ponto de vista de Antunes, quando a mesma coloca que a escola tem um papel importante na formação do ser humano, seria extremamente importante que a escola concedesse mais espaço a um trabalho de análise sobre os fatos da língua. Ou seja, na língua enquanto fator social, vinculado à realidade cultural em que está inserida, sistema em constante mutação a serviço das muitas necessidades comunicativas de seus falantes.
Com a tecnologia cada dia mais avançada, temos a linguagem tecnológica, ou seja, a era digital onde aprendemos através dos meios eletrônicos e armazenamos cada vez mais informações. Por isso, os Estudos Linguísticos têm colocado em cena a linguagem em diversas perspectivas, desde sua concepção como expressão de pensamento à dialogicidade. Assim, falar de linguagem é reconhecer que as interações humanas produzem efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e/ou em um contexto sócio histórico e ideológico.
Já afirmamos que as atividades musicais realizadas na escola não visam à formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. A esse respeito Katsch e Merle-Fishman apud Bréscia (2003, p.60) afirmam que “[...] a música pode melhorar o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades linguísticas nas crianças”.
Snyders (1992) comenta que a função mais evidente da escola é preparar os jovens para o futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades. Mas ela pode parecer aos alunos como um remédio amargo que eles precisam engolir para assegurar, num futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem.
Propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente. (SNYDERS, 1992, p. 14).
A linguagem musical é uma das maneiras de comunicação mais utilizadas entre os jovens que acaba se tornando assim um dos métodos mais fáceis de adquirirem conhecimento tanto em instrumentos musicais quanto na pratica do canto.
1.1 Bandas e fanfarras na escola: dispositivo de ensino
As bandas e fanfarras, além de deixar o ambiente escolar mais alegre, podem ser usadas para proporcionar uma atmosfera mais receptiva à chegada dos alunos, oferecer calma após períodos de atividade física e reduzir a tensão em momentos de avaliação.
Pensar a música como um recurso no aprendizado de diversas disciplinas abre possibilidade de entender a música como linguagem propícia para tornar a aula dinâmica, atrativa, e trazer informações. Mas, a música também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de expressão e um bem cultural.
As Bandas e fanfarras na escola é o primeiro contato, na maioria das vezes, que o aluno tem como a música. Oportuniza ouvir e participar de um grupo musical e o contato com os instrumentos abrem para um mundo novo e com algo que realmente se identifique com o aprendizado. Afirma Dayrel que:
As bandas musicais, além de permitirem uma profissionalização musical, possibilitam aos jovens reconhecerem-se como sujeitos que atuam no mundo, dando-lhes condições de criarem novos projetos de vida (DAYREL, 2002).
Por sua vez, a escola que incentiva e mantém uma banda no seu quadro de atividades, seja em relação ao corpo discente ou à própria instituição, visa alguns retornos, tais como: manter os alunos em uma ocupação sadia, cultural e educativa, afastando-os, em alguns casos, de ambientes não propícios à sua formação como cidadãos ao mesmo tempo em que representam a escola, por meio de eventos cívicos e culturais que sempre são realizados como: concursos, desfiles e encontros de bandas e outras atividades sociais. Como afirma Tourinho (1993, p.92) “O ensino de música na escola, assim como toda atividade social, serve a várias funções e pode ser diversamente interpretada”.
Como atividade extracurricular, os ensaios geralmente não são no mesmo horário da aula, mas sempre ao termino. Sendo assim, participa quem realmente se identifica com a banda, portanto e algo que vai facilitar o docente trabalhar com os alunos, que no caso são aqueles que se identificam de verdade com a música querendo cada vez mais a música como arte. A nosso ver, faz parte desta realidade, no que diz respeito ao trabalho com arte e a atividade de grupo.
Lima (2000) observa que a banda tem seus desafios: levantamento e análise das táticas que a mantêm em cena, observa a função da banda junto à comunidade e como está se utiliza de táticas e do apoio dela para sua sobrevivência no cenário atual, conquistando-a segundo sua imagem associada à escola e ao trabalho que está desenvolve no tocante a novas possibilidades aos jovens daquela comunidade, conseguindo, por fim, seu apoio.
Em consonância, observemos o registro encontrado no trabalho de Campos (2005), quanto a uma escola estadual do Matogrosso, chamada Maria Constança Barros Machado, em que através de depoimentos, percebe opiniões positivas, moldando assim, a face da escola junto ao seu entorno, levando-se em consideração trabalhos ligados à música e arte em geral.
As diferentes atividades musicais revelam elementos culturais de uma escola viva e significativa para comunidade. Depoimentos apontam esta escola como uma instituição muito criativa, dinâmica e respeitada [...] Os alunos que se formavam lá, não precisavam fazer cursinho. Os professores eram muito bons, muito competentes [...] Uma escola pública que dava gosto. (CAMPOS, 2005, p. 28).
A banda na escola tem uma prática grande na questão da educação do aluno, pois a música se implica na disciplina sendo assim resgatando alguns alunos até dos meios das drogas através da música e modificando o mesmo quanto à rebeldia dentro do ambiente escolar.
Suas corporações musicais atuam durante o ano letivo, não se atendo apenas a algumas datas, mas também, age como programa de prevenção, inclusão e profissionalização, ocupando o educando fora de seus horários de aula. Chiarelli e Barreto (2005), explicam como a musicalização pode contribuir para aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, motor e sócio afetivo da criança.
Buscam abordar a questão da inteligência musical, apresentada por Horwad Gardner (1995) na teoria das inteligências múltiplas. Tanto Gardner quantos os autores citados acreditam que a música deve ser considerada um elemento essencial do curriculum escolar, uma vez que pode facilitar a integração e a inclusão da criança ou adolescente na sociedade.
A música, o som, as evoluções, o soar dos tambores, a melodia dos cornetes, o desempenho das bandeiras, tudo isso encanta, emociona, disciplina, motiva, envaidece, educa e entretêm.
A música é considerada por vários autores e pesquisadores, entre eles Loureiro (2003), Correia (2010), como elemento enriquecedor para o desenvolvimento humano, que proporciona bem-estar e colabora para a ampliação de outras áreas necessárias para a formação plena do indivíduo. Conforme estudos, o aprendizado musical serve como estímulo no período de escolarização, ajudando na apropriação da linguagem, concentração e no aprendizado da matemática.
A música tem como finalidade auxiliar o professor em suas tarefas diárias. Ajuda o aluno em seu desenvolvimento intelectual, motor e social. Também ajuda a combater a agressividade, pois canaliza o excesso de energia; ajuda a enfrentar o isolacionismo; desenvolve o espírito de iniciativa e funciona como higiene mental. Portando, a música é um grande benefício para a formação, o desenvolvimento do equilíbrio, da personalidade, tanto da criança como do adolescente (ZABOLI, 1998, p.96).
O Brasil tem uma cultura muito rica na área musical devido ao fato de ser um país de cultura diferentes com várias miscigenações, portanto, a música algo muito importante.
A música do Brasil tem a mesma base de que foi caracterizada a formação de seu povo, ou seja, a mistura e integração de diferentes etnias, os europeus, africanos e indígenas. Cada um desses povos já trazia sua própria cultura musical e aqui fundiram os elementos musicais trazidos pelos colonizadores portugueses, os cantos dos negros escravos da África e a música dos indígenas que já habitavam o Brasil. As influências musicais de outras ricas culturas foram se somando e se multiplicado no decorrer da história, formando aquilo que reconhecemos hoje como “Música Brasileira”, que tem uma característica própria e autêntica, mas também é fruto de grande variedade de influências e fusões de estilos musicais pré-existentes.www.portaleducacao.com.br/cotidiano/artigos/53455/a-musica no Brasil#ixzz45nmHcv00> acesso em 18 de junho de 2006) ®PortaDaEducação.
A música está a cada dia se inovando, trazendo mais mistura de ritmos em nosso país, onde pode-se afirmar que a maioria dos músicos observa a música como um fator importante no convívio social,na aprendizagem e na formação do ser humano.
O Brasil dentro da música, tem traços e um pouco da cultura de todos os países devido ao fato de ser um povo muito criativo, busca junção de ritmos sempre inovando e buscando novas áreas tanto no instrumental quanto no canto.
Percebemos que para cada região do nosso país, existe um ritmo, uma cultura, uma identidade musical diferente.
Dessa forma, podemos valorizar e entender a importância da música para a educação e desenvolvimento da criança e do jovem, sendo assim podemos notar que a música constitui ferramenta muito importante que vem a somar como forma de aprendizagem. Afirma, Jeandot (1997, p.12), que “[...] a música é uma linguagem universal, mas, com muitos dialetos, que variam de cultura, envolvendo a maneira de tocar, de cantar, de organizar os sons e de definir as notas básicas e seus intervalos.”
Para nós, a música na escola facilita muito ao aluno na área da aprendizagem, pois isso ocorre através de um projeto pedagógico, compõe o curriculum de artes, o que está inserido e pode ter muito sucesso entre os alunos.
Quebrar a rotina da sala de aula com novidades através de corais, bandas, orquestras, dentro outros, encaminha entender Paulo Freire (1996, p. 90) que nos diz: “ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, da boniteza e da alegria”, cabendo aos professores à eterna busca pelo “gosto da alegria sem a qual a prática educativa perde o sentido”. Nos fala também que “ensinar exige alegria e esperança” e que “ensinar exige respeito à autonomia do educando”.
Gohn e Stavracas (2010. p. 87), concordam com estas afirmações quando mencionam a importância da música em propiciar aos seus alunos situações em que possam construir algo novo e realizar experiências que aumentem sua visão do mundo, colaborando, assim, para a formação da sua identidade e autonomia.”
1.2 Fanfarra e banda: possível na escola?
Desde a criação da Lei Nº 11.769, sancionada no dia 18 de agosto de 2008 e inclui a música na escola já existem projetos, tanto do governo do estado quanto do município que fomentam essa prática. Entretanto, não existem professores formados na área permitindo assim que ex-alunos de corporações, pessoas com conhecimento prático ministrem aulas ou desenvolvam projetos.
Campos (2008) atenta para a necessidade de ações relacionadas à formação musical do regente de bandas e afirma que em geral, os professores de bandas e fanfarras atuantes não são diplomados, nem tem formação musical oficial.
Lima (2007) constata que os regentes de bandas e fanfarras, não só de São Paulo, mas, de todo o Brasil têm formação mais prática do que acadêmica, e que regentes de bandas escolares não leem partitura. Assim são mais comuns professores formados em educação física, único curso superior que oferece oficialmente uma disciplina para regência de banda e sem abordagem de teoria musical, ministrar aulas.
Dentre tantos outros fatores que se apresentam, como por exemplo, a falta de espaço, instrumentos, espaço físico adequado para guardar os instrumentos e ensaio dentro do ambiente escolar também é difícil de compreender quão poucos professores valorizam a música e a vê como algo que vai realmente abranger conhecimentos, outros têm preconceito sobre o estilo musical da comunidade escolar.
Desta forma, os músicos trabalham com bandas e fanfarras de maneira marginal considerado como aqueles que gostam de algazarra, folia e que o seu projeto não ajudará na vida do discente. Para os Parâmetros Curriculares Nacionais,
Qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer música para a sala de aula acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação. (BRASIL, 1997.p. 53).
Consideramos que a escola dever oferecer a todos os alunos a oportunidade de experimentar a linguagem musical e “contribuir para que os alunos se tornem ouvintes sensíveis, amadores talentosos ou músicos profissionais” (BRASIL 1997), pois a educação é um direito social fundamental e tem como desafio construir uma prática pedagógica que ultrapasse preconceitos e barreiras sociais.
Para tanto, faz-se necessária a construção de uma escola criativa e de qualidade social, na qual a sala de aula possa se concretizar em múltiplos espaços, palco que permita protagonistas, nos termos de Guarulhos (2010) “espaço de desenvolvimento humano, de sistematização, de descoberta e criação de saberes e de afirmação de valores democráticos e solidários”.
O regente de banda não forma um músico profissional, mas sim um aluno com autonomia, projetando-o criticamente e na tentativa de que fora da escola a profissionalização musical o torne cidadão dentro da sociedade. Concordamos com Loureiro para quem:
Os valores hierarquizam uma concepção de vida de homem, e educação, de arte e de qualquer outro aspecto e apontam os caminhos do fazer educacional. Os valores existem em toda a prática escolar, independente até da própria consciência dos mesmos. ( LOUREIRO, 2007, p.11).
Vemos que a música dentro da escola, não só bandas e fanfarras, mas a instrução musical de forma geral gera muitos debates, e o tempo vai passando sem sabermos qual vai ser a definição certa evidenciando a carência de suportes educativos, como é a música.
Especificamente, a música é constituída de sons em que o compositor pode expressar tudo o que sente em determinado momento, qual seja dor ou felicidade. Cada pessoa expressa a linguagem musical diferente, porque vem de dentro da alma, quando se toca ou até mesmo canta é algo que não se pode dizer em palavras, mas sim, sentindo.
Koellreutter (1977), afirma que quando uma criança nasce, o primeiro som que ouvimos é o choro. Se analisarmos, vemos que essa é a linguagem do recém-nascido utiliza para enunciar que chegou ao mundo e tal fato, para sua mãe, soa como música, pois indica que o seu filho está bem e nasceu saudável.
Acreditamos que tudo que está ao nosso redor, envolve a linguagem musical, desde a gestação, nascimento ou até mesmo a morte e independentemente do nível sócio cultural, todos temos acesso à música. Às vezes, simplesmente somos rotulados pelo tipo de música que ouvimos ou até mesmo o que a linguagem nos passa. Porém, cada estilo de música tem sua história, sua linguagem e sua contribuição para seu povo.
[...] a música e uma linguagem que organiza intencionalmente os signos e o silencio onde ela se faz presente num jogo dinâmico de relações que simbolizam, em microestruturas sonoras, a micro esculturas universais. A música não e só uma técnica de compor sons, mas um meio de refletir e abrir a cabeça do ouvinte para o mundo. Com sua recusa a qualquer predeterminação em música, propõe o imprevisível como um exercício de liberdade que ele gostaria de ver estendido à própria vida, pois tudo o que fazemos todos os sons, ruídos e não som incluído é música. (CAMPOS 1955, p. 5.)
Assim, há séculos, seja no campo sagrado ou no profano alguns povos da civilização antiga sempre usaram o canto e diversos instrumentos como a lira, a harpa como expressão de poder e sabedoria. Quando os senhores tomavam seus chás da tarde ou recebiam suas visitas ficavam sempre algum músico na sala tocando para harmonizar o ambiente ou o tipo de conversa.
Em nosso país, há grandes riquezas que se evidenciam na fala, na pronúncia e na produção musical. Somos um país de mistura de raças e com vários ritmos. Existem vários gêneros musicais com diversos tipos de linguagem que se define o lugar social, a cultura. Mas, sabemos que por trás de cada linguagem musical existe uma história sobre a origem e revela a identidade sociocultural.
Na atualidade, uma das modalidades musicais mais criticadas do momento é o funk. Este estilo atravessa vários períodos da história e hoje são vários estilos de funk. No início era o funk melody e a sua linguagem revelava o amor, a felicidade, a luta por uma sociedade com os mesmo direitos e deveres, igualdade e justiça,com opassar do tempo os gêneros musicais foram perdendo a essência e se tornando banalizados, mal vistos pela sociedade devido a linguagem que os cantores atuais utilizam para fazer sucesso tornando assim “sem conteúdo”, apenas linguagem fácil para que todos cantem mais sem preocupação com a composição e produção musical.
Independente do gênero, observamos que o ensino de música nos dias atuais vem ganhando destaque na educação pública do país, resultado dos estudos que comprovam suas contribuições à aprendizagem e que traz ao ser humano desenvolvimento sendo eles cognitivos, emocionais e sociais.
Como instrumento didático-pedagógico valioso no processo de ensino, acreditamos que a música, embora esteja incluída no currículo por documentos legais, encontra-se apenas no papel, estando fora do contexto escolar da maioria das escolas do país.
1.3 Tradição de bandas e fanfarras no Brasil
Formulamos até aqui a importância da música no contexto escolar. E agora refletimos o que as bandas e fanfarras podem produzir e contribuir para o enriquecimento do aluno em seu desenvolvimento crítico.
A formação de bandas e fanfarras no Brasil, tradicionalmente, são mantidas geralmente por associações escolares, culturais ou militares e estão em todo parte levando cultura, beleza e entretenimento aos mais variados públicos em suas apresentações.
A primeira influência das bandas e fanfarras da forma como vemos atualmente, provém do período do Brasil Colônia e as bandas militares da época. Porém, não devemos esquecer-nos da importante contribuição do povo africano, que eram forçados por seus senhores, a formar conjuntos que animassem festividades realizadas em suas propriedades, como ressalta Grout(1994, p.12) “Esse costume de se ter uma orquestra na propriedade vem da nobreza europeia”.
Em nossa história vemos, o estado de Pernambuco contribuindo para a cultura musical, quando na gestão do governador do estado Maurício de Nassau, abriu espaço para apresentação de grupos instrumentais de grupos holandeses que se apresentavam ao público no palácio do governo.
No estado de São Paulo, a influência musical parte de imigrantes italianos, que vindos ao Brasil atraídos pela grande produção de café no final do século XIX, além de trabalharem na atividade agrícola, começaram a ingressar em atividades musicais, ocupando espaço não somente como instrumentistas, mas também como professores e regentes de música,provocando mudanças consideráveis nos hábitos e repertórios da época.
Também no século XIX, no estado do Rio de Janeiro, podiam ser vistos em toda parte, conjuntos de músicos alemães e como aponta Granja (1984, p. 24) “Nas colônias alemãs existentes no Brasil, a divulgação de sua música se mostra muito presente até os dias atuais”.
Ainda no século XIX, as forças militares determinaram que em cada quartel do exército, em todo território nacional, formassem banda de música composta por militares utilizando-se de instrumentos de sopro e percussão, a fim de incentivar os soldados na execução de hinos e marchas, seguindo exemplo de outros países. Atingido o objetivo inicial o efetivo das bandas foi aumentado e variando com mais instrumentos de sopro e percussão.
Por volta de 1850, com o surgimento de uma das manifestações culturais do povo brasileiro no estado do Rio de Janeiro, o carnaval, surgiram as bandinhas que tocavam para que os foliões dançassem e brincassem. Neste mesmo período, tornou-se comum a realização de bailes de máscaras, do qual participavam grupos mais seletos das sociedades e com a execução das músicas atribuídas às bandas militares, cujo repertório era composto por polcas, quadrilhas e por vezes, valsas.
Ainda nesta época, surgiram outras formações musicais que se apresentavam no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro proporcionando animação aos menos favorecidos economicamente. Estes grupos, chamados de choro, eram geralmente formados por músicos das bandas militares e funcionários de repartições públicas.
Durante o Estado Novo (1937-1945), o governo Getúlio Vargas preocupou-se em estimular o sentimento patriótico nas escolas e agremiações civis. Houve o destaque do trabalho do maestro Heitor Villa-Lobos - compositor e professor, maior representante da corrente nacionalista na música brasileira - dos Orfeões (coral amador). Esse tipo de canto, cujo repertório era baseado em canções que valorizavam a cultura nacional e enalteciam os valores patrióticos, introduziu o ensino obrigatório da música nas escolas. (PCN Artes, 1998, p.24).
Com o fim do Estado Novo e do movimento orfeônico, houve uma lacuna preenchida, aos poucos, pelas Bandas, Fanfarras existentes desde o Império, que passaram a encabeçar os desfiles cívicos, geralmente no dia 07 de setembro, data alusiva à Independência do Brasil.
Todo este contexto histórico contribuiu para a evolução das bandas de música e até nos dias atuais é muito significativo, uma vez que as tendências evolutivas tomaram rumos diferentes ocasionando variações no segmento, passando a receber denominações de acordo com a formação instrumental.
Desta forma, as bandas escolares, subdividem-se atualmente em fanfarra simples, fanfarra com um pisto, banda marcial e banda musical.
Fanfarra simples é composta por instrumentos de cornetas e utilizam só um pisto, uma válvula para aumentar as possibilidades sonoras do grupo. É mais limitada que a anterior, possui mais instrumentos de percussão e alguns de sopro (cornetas e cornetões lisos). Executa marchas e dobrados e é composta basicamente por 50 integrantes. Os grupos mais elaborados acrescentam tubas e bombardinos em sua formação para obter uma melhor marcação nos tempos executados.
A extensão das notas nos instrumentos das fanfarras é mais limitada que o das bandas marciais, que utilizam quase todos os instrumentos de sopro e de percussão e dessa forma executam qualquer tipo de música. Dessa forma, a melodia das fanfarras torna-se mais limitada e algumas vezes alterada em comparação a das Bandas Marciais. Porém, mesmo com características bem definidas, as duas formações musicais se superam com arranjos e melodias cada vez mais modernos, diferente das antigas bandas que se limitavam à execução de hinos e marchas cívicas.
Neste caso, é comum ver corporações musicais de bandas e fanfarras, em suas várias subdivisões, mantidas nas escolas de educação básica.
1.4 O projeto interdisciplinar de Arte na escola (PRINART)
Projeto Interdisciplinar de Arte na Escola, PRINART, é um dos projetos educativos criado pela Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso, SEDUC/MT, acompanhado por meio da Coordenadoria de Projetos Educativos, e desenvolvido por professores capacitados nas áreas de teatro, dança, artes plásticas e música. Atualmente, segundo Guilherme Costa, técnico da Coordenadoria de Projetos Educativos, da Seduc, estima-se que 174 unidades escolares no estado, estão desenvolvendo o Projeto. Guilherme enfatiza ainda que o projeto ofereça várias atividades ligadas, direta ou indiretamente, à música/arte na educação, como uma das referências na construção do processo de ensino e aprendizagem, o que pode ser consultado na página da Seduc.mt.gov.br/ Prinart.
Com vistas a trabalhar a arte de forma interdisciplinar na escola e proporcionar entrosamento entre todas as áreas de ensino e assim, aliada à educação, criar momentos agradáveis, ajudar na socialização, concentração e apoiar as ações pedagógicas desenvolvidas, traz ao professor condições benéficas para trazer às crianças características próprias para desempenhar tal função. Pois em hipótese alguma tanto aula quanto projetos deverão ser levados como forma somente de entretenimento, ou seja, como forma de lazer e recreação, mas como agente de formação no desenvolvimento do aluno enquanto ser.
A proposição do PRINART é ter oficinas de arte, violão e a inserir coral e flauta bandas e fanfarras, e sua execução sempre no contra turno. Para os lócus pesquisados, este é um fazer artístico e os ganhos que esta prática proporcionará, serão a expressão das emoções, pela sociabilidade, pela disciplina, pelo desenvolvimento do raciocínio, melhorando assim o grau de conhecimentos dos alunos, de acordo com as diretrizes curriculares, ao trabalhar os conhecimentos artísticos, devem-se considerar os saberes específicos dessas linguagens.
Atendendo a 120 alunos por unidade escolar em todo Mato Grosso e a inclusão da música no currículo escolar implica em novos desafios, novas discussões para sua adequação curricular, a fim de se construir seu significado de interação, desenvolvimento cognitivo e social na escola, no entanto a música não é uma disciplina exclusiva, possibilitando ser integrada ao ensino de arte, atualmente é uma das linguagens da disciplina da arte, juntamente com artes plásticas e cênicas.
Porém, a escola necessita de novos profissionais, para que se possa atuar nos diferentes contextos e espaços educativos com músicas na nossa sociedade escolar, uma vez que a música está cada vez mais conquistando seu espaço no âmbito escolar.
A arte está alinhavada com a produção cultural, logo consideramos que ela é inerente ao ser humano, que conforme seu contexto produz de acordo com seu senso estético, suas vivencias e suas ideologias é sem dúvida, uma das mais valiosas formas de expressão da humanidade, pois estudos comprovam a importância da música ao ser humano, em especial aos adolescentes, como forma de expressar ou substituir a tão famosa “rebeldia” característica da idade.
Ressaltamos ainda que arte na escola é importante para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, pois o conhecimento em arte amplia as possibilidades de: compreensão do conhecimento e de mundo colaborando para um melhor entendimento dos conteúdos relacionados às outras áreas do conhecimento.
Portanto, comunicar e expressar pensamentos e sentimentos por meio das linguagens artísticas, produzir o conhecimento na área musical despertando nos alunos, o interesse pelas artes, suas expressões bem como manusear alguns instrumentos musicais. Schafer ao reconhecer a importância da música exclama:
Abre-te! Abre-te ouvido, para os sons do mundo, abre-te ouvido para os sons existentes, desaparecidos, imaginados, pensados, sonhados, fruídos! Abre-te para os sons originais, da criação do mundo, do início de todas as eras... Para os sons rituais, para os sons míticos, místicos, mágicos. Encantados... Para os sons de hoje e de amanhã. Para os sons da terra, do ar e da água... Para os sons cósmicos, microcósmicos, macrocósmicos... Mas abre-te também para os sons de aqui e de agora, para os sons do cotidiano, da cidade, dos campos, das máquinas, dos animais, do corpo, da voz... Abre-te, ouvido, para os sons da vida... (FONTERRADA apud SCHAFER, 1992, p. 10 -11).
As palavras do autor reforça nossa ideia de que a música na educação promove experiências e destaca a necessidade de conhecer as realidades dos alunos e compreender como eles se relacionam com música fora da escola, em quais situações, sob que formas, por quais processos e procedimentos, com que objetivos, com quais expectativas e interesses, para que seja possível construir práticas pedagógico-musicais significativas, práticas essas que, ao incorporar as experiências musicais extraescolares dos alunos, possam ser ampliadas e aprofundadas, como bem afirma Souza(2000).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo nos mostrou que encontrar teóricos para abordar essa temática não e fácil. Porém, tivemos um aprendizado pessoal e profissional encaminhando-nos a repensar o ensino desde sua legalidade e sua efetivação, de fato, a música como subsídio nos contextos escolares.
Embora, muitas vezes, a música é vista como um pretexto para outras atividades, este trabalho trouxe reflexão sobre o valor que a música exerce nas disciplinas, o que levou à conclusão de que a qualidade depende dos próprios educadores, evidenciando a urgência e um melhor preparo para tal tarefa.
Nossa ideia inicial era dar visibilidade para formação de bandas e fanfarras na escola pública e apresentar seus limites. Concluímos que é preciso novo olhar sobre educação musical e isto implica adequações ao currículo do ensino, tendo nas práticas de musicalização dispositivos que auxiliem a aprendizagem em sala de aula, agente facilitador em diversas situações que envolvam o raciocínio e a aprendizagem.
Mostramos a necessidade de idealizar a música e projetar novo estilo de aprender, a partir do processo de ensino-aprendizagem, valorizá-la como desenvolvimento cognitivo, pois, a mesma é um recurso pedagógico e não um mero passatempo.
Através da música pode-se inovar as aulas e torná-las interessantes e críticas, fazendo a relação dos conteúdos com letra da música. Dessa forma, pode-se dizer que além de uma renovação no modo de ensinar, a mesma leva a construção do conhecimento e aproxima o aluno da realidade que o cerca.
O recurso até aqui apresentado pode ser utilizado com o intuito de facilitar a assimilação dos conteúdos não só numa disciplina, mas sim em todas, como também em qualquer outra área de ensino.
Sendo assim consideramos a música indispensável e fundamental para se chegar à educação de qualidade, indispensável à formação dos alunos.
Esperamos que ao término desta pesquisa ampliemos a compreensão e o conhecimento do leitor sobre a música como dispositivo para auxiliar na aprendizagem, mesmo reconhecendo que o processo seja lento.
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Graduado em Licenciatura Letras, 2017 pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Sinop/MT.
Graduado em Licenciatura Letras, 2017 pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Sinop/MT.
Graduada em Licenciatura Plena no Curso de Pedagogia, 2012 pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Sinop/MT. Especialização em Psicopedagogia pelo Instituto Várzea Grande de Ensino, IVE, Brasil.
Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:
ANDRADE, Anderson Borges de. GUEDES, Lenir. SILVA, Jhonny Pereira da. A linguagem musical e suas contribuições na/para a aprendizagem dos alunos. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, N. 03, Jul. 2017. <http://aces4r.wixsite.com/revistacientifica/ed-3-art-8>. Data de acesso: