DESAFIOS E CONQUISTAS DE UMA EDUCADORA
Maurici Oliveira Rosa Schorr
Introdução
Podemos considerar como sendo o grande objetivo da educação infantil, o ato de oferecer condições para que as crianças se tornem autônomas, seguras criativas, curiosas, independentes, sociais, ativas e cooperativas. Na iniciação do processo de escolarização de conteúdos e informações de formas mais lúdicas, a criança é capaz de assimilar e utilizar de maneiras criativas a construção de novos conhecimentos.
No decorrer do curso de Educação Infantil, a atenção deverá estar voltada para criar um ambiente que valorize o saber individual e a aquisição de novos saberes, preservando o sentido de individualidade, sem perder de vista os objetivos que se pretende alcançar.
Para tanto, a escola deve ser o local onde a criança possa saborear o mundo irreal, a fantasia, o lúdico, etc. Mas nem sempre isto acontece. Muitas das vezes a prática acabam vendo a escola como um local desagradável, e ela acaba sendo vista pelas crianças como um local triste e sem prazer.
Existem, dessa forma, dentro do contexto escolar, mecanismos de influência educativa, cuja natureza e funcionamento em grande medida são desconhecidos, mas que têm incidência considerável sobre a aprendizagem dos alunos. Dentre eles, destaca-se a organização e o funcionamento da instituição escolar e os valores implícitos e explícitos que permeiam as relações entre os membros da escola, o Projeto Político Pedagógico, relação com a sociedade num todo.
Estes são os fatores que podem ser determinantes da qualidade de ensino e podem chegar a influir de maneira significativa sobre conteúdos escolares não tem origem exclusivamente no contexto escolar. A mídia, a família, a igreja os amigos etc., são também fontes de influência educativa que incidem sobre o processo de construção de significado dos conteúdos escolares.
Assim, não é a aprendizagem que deve se ajustar ao ensino, mas sim o ensino que deve potencializar a aprendizagem.
Nessa perspectiva, o presente dossiê é resultado de quatro anos de aprendizagem no curso de Pedagogia, onde as questões acima apresentadas, foram amplamente discutidas. Para atender ás expectativas, a proposta do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia - Magistério das Series Iniciais – do Ensino Fundamental, está inserido no Programa Interinstitucional de Qualificação de Professores das Series Iniciais do Ensino Fundamental em Mato Grosso, indicando a necessidade de se pensar a formação do educador.
Assim considerando, a estrutura curricular e organizacional do curso está baseado em quatro núcleos de estudo. Estes compreendem: 1 – “Educação, escola e sociedade”; 2 – “Escola e ensino”; 3 – “Escola, gestão e organização” e por último, temos “os estudos temáticos complementares”.
O trabalho está estruturado em três capítulos, em que o primeiro se destaca a história de vida, apontando aspectos da formação educacional, bem como a iniciativa em cursar a universidade.
No segundo capítulo, aborda-se questões relativas ás contribuições do curso de Pedagogia. Neste, é apontado os quatros núcleos de estudo, em que são destacadas as disciplinas que mais foram importantes para a vida profissional ou mesmo pessoal.
No terceiro e último capítulo, apresentou-se algumas reflexões acerca do curso em si, destacando o que mudou em termos educacionais, antes do curso, ou como estamos considerando a educação a partir das discussões realizadas durante os quatro anos de estudos pedagógicos, a partir de um estágio observatório na Escola Municipal Jardim Bela Vista.
Vale lembrar que o ingresso ao curso oferecido pela UFMT foi favorecido em função das contribuições, convênios e incentivos do Poder Executivo do Município de Sorriso, visando atender aos professores efetivos, cuja formação inicial se deu no Curso do Magistério, com necessidade de ampliar e aprofundar seus conhecimentos e experiências.
Capítulo 1- Minha História de vida
Nasci na cidade de Governador Valadares – MG, na década de 70 Com cinco meses de vida, minha família mudou-se para o interior de São Paulo, na cidade de Presidente Prudente. Nesta década, a educação escolar era de cunho positivista.
Vivia-se no Brasil, o Regime Militar. Este pretendeu frear a participação popular, em que esta foi impedida de acolher seus governantes. Também foi adotado o modelo de desenvolvimento tecnoburocrático – capitalista – dependente. Este modelo caracterizava-se pela modernização de setores de infraestrutura econômica, pela concentração de renda e pela marginalização das classes populares.
Em relação a educação, ocorrem uma série de acordos entre o ministério da Educação e Cultura e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional/ USAID.
Tais acordos culminaram com a promulgação do Decreto-Lei n° 5540/68, que promoveu a reforma universitária e o decreto Lei n° 5692 de 11 de agosto de 1971, foi aprovada praticamente. e sem discussões. Tinha como objetivos, a autorrealização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania. Em relação à estrutura do ensino, o 1° grau (oito anos) era dedicado a educação geral e o 2° grau (três ou quatro anos) era obrigatoriamente profissionalizante de 1982
A lei 5592 foi imposta pelo governo quase sem discussão e sem a participação de estudantes, professores e outros setores sociais interessados.
Porém, a lei ficou longe de ser posta em prática, uma vez que, no Brasil, de um modo geral, a maioria dos alunos não conseguiam iniciar seus estudos, além de não desenvolverem suas potencialidades, a sua autorrealização, e não conseguindo preparar-se para o trabalho e para exercício consciente de cidadania.
Foi justamente no processo de transição entre o militarismo e abertura democrática, que iniciei minha vida escolar no ano de 1977. Nela, deparei-me com uma professora extremamente tradicional.
Por infelicidade, já cheguei contrariando as regras, pois era sinistra, ou seja, escrevia com a mão esquerda. Fato que me criou sérios problemas. Por este motivo, fiquei muito tempo sem receio, tendo a minha mão esquerda amarrada com uma fralda durante as aulas. No entanto, tenho certeza que tudo que a professora queria, era me ajudar, pois era o que ela acreditava ser o correto.
Lembro do meu primeiro ano na escola. Esta lembrança me faz sofrer muito. Dei-me conta do quanto aquela atitude ocasionou danos psíquicos emocionais, efetivando traumas para o resto da minha vida. Um fato a ser destacado, é no momento em que ia lavar a louça em casa, acabando quebrando as louças de vidros com facilidade, o que meu fama de ser desastrada. Além disso, fiquei com problemas sérios para identificar o lado esquerdo e direito até os dias de hoje.
Lembro de um momento em que tive congestão e ser retirada do pátio da escola, em um dos poucos recreios que participei, para ser encaminhada ao hospital, após ter ingerido amendoim salgado. Acredito que este fato me deu também devido à pressão psicológica na qual estava passando.
Este ocorrido provocou paralisia cerebral facial, principalmente na boca, vindo a ficar torta. Por um tempo não comi amendoim, no entanto alguns anos depois voltei a experimentar amendoim, pois minha mãe ficava irritada comigo, uma vez que se preocupava, com medo de dar congestão novamente. Atualmente posso ingerir alguns alimentos com amendoim e não me fazem mal. Passei mal apenas na infância, depois de adulto nenhuma vez, apesar de comer amendoim com receio.
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Conhecendo o canhoto
Contudo, ao pesquisar o processo histórico em relação ao destro, comecei a entender melhor o que de fato ocorreu comigo. De acordo com pesquisas, cerca de 10% da população mundial são canhotas(os), independente de raça ou lugar em que nasceu. Em todo o mundo, há praticamente a mesma proporção de pessoas canhotas, mas o preconceito está em todos os lugares, na religião, na politica, na etiqueta social.
Assim, de acordo com analises, durante a idade média, muitos canhotos foram queimados em fogueiras como bruxos. Se eles eram mesmo, não temos como comprovar depois de tanto tempo, mas o mais provável é que tenham sido sacrificados pelo simples fato de serem diferentes.
Segundo a bíblia, Jesus Cristo se sentava de lado direito de Deus. Quanto ao Diabo, não apenas seria canhoto, como batizava os seguidores com a mão direita e, à mesa, corta-se os alimentos com a faca na mão direita. Em português, a palavra canhoto significa inábil, desajeitado. O destro, tem o domínio do hemisfério cerebral esquerdo, enquanto os canhotos têm o domínio do hemisfério direito, dando origem a um dos mitos sobre os canhotos, ou seja, de serem mais artísticos do que os destros, que por sua vez, teriam maior desenvoltura ao lidar com códigos lógicos, situados do lado esquerdo do cérebro.
Qual é então a base para a preferência para a mão direita? Ainda não se sabe ao certo, mas é correto que a explicação deve levar em consideração uma série de fatores diferentes, ou seja:
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A genética, já que é sabido que há famílias com alta incidência de preferencia pela mão esquerda, muito acima dos 8 a 10% da população em geral. A chance de ter uma criança canhota é de 10%, quanto pai e mão são destros, 20% quando ou o pai ou a mãe é canhoto (especialmente a mãe), e 26% quando ambos são canhotos. Exemplos famosos na história são a família real inglesa e o clã escocês dos Kerr – quem, inclusive, construíram em seus castelos, escavados espirais ao contrário, no sentido anti-horário, que davam vantagem aos espadachins canhotos da família.
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Hormônios, como a testosterona, que influenciam tanto a lateralização funcional do cérebro, quanto a diferença entre os sexos, já que hpa mais canhotos (12,6% dos homens) do que canhotas (9,9% das mulheres) no mundo. Dita assim, a diferença pode não aparecer muita, mas fazendo as contas quase 30% mais homens canhotos do que mulheres canhotas. Uma das teorias mais aceitas, reza um aumento do efeito da testosterona no cérebro durante a gestação, onde atrasaria o desenvolvimento do lado esquerdo do cérebro, dando vantagem ao lado direito.
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A influência sociocultural como a repressão do uso da mão esquerda ou mesmo a conversão forçada.
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Fatores mecânicos como a posição do feto no útero, que influenciaram o desenvolvimento da lateralização funcional no cérebro antes mesmo do nascimento, já que ao nascer, o cérebro já tem assimetrias, e já existem diferenças no movimento das duas mãos.
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Patologias ou problemas no parto, que perturbam o desenvolvimento do cérebro. Complicações no parto são mais comuns entre canhotos (nos filhos, não nas mães) e são associados à vários problemas também tradicionalmente relacionados à preferência pela mão esquerda: autismo, epilepsia, paralisia cerebral, síndrome de Down, nascimento pré-maturo, estrabismo, e ate esquizofrenia. No entanto, isso quer dizer que os canhotos tendem a ter esses problemas são canhotas mais frequentemente do que as outras.
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O simples uso das mãos e do cérebro, estimulando e direcionando a lateralização funcional, já que o grau de preferência por uma das mãos aumenta com a idade. (www.ofininacriativa.com.br/news6.htm)
Contudo, de acordo com pesquisas e discussões, não há uma única forma de ser canhoto, mas pode ser apontado quatro fatores fundamentais, dentre estes, o uso preferencial da mão esquerda pode ser hereditário, inato sem ser herdado, aprendido, ou resultar de danos no cérebro.
Porém, independente da causa, deve ser lembrado que há diferença cerebral de um destro para os canhotos, tanto no sentido anatômico, quanto funcional, no entanto o aprofundamento dessa diferença não cabe no momento a este trabalho, uma vez que, implica em muitas explicações cientificas.
De acordo com leituras, e a própria experiência, para que se possa trabalhar de forma adequada com os canhotos, deve haver uma aposição correta na mão, além de uma boa postura.
Lápis grande é considerado uma boa postura, uma vez que, como os canhotos tem de empurrar o lápis, tem a tendência a fazer mais força, além de que, estes terão de aprender a posicionar o papel ligeiramente mais à esquerda que o seu corpo, para que possam escrever em direção a eles. Além disso, o material escolar é um problema, principalmente no que diz respeito a espiral, onde atrapalha o punho, as réguas que tem a numeração da esquerda para a direita, as tesouras que impedem que vejam a linha sendo cortada, etc.
Assim, a partir do momento em que as crianças começam a escrever, deverão aprender a fazer letras corretamente, uma vez que, a correta formação das letras, é o princípio base para uma boa escrita.
Vale ressaltar que, os professores possuíam uma certa repressão ao uso da mão esquerda, talvez em razão de não possuir conhecimento quanto a forma correta de se trabalhar com alunos canhotos.
CAPÍTULO II – A PRÁTICA EDUCACIONAL
Em 2001, trabalhava com uma turma de 3ª série, com 43 alunos entre 8 e 15 anos, entre eles um aluno com necessidades especiais. A maior dificuldade encontrada, era a confusão dos alunos entre a liberdade e a libertinagem. Dos 43 alunos, havia a metade que estava bem, e a outra metade com dificuldade na leitura e na matemática.
Retornei usando justamente minha experiência como alfabetizadora. Comecei a produzir textos em conjunto com os alunos, conforme eles iam falando, ia escrevendo no quadro, despertando a curiosidade dos mesmos.
A diferença entre um professor qualificado e eu, no primeiro ano de minha formação acadêmica, começou a me incomodar. Comecei a entrar em conflito com o que, até então, acreditava como certo. Estava confusa, pois já não fazia parte do senso comum.
Comecei a lecionar atuando na Educação Infantil com crianças de 5 e 6 anos. Na época, tinha 17 anos e era prazeroso atender as crianças, porém, não tinha experiência e, por outro lado, os pais cobravam o bom desempenho dos seus filhos, ou seja, que os mesmos saíssem lendo. A escola era pequena. Nela além de exercer a docência, também era merendeira e faxineira, hoje sei o quanto fui explorada. Fazia o lanche nos intervalos do meu horário de almoço.
O ensino era voltado para o tradicional e comportamentalista, ou seja, usava-se a chamada “decoreba” e esperava-se respostas pronta por parte dos alunos. Além disso, o ensino era apoiado em apostilas e cartilhas.
A diretora e proprietário da escola tinha 2° Grau Magistério. Era seu primeiro ano como diretora da escola, vindo a mesma sentir-se perdida entre agradar os pais e dar aos professores, apoio necessário (ela também era inexperiente).
Por ter poucos alunos em cada sala, era mais fácil para continuar o trabalho de alfabetização. O fato de ser uma pessoa alegre por natureza, ajudou muito a descontrair os alunos, alcançando o principal objetivo, que era desenvolver um ensino em que os alunos na grande maioria fossem alfabetizados.
O trabalho dava certo pelo fato de eu gostar muito do que estava fazendo, uma vez que era o início do meu sonho de ser professora.
Assim que me casei fui chamada para trabalhar na creche União de Sinop. mas ainda não era reconhecido como Educação Infantil e sim, como “depósito de crianças”, tendo como rivalidade entre professores das séries iniciais como professores que atuavam na Educação Infantil. Aliás, a pouco tempo, esse tabu foi derrubado. Nesse período, terminei o 2° grau, cheio de sonhos e expectativas.
Contudo, nos mudamos para Sorriso, onde deixei meu currículo em várias escolas e Secretaria do Estado e do Município, vindo a ser chamada para dar aula a 5km de distância do centro, no período vespertino, assim, retomando o sonho de ser professora.
Vale ressaltar que, tive o apoio da secretaria do estado através do material pedagógico, além do apoio moral nos momentos de dificuldades, infelizmente não foi possível reunir todas as professoras do Projeto Alfa, por acaso me encontrei certa vez com uma das integrantes.
O ensino voltado para o sócio cultural, era baseado nos ensinamentos de Paulo Freire. Era gratificante ver os alunos produzindo textos sem saber ler. Vale lembrar que lecionava das 19h as 21h, dessa forma, tinha o dia todo para preparar minhas aulas. Ainda hoje, quando me encontro com esses alunos, os mesmos que chamam carinhosamente de professorinha, isso por que, houve reciprocidade muito grande entre eles e eu. O meu esposo acompanhou minhas aulas, pois o lugar tinha fama de ser perigoso.
Houve casos de identificação entre alunos, por pequenos furtos, e nós nunca tivemos problemas de violência, principalmente contra minha pessoa. Dessa forma, ficava triste ao acompanhar alguns deles, dando entrevista de pequenos furtos;
A pouco tempo, encontrei-me com uma ex-aluna, vindo a admirar a força de vontade da mesma em levantar-se as 4h da manhã, caminhar 5km, para trabalhar como gari, varrendo rua, e a noite assistia as minhas aulas. Infelizmente este projeto continua oferecendo alfabetização sem continuidade para os alunos que já sabem ler.
Com base nesses fatos, nós, professores marcamos a vida de nossos alunos e eles também passam por nossas vidas e marcando-a. Lembro da solidariedade quando o pneu do carro furou a caminho da escola. Os alunos conseguiram um carro para levar minha moto até casa. Assim, comecei a aceitar o modo de vida dos meus alunos, uma vez que, os mesmos eram felizes da forma como estavam vivendo.
Já estava fazendo complementação pedagógica em Lucas do Rio Verde, quando comecei a fazer substituição para a 3° Série na Escola Municipal João Paulo II. No entanto, sentia-me insegura, não queria prejudicar meus alunos, dessa forma, pedia ajuda sempre que achava necessário, para uma professora de confiança, principalmente nas aulas de Matemática.
Já era mês de julho, e já tinha participado da formatura do Projeto Alfa, dedicando-me no período vespertino ás aulas dos meus alunos. Como estava fazendo substituição, o caderno de planejamento já estava pronto, os livros didáticos para dar continuidade, a prefeitura promovia encontros para estudarmos os PCNs. Usava-se vários livros didáticos para reforçar os conteúdos, sem prender-me apenas em um livro.
Ao deparar-me com uma sala com sério problema de superlotação, visando uma educação mais de quantidade do que qualidade, comecei a questionar-me e entrar em conflito por fazer parte de uma realidade que ano concordava, no qual ainda hoje é realidade.
Fui a biblioteca da escola e peguei vários livros didáticos. Assim realizei muitas leituras sobre os PCNs, no entanto sentia falta de apoio por parte da minha diretora e coordenadora.
A coordenadora estava mais preocupada em vigiar o material didático, enquanto nós, os professores, estavam precisando de ajuda com os alunos na maioria sem saber ler. Além disso, deparei-me com aluno portador de necessidades especiais, no caso, mental, no entanto, tive que trabalhar com o que tinha disponível em termos de material pedagógico, ou seja quase nada, dessa forma, senti falta de um apoio por parte da coordenação, sem contar a dificuldade em trocar ideias com os colegas. Isso sempre foi um problema, uma vez que, dos doze professores, apenas tinha diálogo com três.
Neste período fiquei decepcionada com nosso sistema educacional, cheguei a perder a vontade de continuar a luta, uma vez que me sentia sufocada. Consegui terminar o ano letivo, me afastei da sala de aula por um ano, voltei a ter esperança, comecei a trabalhar sem esperar nada de ninguém, fazendo o que eu achava correto.
Comecei a lecionar para a 3ª série, embasada teoricamente, deixando clara a forma que trabalhava, anotando as reuniões e tudo o que acontecia com meus alunos no dia a dia, para conversar com os pais e minhas supervisoras.
Passados quatro anos, fico me questionando qual a função da coordenadora, uma vez que, é raro achar que ocorra o apoio ao professor, dificultando do trabalho do mesmo. Faltando companheirismo para alcançar os resultados positivos, acaba prejudicando o ensino e aprendizagem dos alunos, uma vez que, tem-se reduzido o nosso trabalho ao caderno de planejamento (planejamento diário).
2.1. A REALIDADE ESCOLAR: um estudo de caso
Partindo do pressuposto de que a existência humana se realiza através da dialética homem – mundo, que são elementos inseparáveis e sempre se configuram num contexto histórico e cultural, a educação é considerada o resultado dessa dialética. Para tanto, é necessário que a escola trabalhe um mundo real, ou seja, aquele do qual crianças e professores fazem parte.
Portanto, o objetivo da escola, deve ser o de despertar em seus educandos, valores essenciais para torna-lo transformador do mundo em que está inserido. Assim, a escola pode ser considerada como um polo cultural, onde o conhecimento já sistematizado pela humanidade, possa ser socializado e trabalho, vinculado à realidade do educando, proporcionando a ampliação das possibilidades culturais dos alunos e da comunidade.
Neste enfoque, a prioridade da escola, deve ser o de ensinar e ensinar bem, para tornar-se um espaço onde as relações humanas se efetivem e onde possa ser aprimorada os valores e atitudes.
Para tanto, é necessário que conheçamos a escola, enquanto instituição, seus objetivos, metas, suas características físicas, quadro de funcionários, etc. Dessa forma, no período em que estive em Sorriso, observei a Escola Municipal Jardim Bela Vista, para perceber aspectos pedagógicos, dentre os quais, a relação professor/aluno, avaliação da aprendizagem, proposta pedagógica, entre outras.
2.2. A Escola
A escola observada, foi a Escola Municipal Jardim Bela Vista, que está localizada, a rua Celeste, quadra 08, s/n, no Bairro Jardim Bela Vista, no município de Sorriso, Estado de Mato Grosso, e foi criada sob o decreto lei n° 003/99 de 22/01/99.
Esta foi inaugurada em 14/05/99, tendo atualmente como diretor, o professor Edson José dos Santos, Coordenadora Pedagógica, a professora Lisete Bernadete Nunes, um corpo docente de 30 professores, 01 secretária, 01 merendeira, 07 auxiliares de serviços gerais, um corpo discente de 950 alunos, distribuídos em 13 salas de aula de Educação Infantil, Ensino Fundamental e no período noturno de 5ª a 8ª série da Educação de Jovens e Adultos.
Devido ao crescimento populacional e a grande demanda de procura de vagas, fez-se necessário a ampliação no ano de 2000 de mais de 02 salas de aula, em 2001, como ainda não supria a procura, mais 02 salas, e em 2002, foram construídas mais 04 salas.
Porém, para o ano letivo de 2004, estas salas ainda não atendiam a demanda, sendo necessária uma nova ampliação. Esta construção iniciou, no começo deste ano, tendo como previsão de término, na metade do ano, estão sendo construídas cinco salas, 1 sala para a biblioteca, 1 sala de computação e 3 salas de aula, totalizando 15 salas de aula. De acordo com a coordenadora, a sala de computação só estará pronta para atender aos alunos no ano de 2005, e terá a disposição dos alunos, cerca de 30 a 40 computadores, assim os alunos terão semanalmente aula de computação.
Neste período de ampliação, as salas já existentes não eram suficientes nos horários oferecidos, sendo assim, a escola dispôs de mais um turno de aulas, que seria um horário intermediário. Assim alteraram-se os horários dos turnos já existentes. O primeiro turno, matutino, inicia as 6h30 ás 10h15, com as turmas de 1ª a 8ª séries, o segundo, seria o intermediário, das 10h30 ás 2:15 com pré, 2ª e 4ª séries e no turno da tarde, das 2h30 ás 6h15. à noite, a escola oferece a Educação de Jovens e Adultos das 7h às 11h.
Para poder cumprir as 4 horas/aula, os alunos não têm recreio, e a partir das 4h horas, os alunos são chamados por turmas para receberem o lanche em fila na cozinha e voltam para a sala de aula. Quando todos os alunos já lancharam e todas as turmas receberam o lanche, cada professor acompanha seus alunos para irem ao banheiro e beber água, uma turma por vez. Enquanto os alunos lancham, os professores vão à sala de professores, para tomarem um café e, em seguida retornarem à sala.
Vale destacar que, a escola não tem refeitório, apenas uma cozinha no entanto, a mesma apresenta uma boa higiene, tanto no preparo, quanto na distribuição da merenda, bem como a estrutura física. O cardápio da merenda escolar é elaborado por uma nutricionista semanalmente.
O prédio da escola é em alvenaria, com cobertura de telha de barro, com pintura em cor amarela azul e vermelho escuro na parte externa e, na parte interna, os corredores são amarelos, com uma faixa inferior de 1 metro, pintado em azul.
As salas são pintadas em amarelo claro, possuindo janelas, ventiladores, lâmpadas. Porém, como a tarde os raios solares entram em algumas salas, há janelas em cortinas persianas, para proteger, no entanto, ao serem fechadas, a sala fica mais escura e quente. Cada sala mede 48 m² em algumas salas onde número de alunos é maior e o espaço por aluno não condiz com a legislação, sendo menos de 1,50 m² por aluno.
A escola possui quadra poliesportiva coberta, para atender aos alunos nas aulas de educação física, nas atividades esportivas e eventos escolares. A clientela atendida pela Escola Municipal Jardim Bela Vista, é oriunda dos Bairros Jardim Bela Vista, Primavera, União, Morada do Sol, Bela vista e Zona Rural (fazendas), bairros constituídos de famílias de baixa renda, onde a maioria apresenta uma renda média de três salários mínimos.
Há uma diversidade quanto a formação profissional dos familiares, variando o nível de instrução dos mesmos. A escola possui Associação de Paris e Mestres (APM), e concelho Deliberativo, que foi formando por eleição e é constituído por pais, mestres e funcionários, onde todos os membros tem participação ativa.
A escola tem como Filosofia: “Promover a formação integral da criança, desenvolvendo o senso crítico, a imaginação e o habito de observação e conservação, tornando-o um cidadão consciente dos seus deveres e direitos.”
2.3. Recursos Humanos
A secretaria Municipal de Educação, Cultura, Desporto e Lazer, através da Prefeitura Municipal, supre as necessidades da Escola Municipal Jardim Bela Vista, com profissionais nas áreas docentes e administrativas.
A direção está a cargo de um professor efetivo Municipal que possui o curso de Matemática e pós-graduação em Educação Ambiental, o mesmo assumiu o cargo por indicação.
Nas observações, percebemos que o diretor comunica a todos os professores as informações, geralmente essas informações são transmitidas antes do horário de início das aulas. O diretor demonstrou ser amigo de todos os funcionários. Um fato que nos chamou a atenção, foi no dia da mulher, em que o mesmo, no horário do café, chamou todas as mulheres para um lanche, onde cantamos os parabéns ás mulheres, lanchamos e cada um recebeu uma flor com uma mensagem.
O corpo docente é composto por 30 professores que apresentam uma situação funcional diversificada: efetivos 15 e contratadas 15. Dos 30 professores, 07 possuem o 2° grau no nível magistério, alguns cursando o curso superior, 20 possuem formação superior com graduação e 06 com pós-graduação.
Quanto a coordenadora pedagógica, a professora é efetiva, graduada em Pedagogia e pôs graduação em Psicopedagogia, onde a mesma também não assume o cargo por eleição, mas por indicação. Observamos sua preocupação com o processo de ensino-aprendizagem dos alunos, como a mesma ajuda os professores quando os mesmos precisam, ajuda na elaboração e aplicação de alguns projetos, acompanha o trabalho desenvolvido pelos professores e mantém um bom relacionamento com todos.
Nesse período, pudemos perceber que a coordenadora é dedicada e procura desenvolver da melhor maneira possível seu papel de coordenar o processo de ensino-aprendizagem. Para ela, sua maior preocupação é com a aprendizagem dos alunos.
Segundo a coordenação, um fato negativo que foi verificado e está comprometendo o rendimento escolar de várias crianças, é a desestrutura familiar, na organização e relacionamento entre pais, e mesmo entre pais e filhos, evidenciando então, a dificuldade para administrar estas questões de ordem afetiva.
De acordo com a coordenadora, diante dessas dificuldades de relacionamento, faz-se necessário palestras e formação direcionado aos pais, que assim, reflitam como melhorar e auxiliar no processo educativo de seus filhos, bem como melhor desempenhar papeis de pais perante a instituição escolar.
No setor administrativo, a escola possui uma secretaria efetiva, que atua 40 horas e possui ensino médio completo em magistério.
Quanto aos auxiliares de serviços gerais, possui uma merendeira efetiva, atendendo nos períodos matutino e vespertino. A merenda é musicalizada, preparada segundo as orientações da nutricionista. Possui 07 serventes, sendo 01 efetiva e 05 cooperadas, atendendo aos períodos matutino e vespertino.
Quanto aos recursos físicos, a escola municipal Jardim Bela Vista é de grande porte e funciona num prédio em que existem 12 salas de aulas, 01 sala de reforço, 01 sala de professores, 01 sala de direção, coordenação e secretaria. A sala de reforço é para os alunos que não estão acompanhando o rendimento da turma, estes são chamados para virem a escola no turno oposto, quando necessário, para terem aula de reforço, que é dado por uma professora que trabalha na escola apenas com alunos que precisam de “reforço”.
A escola possui como utensílios de cozinha, 02 fogões industriais, 01 geladeira, 02 freezer, 02 bebedouros, 01 liquidificador industrial, 01 processador, 01 batedeira, além de talheres em geral.
Quanto ao material de apoio didático, a escola possui como material de apoio didático, 03 mapas mundi, 02 mapas do corpo humano, 03 mapas do Brasil, 01 mapa do município e um sobre a tabela periódica. Como material áudio visual, possui 01 globo, 01 televisão, 01 vídeo, 02 rádios/CDs, 01 máquina fotográfica.
No entanto, a escola não possui biblioteca. Dessa forma, os alunos retiram livros uma vez por semana. A escolha dos livros é feita na sala dos professores, onde os alunos são chamados de 5 a 5, para fazerem devolução e retirada. Muitas vezes, é sugerido os livros aos alunos, para que os mesmos possam se agilizar.
Em algumas turmas, o dia em que a bibliotecária esta na escola, os alunos não tem aula de português, por isso iam no horário de outras aulas.
2.4 Proposta Politica Pedagógica
A proposta Politica Pedagógica da escola Jardim Bela Vista, tem por justificativa: a promulgação da lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional trouxe significativas alterações, começando pelo conceito de educação. Diante dessa tomada de informações, ampliaram-se as possibilidades de organização escolar, flexibilizando a ações e oportunizando maior autonomia ás instruções de ensino. Em seu artigo, 12, inciso I, a LDB prevê que, os estabelecimentos de ensino, respeitados as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica.
E observação a esse pressuposto levou-se em conta as diretrizes gerais estabelecidas a escola, adequando orientações a sua clientela, decidindo a melhor forma de concretiza-la, delineando seu próprio caminho para promover, de forma competente o ensino.
Ao ocupar seu espaço de autonomia para realizar o trabalho escolar, a escola assume identidade própria, adquire personalidade perante esse comprometimento, promoveremos ações conjuntas de forma democrática, humana e participativa.
A proposta PEDAGÓGICA de nossa escola, é resultante de contribuições de todos que atuam no espaço escolar: docente, funcionários, pais e alunos, integrados por uma reflexão conjunta.
Além disso, a escola tem por objetivos:
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A escola deve promover o pleno desenvolvimento do educando, contribuindo para que o organismo psicológico do aprender se desenvolva uma trajetória harmoniosa e progressiva;
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Preparar o educando para o exercício da cidadania, centrando-se nos direitos e deveres numa contribuição universal, onde todos são iguais perante a lei;
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Desenvolver o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas respeitando a liberdade, a gratuidade, a valorização e a um padrão de qualidade.
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Criar um clima propicio para a família, a primeira responsável pela educação participe do processo educativo de seus filhos;
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Oportunizar aos jovens e adultos que não puderem efetuar os estudos na idade regular, educação que atenda seus interesses de acordo com suas condições de vida e de trabalho, e contribuir para a aquisição de uma cultura geral, disponibilizando condições de acesso e permanência na escola.
A avaliação da aprendizagem é parte integrada do processo educativo, sendo realizada de forma continua e acumulativa ao longo de todo o período letivo, através de:
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Atividades de fixação, provas, trabalho e pesquisa em equipes e individuais.
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Observação constante dos alunos, considerando a atenção, interesse, o senso de responsabilidade, pontualidade, assiduidade do cumprimento das tarefas e participação nos trabalhos de classe.
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Outros processos dinâmicos, dando liberdade e iniciativa do professor sendo as provas apreciadas pelo serviço de coordenação pedagógica.
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Outro instrumento que permite melhor observar seus alunos em seu comportamento, desenvolvimento global, personalidade, buscando uma complementação de informações através das reuniões pedagógicas, conselho de classe, chegando a um consenso sobre os alunos.
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É de responsabilidade do professor, justamente com a coordenação pedagógica, toda a avaliação aplicada.
A recuperação paralela, tem como objetivo, oferecer novas oportunidades de aprendizagem aos alunos com insuficiente aproveitamento. Os estados de recuperação paralelos, serão ministrados pelo professor da disciplina, dentro do horário estabelecido no planejamento proposto.
2.5 Projetos desenvolvidos pela escola
Vale destacar os projetos desenvolvidos pela Escola Municipal Jardim Bela Vista, que seguem abaixo:
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Alunos voluntários, escola solidária, no qual tem objetivo de levar o aluno a conhecer a realidade dos bairros jardim Bela Vista e Primavera, em relação a fome, desemprego e, consequentemente, a exclusão social que os moradores do bairro sofrem.
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Vivendo o verde, onde tem por objetivo, esclarecer a comunidade quanto aos benefícios que a preservação ambiental trará as familiais, através das companhas na escola e nos bairros. Além de planejar e executar medidas que possam ser utilizadas no reaproveitamento do lixo, e também seu destino adequado. Também, conscientizar o aluno e a comunidade, a não ver o lixo apenas como um mal, mas algo que pode gerar benefícios para a comunidade e para o ambiente, quando reciclado.
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Jornal Planeja Jovem
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Leitura: uma aprendizagem com escrita, onde visa possibilitar uma base para a leitura, estimulando a percepção sensorial e o espírito poético.
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Amigos do conhecimento: estimular o educando a perceber suas potencialidades, ao mesmo tempo que estes alunos estão ensinando eles aprendem uma nova profissão. Os alunos de 6° a 8° auxiliam os professores na educação infantil em horário contrario.
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Recreio educativo: brincando e aprendendo. Os objetivos são, ampliar os momentos de lazer e convívio que acontecem no pátio da escola por meio de introdução de brincadeira e jogos. Aproveitar melhor o espaço físico.
2.6 Relação Professor - Aluno
Ao dar o sinal para o início das aulas, os alunos fazem filas, por turmas, cada professor organiza sua turma, o diretor cumprimenta todos e em seguida, um professor dá início a oração. Em seguida, cada professor vai com seus alunos em fila para a sala.
Percebemos que os alunos têm muito respeito e admiração pelo diretor. Na sala, a professora pede para dois alunos pegarem os livros didáticos na sala dos professores, onde são distribuídos para todos os alunos. Em seguida, observa os alunos que fizeram a tarefa, colocando um visto e marca o nome dos que não fizeram tarefa.
A correção das atividades é feita por ela na lousa. Suas aulas geralmente expositivas, com linguagem clara e prática, porém antes de começar um conteúdo, faz um questionamento com os alunos, depois de explorado o conteúdo, pede para os alunos copiarem os exercícios de fixação do livro no caderno, tirando as duvidas dos alunos individualmente e fazendo a correção na lousa.
Muitos alunos têm dificuldades na interpretação dos exercícios e, por ser uma turma numerosa, a professora tinha dificuldade de atender a todos que a chamavam. Alguns esperavam a correção no quadro e só copiavam a resposta. Na maioria das vezes, as atividades eram feitas individualmente.
A professora é amável e cordial com todos. É dedicada e preocupa-se com a aprendizagem de seus alunos. Vale lembrar que a mesma está cursando o 7° semestre no PIQD pela UNEMAT e é o primeiro ano que ministra aula na disciplina de matemática, é contratada 40 horas pelo município, sendo 4 de matemática com a 5ª C, 16 horas/aulas Ensino Religioso de 1ª a 8ª séries.
Tem um caderno onde faz planos de aula e anotações referentes aos alunos. Os conteúdos trabalhados têm a mesma sequência dos livros didáticos. Faz avaliação através de provas escritas, trabalhos, avaliando também o aluno nas aulas, as tarefas, a organização de seus materiais. A recuperação é paralela, porém, uma vez por semana ela ajuda os alunos que tem maiores dificuldades no horário oposto, em forma de reforço.
Em relação aos professores das demais disciplinas observadas, percebemos que os alunos apresentavam bom relacionamento com todos.
Em relação aos alunos, observamos que alguns eram mais agitados, conversavam mais, outros já eram mais interessados, enfim, a turma era bem heterogênea. Durante as atividades, percebíamos com mais clareza os alunos mais desatentos e os que tinham mais dificuldades. Alguns, em exercícios que envolviam interpretação, nem tentavam resolver.
Observamos também que um aluno faltava muito nas aulas, e mesmo quando vinha, não realizava a maioria das atividades e conseguia atrapalhar as aulas, vários professores reclamavam dele, até comentavam que quando ele não estava na sala, a turma não parecia ser a mesma.
Dessa forma, a prática de ensino, no meu ponto de vista, foi uma das prioridades básicas do curso, uma vez que, parte da inserção de alunos e professores na realidade educacional concreta, tendo como suporte, as fundamentações teóricas, e a realidade da instituição observada.
Assim sendo, a experiência em sala, procurou proporcionar uma ação integrada onde possibilitasse ao futuro educador, desenvolver seu pensamento pedagógico sobre a totalidade do ensino na escola, principalmente no que se refere ao ensino da Matemática. De uma maneira geral, este momento foi uma experiência proveitosa. Apesar de atuar em sala, percebi através desta observação, que cometemos muitos erros, que na prática diária, não percebemos, mas que vemos quando em outras realidades educacionais.
III. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o ingresso no Curso de Pedagogia, a vida acadêmica surgia mais complexa do que aquilo que imagina, porém, impulsionou-me ao exigir que eu refletisse sobre os acontecimentos do passado, para o entendimento do presente a projeção do futuro.
As condições de trabalho, principalmente, são o grande problema do momento. No meu passado, tive falta de apoio no meu trabalho, e falta de condições de continuar os estudos para um maior aperfeiçoamento na profissão. Hoje, quem para de buscar inovações, para no tempo, não consegue mais trabalho, porque a situação do mundo exige isto, a evolução é grande.
Em determinados momentos tive professores que me levaram a uma reflexão crítica sobre o que, até então era meu objetivo – “ser uma profissional com responsabilidade e condições de permitir a meus alunos o exercício da cidadania”, que até então, no meu pensar, não conseguia dar aos meus alunos, uma visão que eles necessitavam.
Com certeza consegui compreender que a Universidade jamais daria receita pronta e/ou formulas magicas, pois este não é o papel da academia. Assim, compreendi que, o que a Universidade me propunha era a construção da minha autonomia como ser pensante e, consequentemente, como profissional, assumindo a responsabilidade pelas minhas decisões e busca de novos caminhos.
Em outras palavras, seria eu mesma que deveria encontrar junto, com meus alunos, a direção de nossas praticas cotidianas, refazendo, repensando e corrigindo possíveis falhas, munida de instrumentais indispensáveis.
A partir do desespero, das dúvidas, comecei a valorizar as pesquisas e as leituras dos textos, procurando descobrir novas metodologias de ensino que facilitassem a apresentação dos conteúdos para os alunos. Neste curso, passei a ser mais criativa, desenvolvi o que eu tinha no meu íntimo e tinha medo de expor, achando sempre que estava errada, enfim, o curso proporcionou-me maior liberdade.
O curso de Pedagogia, na estrutura e dinâmica organizacional do seu currículo, apresentava-se com a perspectiva de aprofundamento dos conhecimentos profissionais gerais e específicos, viabilizando, com isto, o desenvolvimento de habilidade e atitudes para o trabalho pedagógico.
Aos poucos fui compreendendo que o acesso ás teorias estudadas, eram suportes fluentes e eficazes para o entendimento daquilo que fui buscar no curso de Pedagogia, bem como, da minha prática pedagógica. Assim, alertei-me de que para compreender o contexto pedagógico, a educação como um todo, faz-se necessário o acesso aos estudos já realizados por diferentes áreas do conhecimento, acesso as teorias existentes, para podermos identificar o que somos como profissionais e aquilo que almejamos ser.
Durante estes quatro anos de curso adquiri grande bagagem para a melhoria da minha atuação como professora. Uma das questões que me marcou, pela minha formação tradicional, foi a compreensão de que, para a formação de hábitos e disciplinas não há necessidade de se reprimir os alunos, muito pelo contrário, devemos conduzir o processo educativo de forma a encaminha-los para o desenvolvimento da sociabilidade, facilitando o seu aprendizado, cientifico, ético e moral.
No decorrer desses quatro anos, consegui entender que o importante mesmo era saber ouvir, estudar, participar para melhor compreender a importância das ciências, em geral, para minha atuação profissional, e consequentemente, compreender que o aprofundamento dos limites e possibilidades da educação, necessariamente, envolve outras ciências.
Nesta abordagem sobre a contribuição do curso de Pedagogia na minha vida profissional, é importante salientar o papel significativo que tiveram os Seminários Integradores. Estes serviram como elemento mobilizador da reflexão sobre meu papel como educadora.
A partir deste curso, minha maneira de ensinar sofreu alterações marcantes, uma vez que, estava habituada ao sistema tradicional de ensino. Através das reflexões e discussões em sala, repensei a minha didática e metodologia de ensino.
O curso de Pedagogia, deixou em mim uma grande necessidade de mudança na minha prática pedagógica. Devemos saber executar na prática os projetos pedagógicos, e a prática de ensinar, é um grande desafio que envolve todas as ciências. Devo destacar que a omissão era grande mal da minha vida profissional, porém, novos rumos apresentavam-se à minha frente e sei que posso ser um agente de transformação.
Sinto-me capaz de estabelecer uma relação sincera no ambiente de trabalho, para que o meu fazer pedagógico seja respeitado. Nestes quatro anos de estudo, ficou claro que, para que a escola possa desempenhar sua função social, é essencial sua vinculação com as questões sociais e com os valores democráticos, não só do ponto de vista da seleção e tratamento dos conteúdos, como também da própria organização escolar. As normas de funcionamento e os valores, implícitos e explícitos, que regem a atuação das pessoas na escola são determinantes da qualidade do ensino, interferindo de maneira significativa sobre a formação dos alunos.
Assim, o curso de Pedagogia proporcionou-me essa consideração sobre a educação. Dificuldades apareceram no decorrer dos quatro anos de estudos, discussões, debates. Mas todas foram superadas, uma vez que, esse é o objetivo do curso, proporcionar as dificuldades para que nós mesmos pudéssemos resolvê-los e assim, desenvolver nosso pensamento.
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Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:
SCHORR, Maurici Oliveira Rosa. Desafios e conquistas de uma educadora. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, N. 03, Jul. 2017. <http://aces4r.wixsite.com/revistacientifica/ed-3-art-7>. Data de acesso: