A INFLUÊNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINOAPRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA
Alex Ramos de Souza
Camila Ramos de Souza
Rosimar Ramos de Souza
Resumo
Não nos é possível falar, na atualidade, do homem, como ser histórico e sociável, ser que ensina e aprende no inter-relacionamento, sem abordar detalhadamente e com cuidado o próprio contexto social criado pelos homens, juntos principalmente nos últimos cem anos. Se não fosse a tendência egoísta do homem de sempre colocar a si mesmo e suas conquistas individuais como fruto da sua vontade ou do seu querer individual, sem analisar o entorno social, seria uma desnecessidade aqui dizer que os homens fazem o ambiente cultural, mas, em seguida, se veem como uma aranha presa nas próprias teias que ela mesma construiu. Sim, porque o mundo cultural e ideológico criado pelos homens agora tem domínio sobre eles. A questão, como acabamos de ver, não é aprender, mas o que e como aprender, de modo que tal aprender não interfira negativamente no ajuste da personalidade e contribua para uma socialização harmoniosa – a saber: de maneira que o ser cidadão e o ser individual e subjetivo não sejam componentes opostos, mas complementares. Nossas escolas já não estão repassando muito bem os conteúdos e coisa e tal? Não é ser da turma do contra. Digo isso porque há quem adora inventar um contraponto somente para se fazer de questionador, poder se destacar defendendo – segundo ele – uma ideia que diz ser nova. Mas a verdade é uma só: todos são unânimes em reconhecer que o homem e a sociedade estão em crises.
PALAVRAS-CHAVE: ensino aprendizagem, tecnologia, crise da língua.
1. INTRODUÇÃO
“O desenvolvimento de uma consciência crítica que permite ao homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente. Na medida em que os homens, dentro de sua sociedade, vão temporalizando os espaços geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora”. Paulo Freire
A mente humana possui seu ritmo próprio de lidar com o que nos é imposto pelas situações cotidianas; ao seu modo, a nossa mente procura driblar obstáculos, desvelar alternativas que salvem a sobrevivência intacta do nosso Eu. No entanto, atualmente a cobrança feita ao nosso Eu é recheada de contradições, tão volumosas e com frequência tão acelerada, que nossos mecanismos conscientes e inconscientes de adaptação não dão conta de processá-los, deixando, então, aparecerem os visíveis transtornos de adaptação e, entre eles, a propalada crise de identidade.
... as identidades nunca são unificadas; que são, na modernidade tardia, cada vez mais fragmentadas e fraturadas; que elas nunca são singulares, mas multiplamente construídas ao longo de discursos, práticas e posições que se cruzam e até podem ser antagônicas. As identidades estão sujeitas a uma historicidade radical, constantemente em processo de mudança e transformação. (Hall, 2000, p.37)
As redes sociais, no caso, em si, não são culpadas pelo que nos está acontecendo; mas os novos padrões de vida impostos pela máquina do consumismo é que nos leva a pensar que podemos tudo. A mente de nossas crianças e jovens, diante dos computadores, fica perdida, pois, ainda em formação a personalidade, nossas crianças e jovens não sabem ainda lidar com as contradições e volume das informações que acessam: aqui uma mensagem que diz que os bons costumes, a família e amigos são os bens mais preciosos, ali outra mensagens afirma que devemos arriscar tudo, viver cada momento com a máxima intensidade porque a vida é incerta além de breve; mais adiante um vídeo nos leva a refletir nas mensagens semeadas por Jesus Cristo nos alertando que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos e que o amor deve estar na base do agir de todos; porém, nem bem acabou a reflexão, aparece na tela outro vídeo enviado não sabe por quem fazendo troça do amor incutindo em nossa mente que o mundo é dos mais espertos; mais adiante nosso jovem ouve outra mensagem de cunho religioso advertindo que não devemos acumular tesouro na terra, pois a traça e a ferrugem corroem, mas nem começou a refletir no significado do que ouviu se defronta com um bombardeio de apelos para consumir tudo, pois o que faz a pessoa é a aparência, o tipo de roupa que exibe a grife do tênis que calça ou a marca do celular que ostenta. Uai! Tem mente que entende mensagens tão contraditórias assim?
O presente trabalho visa analisar a influência das novas tecnologias no ensino aprendizagem da Língua Portuguesa Escrita. Para tanto foram entrevistados professores que lecionam a disciplina de português em escolas públicas de Sorriso/ MT e os dados refletidos a partir de bibliografia sobre o tema. O estudo conclui que as novas tecnologias pode ser instrumento da língua portuguesa, porém também pode atrapalhar o mesmo.
2. LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA
"LÍNGUA PORTUGUESA"
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac (1865 - 1918)
Linguagem é um instrumento de interação interpessoal e social, capaz de habilitar o ser humano no desempenho de suas tarefas comunicativas, por meio de gestos, mímica e/ ou a palavra escrita, falada ou sinalizada. Ela se realiza na modalidade oral e escrita através de níveis diferentes.
...a língua é uma capacidade inata do homem, que lhe permite reconhecer as sentenças, atribuindo-lhes uma representação fonológica... A teoria da língua como estrutura postula que as diferentes línguas naturais dispõem de um sistema composto por signos, distintos entre si por contrastes, organizados em níveis fonológico e gramatical...a língua como uma atividade social, por meio da qual veiculamos as informações, externamos nossos sentimentos e agimos sobre o outro. (Castilho 2000, p.11)
A fala tem a função de trazer a informação, é claro, dentro de um dado contexto, valendo-se de expressões coloquiais ou bem formalizada conforme as circunstâncias. A escrita, diferentemente da linguagem falada, exige em si mesma maior conformidade com a norma padronizada, pois, caso contrário pode comprometer o conteúdo comunicado, e não é uma simples transcrição do que falamos; entre as palavras deve haver determinadas conexões e regras de concordância, ao que é chamado de arranjo sintático ou sintaxe.
Na linguagem oral, existe certa informalidade no discurso, o orador tende a ser espontâneo, sentindo-se mais livre para exposição das ideias, principalmente se seu interlocutor lhe é alguém familiar, os gestos aí aparecem facilitando a tarefa do comunicador de maneira espetacular – o que não ocorre com a linguagem escrita, onde a correção, o cuidado com o arranjo sintático serve justamente para suprir a necessidade de uma boa comunicação. Por outro lado, a própria linguagem escrita favorece a correção, uma vez que permite maior tempo para reflexão.
A possibilidade de cometer algum erro na linguagem oral é mais fácil, pois é possível que aja desvio no raciocínio, enquanto isso na escrita o autor consegue visualizar e corrigir erros que não possível fazer na oralidade.
Como sistema de representação, o aprendizado da escrita consiste na apropriação de um objeto de conhecimento, de natureza simbólica, que representa a linguagem. Durante esse processo de apropriação, tanto a representação simbólica da linguagem como a linguagem são afetadas pela escrita.
A escrita não pode ser considerada como uma representação da fala, pois não consegue reproduzir fenômenos como: gestualidade, expressão facial e corporal, entonação de voz e hesitações, nem todas as nuancem emocionais que nos acompanham a alma A escrita possui suas próprias características: tamanho de letra, cores e formato que não estão presentes na fala. E por que essa distância entre as duas modalidades? É que, comparando o tempo de criação das duas, quando nasceu a linguagem escrita entre os homens, a linguagem falada já era uma anciã. Desde o início do aparecimento do homem na Terra, ele, de alguma forma (que não era a escrita) interagiu e comunicou.
Portanto, quando falamos de língua falada e língua escrita, tenhamos clara consciência de que uma não é a simples representação da outra.
A língua escrita sempre ocupou o papel principal no ensino de Língua Portuguesa, considerada a forma “certa” da linguagem. A fala, por sua vez, esteve relegada a um segundo plano e, quando muito, foi ensinada com base na escrita (como se essa tivesse dado origem aquela), não se vendo nela objeto de estudo.
A língua escrita é mais rígida, especialmente quando se trata de uma língua escrita literária ou científica, na qual se usa a norma culta. Mesmo a linguagem escrita apresentando grau de não se pode afirmar que ela não apresenta variação, pois quando ao escrever um bilhete para alguém, por exemplo, você vai levar em consideração a classe social, cultura, escolaridade dessa pessoa para que possa assim atingir uma boa comunicação.
3. A CRISE DA LÍNGUA ESCRITA E AS NOVAS TECNOLOGIAS
O MITO DA TELINHA
A tecnologia, se usada para o bem.
Não tem contrassenso também.
É como os demais instrumentos.
Pra usá-los é preciso entendimento.
Não só a tecnologia
Deve ser usada com maestria.
É preciso competência
Pra fazer a diferença.
Temos aí a reciclagem
Contribuindo para a aprendizagem.
Por que o uso do computador
Pode tornar-se ameaçador?
Quando usado na escola
O computador não extrapola.
Tem a presença do professor
Para ser o condutor.
Quando a busca pelo saber
Vem de encontro ao nosso querer,
A tecnologia mais avançada
Pode ajudar nesta jornada.
No uso do computador
Não se é mero espectador.
Vai existir a interação
Com a nossa participação.
O computador é um aliado
Na luta pela educação.
Serão muitos os beneficiados
Com a sua inserção.
O que está no contexto,
Sobre o uso do computador,
Depende muito do êxito
Daquele que é professor.
Bem menciona Rubem Alves,
Sobre a caverna platônica,
As sombras não eram explicáveis.
Na época eram antagônicas.
O mito da telinha
Lembra o mito da caverna.
Numa cultura mesquinha,
O conhecimento se hiberna.
Hoje se fala muito nas escolas sobre certa crise no ensino-aprendizagem da língua escrita; diz- se está cada vez mais difícil ensinar nossos alunos a escreverem corretamente. Isso estaria mesmo ocorrendo? Como os profissionais em sala de aula detectam tal dificuldade?
Bem, o que se sabe é que nunca foi tarefa fácil para quem escreve transformar em palavras escritas o que é engendrado no espírito humano; outra verdade inegável para qualquer estudioso da área de linguagem é que nenhuma língua no mundo – e a Língua portuguesa não escapa, não é exceção – é escrita do jeito que é falada. Aí, sim, esta é e sempre foi um terrível obstáculo que o escritor teve e terá que vencer.
Mas a questão é: Por que hoje está mais difícil fazer o nosso aluno escrever corretamente conforme as normas gramaticais que antes? A língua não é a mesma e não são as mesmas as regras de escrita? O que então dificultou o processo? Me desculpem os que me acharem simplória porque vejo as causas disso tudo muito óbvias e também me perdoem por ter aqui iniciado uma frase com um pronome oblíquo. Há quem diga: começa uma frase com o pronome ME e ainda quer escrever? Ocorre que, nas escolas brasileiras, não é somente a linguagem que encontra resistência nos nossos alunos. Senão perguntem aos professores das demais áreas: biologia, geografia, História, matemática... Então, creio mais acertado falar em crise da Educação brasileira e aí, é claro, se inclui a Linguagem.
Eu aqui estou me lembrando de uma época em que a escrita bem legível era praticamente o único meio de registrar ideias, transmitir recados, e, logicamente, aprender na escola. O professor, de qualquer disciplina, entrava na sala e não tinha muito blábláblá: começava a encher o quadro negro de cima em baixo, apagava-o e tornava e encher. Os alunos, obedientemente enfileirados, tudo copiava, sem reclamar cansaço ou lá o que fosse. Aliás, faziam com gosto e se orgulhava de tudo escrever e muitos se enchiam de vaidade por terminarem antes que o colega ao lado. Na aula de português, ouviam com entusiasmo o professor falar de mesóclise, ênclise, próclise e etc.; Hoje, antes mesmo de o professor fazer a chamada, os alunos já reclamam com enfado: ”Professor, vamos escrever hoje não, vamos conversar sobre...” Aliás, a maioria dos nossos professores hoje escreve pouquíssimo no quadro: carregam suas aulas num pendrive, mostram os conteúdos em slides e pronto!
As mudanças ocorrem apesar de as pessoas quererem ou não, de quando nos preparamos profissionalmente para enfrentá-las. Nesse sentido, partimos do princípio de que sempre estamos aquém do desejado e de que precisamos constantemente nos atualizar, pois somos ad eternum expostos aos desafios e convocados a lidar com expectativas que nos mobilizam para novo.( DOLDATELLI PAVIANI;DAMINIANI, 2012,p.)
De outro lado não podemos esquecer que se foi embora o tempo em que o homem se orgulhava de aprender alguma coisa, e que era valorizado o indivíduo que sabia fazer algo com esmero. Hoje no mundo dos múltiplos objetos e do consumismo sem freio, o valor se transferiu das pessoas para as coisas, e as pessoas passaram a ter valor na proporção dos objetos que carregam, no seu poder de consumo. Que valor vê o aluno, ou qualquer indivíduo no seu texto bem redigido, nas palavras que escreve graficamente correta, se nada disso causa admiração senão no pobre professor! Que atração pode hoje um livro causar sobre nossos alunos, se ele pode ouvir, ver tudo dos livros nos vídeos mais sofisticados, elaborados pela mais alta tecnologia? Por que o aluno se desgastaria fazendo longas anotações se, em casa, ele antes mesmo de digitar todo o tema na tela do computador, tudo se desnuda à sua frente, causando-lhe espanto no espírito, diferentemente de outros tempos, quando o saber de um indivíduo era o que causava espanto no outro? Nesse momento, o indivíduo como que esquece que tudo que lhe aparece na tela do computador não é senão produção dos próprios homens juntos no seu fazer cotidiano, na construção do saber. Ou seja, o que o homem produz se torna algo estranho, algo mágico, desvinculado do aqui e agora, como que o “feitiço” que ameaça a tranquilidade do próprio feiticeiro.
As tecnologias de informação, de comunicação têm transformado a vida das pessoas nos centros urbanos: celular, câmera digital, Ipod, vídeo gane, tablet e palm. Por meio da digitalização, a computação (a informação e suas aplicações), as comunicações (transmissão e recepção de dados, vos, imagens etc.) e os conteúdos (livros, filmes, pinturas, fotografias, música etc.) convergem: o computador vira um aparelho de TV, a foto sai do álbum para o CD-ROM e pelo telefone se conecta na internet (TAKAHASHU,2000), uma subversão do conceito de suporte textual (MARCUSCHI), 2003)tal qual como conhecemos. (apud SOLDATELLI PAVIANI;DAMINIANI)
A exuberante divisão social do trabalho desembocou hoje no automatismo, ou seja, o objeto que o homem criou como que passa a ser criador substituindo o próprio homem. O homem deixou de ser, o que agia, o que fazia as coisas e, portanto, o que tinha importância nas relações sociais. Olha, e se o homem hoje deixou de ser, nada mais normal que vermos a linguagem escrita em decadência já que ela não é algo fora do homem, mas algo que lhe é intrínseco, ainda que pelo próprio homem construído através dos tempos. Percebemos ainda que a linguagem sendo uma instituição humana tende, como toda instituição, a ser cristalizada com o passar do tempo. Ou seja, conscientemente, a maioria dos homens já não acreditam que tais instituições foram por eles inventadas, veem-nas como algo que lhes foi imposto, dado gratuitamente pelo grande Criador no ato da criação, sem lhe custar nenhum esforço, e essa visão se distorce ainda mais rapidamente quando tudo é manipulado através do dinheiro, a benefício do Grande Capital. Hoje, a palavra, principalmente a escrita se torna mola mestra para articular meios que acelere o consumismo que já se encontra sem freio.
Não podemos negar os benefícios que as novas tecnologias, principalmente na área da comunicação trouxeram ao ser humano. Na sala de aula o professor conta com mais possibilidades de enriquecer suas aulas. Selecionar texto, corrigir erros, promovendo aulas mais dinâmicas. E os sites de relacionamentos então? Incrível né... Poder contatar com colegas de trabalho e alunos, pedindo e emitindo sugestões com uma rapidez inimaginável. Diante das novas tecnologias as dificuldades se esvaem em questão de segundos.
Mas vamos olhar mais racionalmente para a tecnologia e ver que não são apenas fatos positivos que a acompanham, e é sabido que as próprias inovações tecnológicas no campo da comunicação também têm contribuído para a crise da escrita, uma vez que montar um texto consertar a grafia de uma palavra que foi escrita inadvertidamente, resumir um texto pedido pelo professor se tornou quase que uma operação mecânica, automática, sem exigir do aluno o esforço mental de tempos idos. Se estiver digitando uma palavra e em vez de s escrevo z, imediatamente o mecanismo eletrônico detecta-me o erro oferecendo a opção de correção e alternativa correta. Ou seja, a tecnologia que deveria nos auxiliar no uso da linguagem escrita, levando-nos ao aperfeiçoamento, trouxe-nos certa preguiça mental e desativação da memória, pois não queremos mais nos dar ao luxo de guardar no espírito o conhecimento construído a duras penas durante a história dos homens.
Ao contrário, preferimos pegar tudo pronto, e o tempo que antes gastávamos no estudo sério agora o empregamos ou no corre-corre do cotidiano ou nas preocupações de como consumir mais e mais. E se por um lado os sites de relacionamentos podem se trocar ideias mais facilmente, por outro vem colaborando para a comunicação ser menos autêntica, fragmentada e desprovida de alma.
Bem, mas as coisas vão continuar assim, e os professores, no nosso caso, da área da linguagem, vão aceitar passivamente que a internet e o computador amorteçam para sempre a memória e a vontade de saber dos nossos alunos... Evidentemente que não. É possível uma intervenção e retomada de caminhada nessa área do conhecimento, é algo que vai além de corrigir os erros gramaticais porque isso o computador também faz, cabe ao educador instigar os alunos a usar essas ferramentas a seu favor, pois felizmente ou talvez infelizmente é algo que está a nossa volta, a todo tempo e a todo instante.
As pessoas participam, direta ou indiretamente, da “digitalização” das práticas sociais: ao consultar um leitor de preços no supermercado, ao pagar uma compra com cartão de crédito, ao enviar um torpedo, ao votar, ao receber uma conta com código de barras. O denominado letramento digital tem sido considerado uma necessidade e o desconhecimento completo dos usos e funções do computador são sinônimos de exclusão (BRAGA e RICARTE,2005 apud Fernando Freire)
Agora cabe a pergunta: Então culpa da crise da Língua Escrita é das novas tecnologias? Não cabe aqui culpar a tecnologia, pois ela sempre existiu dentro da educação, de uma forma ou de outra. Mesmo antes quando os alunos se orgulhavam dos textos sem erros e os professores enchiam os quadros mesmo nessa época existia tecnologia, pois o quadro negro e o giz eram ferramentas tecnológicas naquela época. E hoje nas escolas os professores se orgulham dizendo que usam aulas mais dinâmicas através do retroprojetor e filmes. O que acontece é que as novas tecnologias é um novo desafio aos profissionais da educação é como usar essas ferramentas em sala de aula é um desafio ainda maior.
O propósito da escola deveria ser o de desenvolver as inteligências e ajudar as pessoas a atingirem objetivos de ocupação e passatempo adequados ao seu espectro particular de inteligências. As pessoas que são ajudadas a fazer isso (...) se sentem mais engajadas e competentes, e, portanto mais inclinadas a servirem a sociedade de uma maneira construtiva. (GARDNER, 2000, p.16)
O que acontece é que para inserir o uso de tecnologias no âmbito escolar, deve-se preocupar em aperfeiçoar dos profissionais nesse contexto, pois infelizmente as escolas, nem o governo preparam os professores uma nova didática onde a tecnologia seja uma ferramenta instigadora do conhecimento. Comprovação disso é que fomos a pesquisa campo em escolas públicas de sorriso para constatar essa realidade através dos profissionais da área da linguagem. Como relatou Levy (2000, p.158 apud DOLDATELLI PAVIANI; DAMINIANI) “ O saber-fluxo, o trabalho-transação de conhecimento, as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva mudam profundamente os dados do problema da educação e de formação.”
4- ANÁLISES DOS RESULTADOS
“O mundo e a vida nada mais são do que uma grande teia de relações e conexões, e o ser humano um fio particular dessa teia”. Maria Cândida Moraes
Uma das entrevistadas foi a professora A, ela relatou que trabalha a mais de cinco anos em uma escola estadual de sorriso- MT, onde o uso de celular é proibido (um clamor generalizado dos professores contra o uso de celulares em sala de aula por parte dos alunos acabou se convertendo em lei Estadual). Formou-se pela UNEMAT, disse ainda que escolheu o magistério como profissão porque ensinar e aprender são algo intrínseco de seu dia a dia e que, portando, é realizada profissionalmente. Sobre o uso das novas tecnologias ela diz: “acho importante o uso em sala de aula de todos os recursos que possam vir a contribuir para a construção do saber, sim, mas de forma direcionada, planejada, pensada e repensada de modo a serem instrumentos didáticos– não o uso aleatório como tem ocorrido, dispersando a concentração do educando, fragmentando o conhecimento; não falo com meus alunos em aplicativos, pois se nem nas aulas eles entendem o conteúdo, imagina nos whats que não tem como fazer uma explicação minuciosa”. Quando foi perguntado à professora se ela já procurou a grafia certa no dicionário deste ou daquele termo, em caso de dúvida, antes de mandar uma palavra no whats, ela disse que sim– já algumas vezes, pois ser-lhe-ia desmesurável pretensão dizer que nunca, visto que, por ser professora, domina todo conteúdo pertinente a sua área de atuação não.
A professora B, trabalha há quase cinco anos na educação, formou-se na universidade a distância e a escola em que trabalha não permite, assim como no caso da professora anteriormente citada, o uso de aparelhos celulares em sala de aula, nem qualquer aparelho eletrônico, para qualquer fim; só os usam os professores, desde que como recurso pedagógico, como o retroprojetor, data show... Esta, diferentemente da professora anteriormente entrevistada, não se mostrou tão entusiástica quando falou de sua escolha profissional: disse que escolheu a profissão mais pelas condições econômicas por que passava no momento do que por uma necessidade subjetiva, como no caso da professora A. Sobre as novas tecnologias ela diz que acha importante, no entanto, é um desafio no sentido de a escola vincular tais recursos dentro dos nossos atuais métodos didáticos. E nesse momento lembrou a questão da proibição de celulares em sala de aula “os professores ainda não têm meios de fazer com que os alunos os usem de uma maneira que auxilie na construção do conhecimento”. Então? Qual a melhor saída? Proibir.
Já a professora C, se formou na universidade da Uninter e leciona há sete anos. Os principais motivos que a levaram a optar pela profissão foi que, fazendo a faculdade, ele aumentaria o seu conhecimento próprio elevando suas chances no mercado de trabalho, melhorando a autoestima; e ser professora não lhe parecia algo estranho já que uma tia com quem tinha muita afinidade era formada em Letras. Não fez nenhuma especialização, mas disse que isso não está fora dos seus próximos objetivos.
A sua experiência nos primeiros anos de professora foi bem difícil, pois acreditava que podia mudar a realidade educacional em sua volta somente através de sua visão de mundo e com os recursos que aprendera na faculdade; via nos colegas que estavam há mais tempo na educação como que uma certa indiferença e conformismos diante dos obstáculos encontrados em sala de aula; dizia querer ser diferente e não se deixar contaminar pelo pessimismo. Frequentemente se incomodava com a postura de certos colegas quando ela defendia uma ideia que julgava mais ousada. Eles diziam que aquilo era coisa de “noviça”, de quem não conhece o nosso sistema educacional e que o tempo iria encarregar de colocá-la no seu devido lugar.
Quanto aos avanços tecnológicos na área da comunicação trazem muitos desafios às escolas, pois tem o lado positivo e negativo, também. O positivo é que assim os jovens e adolescentes conseguem sair da cansativa rotina da sala de aula, pesquisar e explorar mais a internet, estimular a curiosidade, etc. O lado negativo, continuou ela, não está na tecnologia em si, como nada em si mesmo é mau ou bom; estes dois conceitos são construídos pelos homens dentro de um determinado contexto histórico-sócio-moral. Diz a professora indagada que com os avanços galopantes da tecnologias os homens não tiveram o tempo suficiente de organizá-los em seu interior, fazendo o uso indiscriminado ou deles fazendo uso mais para satisfazer certa curiosidade do que para atingir claros objetivos. Daí alunos e os próprios profissionais da educação ainda se encontrarem perdidos ante essa realidade das últimas invenções do homem; creem que podem deles fazer uso no processo ensino pedagógico, mas não sabem como nem por onde começarem. Certo que de algum modo são úteis nas relações humanas, mas está fragmentando tanto as relações quanto o conhecimento: estamos sabendo de quase tudo, porém sem saber de quase nada.
A educação em suas relações com a Tecnologia pressupõe uma rediscussão de seus fundamentos em termos de desenvolvimento curricular e formação de professores, assim como a exploração de novas formas de incrementar o processo ensino-aprendizagem. (CARVALHO, KRUGER, BASTOS, 2000, p. 15).
Ante o que ouvimos das três professoras podemos tecer rápida, mas não superficial consideração sobre a educação e as novas tecnologias. Há, sim, real interesse por parte dos professores de integrar sua prática pedagógica cotidiana às novas descobertas tecnológicas; não podemos admitir a escola desvinculada do grande contexto social em que está inserida. No entanto, antes se faz necessário a revisão dos procedimentos pedagógicos. Temos que sair dessa “achologia” de que está impregnada a educação, onde todos só pensam que sabem. Não há como “colocar vinho novos em odres velhos”. Achar que se pode trazer toda novidade para dentro da sala de aula somente por trazer não é o correto.
É necessário que os pensadores da educação, juntamente com os professores que atuam na ponta do sistema, juntos, façam estudo acurado das novas realidades por que passam o ser humano. Depois, sim, de descobertos meios seguros de como se devem usar os novos mecanismos tecnológicos no processo pedagógico, então pô-los em prática.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino da língua portuguesa escrita em nossos dias atuais tem se tornado um desafio para os professores da área da linguagem. Com avanço das novas tecnologias o professor conta com mil possibilidades para inovações de suas aulas, mas ao mesmo tempo a utilização dessas ferramentas no ensino aprendizagem exige do professor uma postura diferenciada, uma postura onde as novas tecnologias podem ser usadas como ferramentas para instigar os alunos a estudarem, sempre indo em busca de novos conhecimentos. Dessa forma conclui-se que as tecnologias é um meio favorável para utilização em sala de aula, mas o que acontece é que muitos professores não estão preparados para ser desafiado a incluir a novas tecnologias em suas aulas.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATANERO, Carmen, Didáctica de la Estadística, Universidade de Granada, Espanha: 2001. Disponível em: <http://www.ugr.es/~batanero/publicaciones.htm>. Acesso em 10 jan. 2004.
CARVALHO, Marilia G.; Bastos, João A. de S. L., Kruger, Eduardo L. de A./ Apropriação do conhecimento tecnológico. CEEFET-PR, 2000. Cap. Primeiro.
CASTILHO, A. T. de. A língua falada no ensino de português. São Paulo: Contexto, 2000.
FREIRE, Fernanda. Linguagem, tecnologia, conhecimento e suas relações no contexto de formação continuada de professores. Revista do Laboratório de Estudos Urbanos do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade – RUA. Campinas: Unicamp. N.15, vol. 2, p. 69- 89, Novembro de 2009.
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. (Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronese)
PAVIANI, Neires Maria; DAMIANI, Suzana. Educação, Linguagem e Tecnologia: o professor de português e a leitura de gêneros discursivos escritos na web. Artigo publicado nos anais da IV Anped Sul. Caxias do Sul: UCS. De 29 de julho a 1º de agosto de 2012.
Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:
SOUZA, Alex Ramos de. SOUZA, Camila Ramos de. SOUZA, Rosimar Ramos de. A influência das novas tecnologias no ensinoaprendizagem da Língua Portuguesa escrita. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, N. 03, Jul. 2017. <http://aces4r.wixsite.com/revistacientifica/ed-3-art-2>. Data de acesso: