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EDUCAÇÃO INCLUSIVA

 

Andreza Aparecida Bertacini

Lucas Gonçalves de Oliveira Alves

Maria Solange Pinheiro de Sousa

 

 

RESUMO

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Este trabalho teve por objetivo diagnosticar a realidade inclusiva nas escolas do município de Sorriso-MT, através de pesquisas, leituras e análises de várias escolas municipais de Sorriso, pretendeu-se no presente artigo aduzir aspectos relevantes sobre o tema abordado. No entanto, percebe-se que nas últimas décadas muito se tem debatido sobre um sistema educacional inclusivo, sendo as esferas política, cultural, social e pedagógica, tendo se manifestado em prol do direito de todos a uma educação de qualidade. Diante disso, esse estudo tem como temática central analisar se realmente há a inclusão nas escolas do município de Sorriso, sendo assim, planear a visão histórica da educação inclusiva no Brasil até a contemporaneidade, obtendo como objetivo discutir os avanços sociais, pedagógicos e tecnológicos que vêm ampliando esse cenário nas escolas regular do município e do Brasil. Mais especificamente, pretendeu-se analisar a educação especial atualmente, apontando questões ligadas à inclusão social e escolar das pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Conforme supramencionado, a metodologia constitui por meio de uma pesquisa qualitativa, através de uma análise bibliográfica e documental.

 

Palavras-chave: Educação Inclusiva. História. Contemporaneidade.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Muito se discute sobre inclusão, mas pouco se sabe realmente o que fazer com aquele aluno que está incluso em um ambiente escolar. Assim evidencia-se a não aceitação das escolas ou classes especiais pelo claro território corporativo que eles geram: dividem os alunos em “normais” e “especiais”; atribuem a alguns profissionais a responsabilidade da educação de alunos com deficiência e com necessidades educacionais especiais; são reforçados aos currículos e práticas diferenciadas entre outros.

Se a escola pública ainda não oferece condições estruturais e ensino de qualidade para todos os alunos, promover as mudanças preconizadas na legislação para atender as necessidades desse grupo de aluno consiste no grande desafio para a implantação de sistemas inclusivos.

Nos dias atuais, a escola tem um papel fundamental para ajudar a incluir esses jovens na vida em sociedade. Más já houve tempos, porém, que ela própria segregava e discriminava aqueles que se mostravam diferentes. Foi longo o caminho até que ingressasse no espaço escolar a concepção de educação inclusiva, com vista à resignificar a prática educativa pelo reconhecimento da necessidade de atender indiscriminadamente a todos os alunos.

A educação inclusiva trata-se de um movimento que compreende a educação como um direito humano fundamental e a base de uma sociedade mais justa, que se preocupa em atender a todas as pessoas a respeito de suas características, desvantagens ou dificuldades e habilitar todas as escolas para o atendimento da sua comunidade, concentrando-se naqueles alunos que têm sido mais excluídos das oportunidades educacionais.

 

 

PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO PARA DEFICIENTES

 

Conforme dados da Secretaria de Educação de Cultura de São Paulo, em texto publicado no ano de 1986, o conceito de alfabetização se procede da seguinte forma: Num sentido amplo, alfabetização é entendida como fator de mudança de comportamento diante do universo que possibilita ao homem integrar-se à sociedade de forma crítica e dinâmica. Num sentido estrito significa o estabelecimento de correspondência entre sinais gráficos e sonoros, a tradução do código oral para o código escrito. Trata-se de um mecanismo que supõe o domínio dos automatismos da leitura e da escrita.

Segundo Machado (1986), o ensino sistemático ocorre nas séries iniciais do ensino fundamental e nas classes especiais para os deficientes mentais, com aqueles alunos que atingiram o nível II, prosseguindo nos níveis III e IV, completando-se ao longo da escolarização e da vida. Esse é um processo de aprendizagem da leitura e da escrita, cuja terminalidade não acontece em determinado momento escolar, como se acreditava na escola tradicional, mas no transcorrer de toda a vida do sujeito, mesmo com necessidades educacionais especiais.

Na escola, a alfabetização deve ser trabalhada através dos conteúdos não só da área de Comunicação e Expressão, mas também dos conteúdos da área de Ciências e de Estudos Sociais, ou seja, com o aluno especial deverá ser trabalhado o mesmo currículo que o aluno comum, o que diferenciará é a metodologia especializada e o tempo cronológico para aprender.

A alfabetização consiste na aprendizagem da leitura e da escrita. O processo passivo voltado aos estímulos visuais, auditivos e motores, inibem o pensamento e não produz aprendizagem. A aprendizagem da leitura e da escrita deve ocorrer dentro de um processo ativo, estimulando as estruturas cognitivas, levando o aluno a compreender o que é leitura e escrita dentro da consciência fonoaudiológica.

Nesta visão de alfabetização, é necessário ao professor o conhecimento de dois objetivos:

  • Criar situações que levem os alunos a internalizarem os mecanismos da leitura e da escrita;

  • Estimular os alunos a desenvolverem a compreensão da linguagem oral e escrita e expressar os seus pensamentos graficamente.

Esses objetivos são alcançados quando o aluno lê e compreende o que lê da mesma forma, escreve de maneira legível e compreensível para si e para os outros.

 

 

BRINCAR E EDUCAR PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

 

Quase sempre nos voltamos a uma criança, com o sentido de educa-la. Mas afinal, o que quer dizer educação?

Acreditamos que em primeiro lugar é ajudar a criança a ficar independente. Conforme Heymeyer (1995), a primeira independência que ela adquire é o brincar.

Porém, queremos transmitir nossos costumes e nossa cultura, e isso a criança aprende através da vivência, do fazer, da imitação dos seus semelhantes. Também queremos transmitir nossos conhecimentos, como escrever, falar, ler nossa língua materna e fazer contas – conhecimentos estes que são básicos para nossa civilização. Segundo Heymeyer (1995), para aprender tudo isso, a criança precisa se esforçar precisa prestar atenção, memorizar, reproduzir, fazer provas.

A autora ressalta que antigamente, a criança de sete anos já trabalhava junto com os pais, adquiria os conhecimentos do oficio do pai trabalhando junto. Hoje esperamos da nossa criança que ela estude, ou seja, que “trabalhe” na escola. E da escola esperamos que ensine a criança o que ela precisa para viver independentemente.

Mas, a vida não é só trabalho. Ela não pode ser só esforço. Piaget escreve que “o motor da ação é o afetivo”, o gostar de fazer. Heymeyer (1995) acredita que a criança gosta de fazer, ela treina para fazer melhor. Quando aquilo se torna fácil de ser feito, então passa a ser brincadeira. E então, ela pode criar. Ela brinca com seus conhecimentos quando sabe cantar, ela canta enquanto trabalha. Quando sabe dançar, ela dança nas festas, quando sabe ler, gosta de ler. Ou seja, brincar é gostar de fazer algo pelo prazer de saber fazer, pelo prazer de estar junto com outros, pelo prazer de conhecer, compreender.

Heymeyer (1995) destaca que quando a criança brinca com seu carrinho, ou com a boneca, ela reproduz os acontecimentos que seu pai, sua mãe ou outro adulto faz, os acontecimentos vivenciados por ela. A criança gosta de pintar, de inventar, de criar quando não há cobranças. Porém, para brincar com os outros é preciso aceitar as idéias do outro, é preciso aceitar regras. A brincadeira acaba quando a regra não é respeitada. É difícil respeitar uma regra quando ela não é compreendida. E quando a criança não compreende algo, não pode brincar daquilo. 

Segundo Heymeyer (1995), para que a criança com necessidades especiais possa brincar igual às outras e com as outras, precisamos lhes ensinar a brincar: isto quer dizer, precisamos treinar com elas as habilidades corporais, manuais, intelectuais que as brincadeiras requerem. Não adianta querer que ela brinque de esconde-esconde quando não tem a permanência do objeto, o esquema corporal e a noção de espaço. Podemos sim, passo a passo, levá-la a adquirir estes conhecimentos. Buscar e guardar o material sozinho, chamar alguém que está em outro lugar, circular em espaços diferentes e achar seu caminho, são experiências que vão ajudá-la a conhecer o espaço onde vive.

Heymeyer (1995) diz que brincar de transformar-se em outra pessoa, mudar de papel, não só dá prazer, como dá a experiência de colocar-se no lugar do outro e lidar com os sentimentos e emoções dos outros. Vestir roupas e representar personagens da TV, e mais tarde até fazer teatro sobre um assunto que foi bem compreendido, como por exemplo, que uma planta cresce com sol e água. 

A autora salienta que nas nossas escolas precisamos programar um tempo para brincar. Depois de uma aula de 20 minutos sobre um determinado assunto, a criança deveria ter tempo para fazer experiências e representações sobre este assunto, usando materiais diversos, desenhando, construindo, classificando e seriando materiais etc. Estas experiências vão ajudá-la, mais tarde, a brincar com seus conhecimentos.

O recreio é a hora de se juntar para brincar com aqueles que têm a mesma vontade e os mesmos gostos. É preciso espaço, tempo e liberdade, e as vezes, algum material disponível. As crianças especiais e adolescentes precisam de um adulto para animar, consolar, explicar, ajudar e dar idéias.

Piaget (1968) apud Heymeyer (1995) escreve que “obrigada a adaptar-se, sem cessar, a um mundo social dos mais velhos, cujos interesses e cujas regras lhe permanecem exteriores, e a um mundo físico que ela ainda mal compreende, a criança não consegue, como nós, satisfazer as necessidades afetivas e até intelectuais do seu eu nessas adaptações, as quais, para os adultos, são mais ou menos completos, mas que permanecem para ele tanto mais inacabadas quanto mais jovem for. É, portanto, indispensável ao seu equilíbrio afetivo e intelectual que possa dispor de um setor de atividade, cuja motivação não seja a adaptação ao real senão, pelo contrario, a assimilação do real ao eu, sem coação, nem sanções”.

Há brincadeiras em que se pode brincar sozinho. Para a maioria dos jogos é preciso a companhia de outros, a capacidade de compreender e aceitar regras. Quando uma criança não quer cumprir alguma regra ela está fora do jogo e vai precisar de um adulto não para ser castigada ou coagida, mas para encontrar outra coisa para fazer.

Do grupo e o grupo a puxa – a repetição ajuda a compreender – e na roda cada criança tem tempo de aprender. Tal brincadeira deve ser incentivada pelo professor, pois a partir daí, ela finalmente aprende, ela pede para brincar.

Heymeyer (1995) coloca que para aceitar as regras de um jogo, a criança precisa estar disposta a “fazer igual” aos outros, se juntar a eles. Para esta autora, os primeiros jogos com regras devem ter somente uma ou duas regras. Os próximos jogos que irão interessar as crianças são aqueles que podem mostras seus conhecimentos.

Quando a criança com necessidades especiais sabe jogar, ela pode integrar-se no grupo, nas festas, na rua, no prédio. Cada criança brinca por si e quer ganhar. O medo de perder pode afastar a criança especial do jogo e então ela precisa de um companheiro na “luta”.

Para Heymeyer (1995), na pré-adolescência, pertencer a um grupo, um time, é muito importante. O grupo exige, mas também protege. A criança se esforça para seu grupo ganhar. Perder sempre vai ser difícil, mas importante continua sendo participar do grupo.

Dessa forma, entendemos que por ser o “brincar” essencial ao desenvolvimento humano, é importante que todas as crianças brinquem. Mas, para que isso aconteça de forma plena, as características das crianças e suas necessidades especiais precisam ser consideradas e atendidas.

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O LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO PARA DEFICIENTES MENTAIS

 

(...) o ato de brincar é importante, é terapêutico, é prazeroso e o prazer é ponto fundamental da essência do equilíbrio humano. Logo, podemos dizer que a ludicidade é uma necessidade interior, tanto da criança quanto do adulto. Por conseguinte, a necessidade de brincar é inerente ao desenvolvimento.

(BERTOLDO e RUSCHEL, 2000, P. 12)

Podemos afirmar que o “brincar”, é essencial para o desenvolvimento de toda e qualquer criança, e para que a brincadeira aconteça de forma plena, as características da criança e de suas necessidades especiais devem ser consideradas e atendidas. Através do brinquedo, a alegria se manifesta e este sentimento pode se tornar uma “porta de entrada” para o mundo da criança, tornando-se assim, numa oportunidade para estimular o processo de aprendizagem e interação com a mesma.

Para Vygotsky (citado por Rego, 1995), o ensino sistemático não é o único fator responsável por alargar os horizontes da zona de desenvolvimento proximal. Ele considera o brinquedo uma importante fonte de promoção de desenvolvimento. Afirma que, apesar do brinquedo não ser o aspecto predominante da infância, ele exerce uma enorme influência no desenvolvimento infantil.

De acordo com Rego (1995), o termo “brinquedo”, empregado por Vygotsky num sentido amplo, se refere principalmente à atividade, ao ato de brincar. Para a autora, é necessário ressaltar também que embora ele analise o desenvolvimento do brinquedo e mencione outras modalidades (como os jogos esportivos), dedica-se mais especialmente ao jogo de papéis ou à brincadeira de “faz-de-conta”, (como brincar de polícia e ladrão, de médico, de vendinha, etc). Este tipo de brincadeira é característico nas crianças que aprendem a falar e que, portanto, já são capazes de representar simbolicamente e de se envolver numa situação imaginária.

Rego (1995) ressalta que a imaginação não está presente nos animais nem na criança muito pequena. Portanto, é impossível a participação desta, numa situação imaginária, ela tende a querer satisfazer seus desejos imediatamente, não faz menções ou desejos para o futuro.

De acordo com Vygotsky (apud Rego, 1995), através do brinquedo, a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. Na fase pré-escolar ocorre uma diferenciação entre os campos de significado e da visão. O pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior passa a ser regido pelas idéias. A criança poderá utilizar materiais que servirão para representar uma realidade ausente (como uma vareta de madeira que vira espada; um boneco como filho; papéis cortados como dinheiro, etc). Nesses casos, ela será capaz de imaginar, abstrair características dos objetos reais (o boneco, a vareta e os pedaços de papel) e se deter no significado definido pela brincadeira.

Para Rego (1995), a criança passa a criar, dessa forma, uma situação ilusória e imaginária, como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. Ela brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que tem acesso.

Neste contexto, Rego (1995) acredita que a brincadeira representa a possibilidade de solução de um impasse, causado de um lado, pela necessidade de ação da criança e, de outro, por sua impossibilidade em executar as operações exigidas por essas ações.

Assim, através do brinquedo, a criança projeta-se nas atividades dos adultos procurando ser coerente com os papéis assumidos. De acordo com Rego (1998), toda situação imaginária contém regras de comportamentos condizentes com aquilo que está sendo representado. O esforço em desempenhar com fidelidade aquilo que se observa em sua realidade faz com que a criança atue num nível bastante superior ao que na verdade se encontra. Para a autora, que cita Vygotsky, “no brinquedo, a criança sempre se comporta além do seu comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade”. (p.83)

A autora coloca a criança como maior do que é na realidade, porque ela está representando um adulto ou uma frustração. A brincadeira é construída pelos sentimentos da criança, geralmente ela expressa aquilo que está no seu interior ou no que ela gosta e tem prazer em representar.

Estudos realizados por Poppovic (1983), do ponto de vista intelectual, a época apropriada para alfabetizar uma criança é quando ela atingir um desenvolvimento mental que lhe permite realizar as operações cognitivas que esse processo exige. Do ponto de vista da adaptação afetivo-social, a entrada para a escola coloca para as crianças uma série de exigências as quais tem de alguma maneira, de corresponder. As pesquisas de Poppovic (1983) sobre a prontidão para alfabetização das crianças com idades cronológicas a partir dos 6 anos mostraram que “o nível mental não é fator fundamental para o sucesso na alfabetização. A maturidade das funções específicas necessárias nesse processo é de suma importância”. Ressalta-se que a maturidade se adquire através do tempo mediante a interação do organismo com o meio. É resultado de um processo de desenvolvimento biopsíquico (crescimento físico e desenvolvimento psicológico) mediante o qual o indivíduo atinge suas possibilidades de aquisição e realização.  

Para Poppovic (1983), a maturidade escolar é a combinação de diferentes níveis de maturidade (sensoneural, emocional e mental) para o qual o professor pode contribuir positivamente, mediante uma programação de atividades, pois a aprendizagem é fundamental para a maturação em geral.

Portanto, se ao iniciar a escolaridade a criança não apresentar o esperado grau de maturidade, não corresponder às exigências do trabalho que lhe é imposto, compete à escola organizar o ambiente propicio e promover as condições para que as interações ocorram, para promover situações e intervir para que as estruturas cognitivas e afetivas emerjam naturalmente. É neste sentido, e neste momento que podemos inserir o lúdico na alfabetização, como forma de “amenizar” e conduzir o aprendizado de forma a favorecer a interação e aquisição de conteúdos pelo portador de necessidades educacionais especiais.

Sugerimos como primeiro passo, e baseados nos estudos de Poppovic (1983), a utilização do “esquema corporal”. A autora, citando Vayer, define esquema corporal como a “organização das sensações relativas ao próprio corpo em relação ao mundo exterior. Segundo Poppovic (1983) a partir do nascimento, a criança vivência experiências importantes acerca do próprio corpo, mediante sensações interoceptivas, principalmente da sensibilidade bucal e do tubo digestivo. É através da alimentação, das funções digestivas propriamente ditas e das funções excretoras que se experimenta a sensação de satisfação, de bem-estar ou de desconforto, de fome ou de dor. As sensações exteroceptivas são alcançadas com base nas percepções visuais e táteis. O tato é, a um só tempo, algo que é parte do corpo e meio de exploração dele e do mundo. E, as sensações proprioceptivas são as relacionadas a postura. Paulatinamente, as atividades motoras e o equilíbrio propiciam o domínio do espaço e a inclusão de si mesmo nesse espaço.

Observando o estudo de Poppovic, torna-se fundamental evidenciar que ter a consciência do “eu” é de extrema importância para a formação de conceitos, facilitando a aprendizagem geral e, sobretudo a formal. Conhecer-se significa ter a imagem corporal, conceito corporal e esquema corporal propriamente dito.

Ao se trabalhar esquema corporal com alunos portadores de necessidades educacionais especiais deve-se fazer com que reconheçam seus próprios corpos, considerando as partes de cima para baixo (cabeça, pescoço, peito ou tórax, membros superiores, abdome e membros inferiores).

Dessa forma, podemos elencar e exemplificar algumas atividades lúdicas que podem ser desenvolvidas aos alunos com deficiência mental, ditos normais entre outras necessidades que por ventura surgirem no sistema educacional das escolas públicas.                                                              

 

 

 

CONDIÇÕES DAS ESCOLAS FRENTE À PROPOSTA DE INCLUSÃO

            A busca de informações sobre as condições das escolas municipais de Sorriso MT frente ao processo de inclusão de alunos com NEs ocorreu, especialmente, no sentido de identificar quais as condições de acessibilidade e qual o aporte de recursos humanos presentes nas mesmas para o atendimento destes alunos. Na pesquisa, ficou evidenciada precisamente à luz desta compreensão que o Governo do Estado de Mato Grosso, através da Secretaria de Educação e de todos os órgãos estruturalmente a ela vinculados, assume, de um lado, o compromisso de edificar uma sociedade mais humana e menos desigual e, de outro, construir mecanismos de inclusão social, política e econômica, desafios inafastáveis da educação básica.

         O século XX caracterizou-se pelo inicio da obrigatoriedade e da expansão da escolarização básica e, consequentemente, surgiram alunos que apresentavam alguma dificuldade para acompanhar o ritmo de aprendizagem dos demais. Rodrigues (2003, p. 14) aponta que “foi o movimento de escolarização universal, conhecida por ‘escola de massas’, que pôs em evidência o caráter elitista e classista da escola tradicional como instrumento a serviço da divulgação e da inculcação dos interesses e valores da classe dominante”.

No bojo desta compreensão, impõe-se a adoção de um sistema único de ensino, eliminando-se, desta forma, a concepção inadequada de ensino especial como algo separado da educação geral e do ensino regular, a falta de acessibilidade física nas escolas. Das dez (10) escolas que foram pesquisadas, nove (9) não possuía acessibilidade física, e uma (1) possuía apenas parcialmente. Por esta razão, a Secretaria de Estado da Educação de Mato Grosso aciona políticas educacionais, diretrizes de ação e mecanismos de operação da rede escolar capazes de assegurar, a todos os alunos com necessidades educacionais especiais, o direito a uma aprendizagem consentânea com suas potencialidades pessoais, na luta pela construção do direito de uma vida plena e ao usufruto de uma cidadania edificante. É foi importante destacar que ter uma escola atuando na proposta da educação inclusiva implica, necessariamente, em remover as barreiras que impedem o acesso de seus alunos, seja quais forem às necessidades específicas apresentadas por eles. A educação inclusiva trata-se de um movimento que compreende a educação como um direito humano fundamental e a base de uma sociedade mais justa, que se preocupa em atender a todas as pessoas a respeito de suas características, desvantagens ou dificuldades e habilitar todas as escolas para o atendimento da sua comunidade, concentrando-se naqueles alunos que têm sido mais excluídos das oportunidades educacionais.

         Sendo assim, as escolas inclusivas devem matricular todos os alunos, independente das condições que ele apresenta. Buscando parcerias disponíveis para poder oferecer uma educação de qualidade para todos. A luta, no entanto, é para que sejam respeitadas e implantadas, para isso, torna-se necessário o conhecimento das legislações em cada espaço de convivência. Para que o aluno com NEs sinta-se valorizado diante de uma educação digna e sem preconceitos para que sua aprendizagem flua diante de suas limitações e torne-se um cidadão capacitado perante a sociedade.

 

 

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO E O APOIO DA FAMILIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

        Ao longo dos anos tem sido cada vez mais confirmada a idéia de que a família e parte integrante do processo educativo dos alunos com NEs e de que sua envolvência nas escolas é fundamental para o processo de aprendizagem da criança ou adolescente, na importância de estimular crianças com necessidades especiais, isto porque professores deparam-se com essas diferenças, o que vem acentuar-se ainda mais com o início do processo de inclusão nas escolas, como diz (Carvalho 2005) a estimulação precoce para o desenvolvimento das crianças com necessidades especiais principalmente na faixa etária de zero a três anos é de suma importância, pois quando uma família concebe uma criança com necessidade especial significa um desmoronamento de seus sonhos e projetos e mostra que a maneira destas famílias reestruturarem-se, depende da compreensão e conhecimento que cada uma possui, bem como da ajuda que recebem nessas instituições escolares de profissionais de varias áreas como, psicologia, psicopedagoga, neurologia, educação entre outras,  muitas são as formas de estimular uma criança, porém a mais acessível e utilizada por pais, professores e médicos tem sido realizadas através de atividades lúdicas como o brincar/jogar, da psicomotricidade relacional e com a utilização da tecnologia assistiva e da comunicação aumentativa alternativa, onde se pode observar que ocorre um maior desenvolvimento da criança para que aconteça de uma maneira prazerosa e estimulante tanto para quem o propicia quanto para quem o recebe. Percebem-se que programas de estimulação favorecem o desenvolvimento superando o isolamento social, historicamente imposto as crianças com deficiência e conscientizam as famílias para incorporar atitudes estimuladoras fazendo com que estas crianças sejam sujeitos históricos capazes de desenvolverem-se embora de maneiras diferentes.

       Educação é mais do que cuidar da criança, é abrir o caminho da cidadania, sendo esse um dos principais papéis dos pais e familiares.

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar “                                      NELSON MANDELA

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

         Com o término desse artigo podemos observar a importância de uma boa formação profissional para um bom desempenho no âmbito profissional, devemos sempre buscar novos conhecimentos sobre o assunto.

         O fato de crianças e jovens com diferentes possibilidades frequentarem os mesmos espaços escolares exige do professor como agente que promove a aprendizagem, atuar com base em uma pedagogia centrada no aluno e não no conteúdo.

         Com isso podemos definir que a inclusão deve assumir o caráter de produzir e mesmo reconhecer a humanidade de sujeitos com deficiência física que, em função das diferenças físicas, sensoriais e intelectuais significativas que apresentam, integram o grupo que mais sistematicamente sofreu a inclusão social desde a origem da humanidade.

         O que evidenciamos é que a inclusão não se realiza pelo simples fato da criança estar dentro uma sala de aula comum, ou seja, não é apenas pela incorporação de um determinado ser. O aluno deve ter á oportunidade de crescer e se desenvolver dentro de suas limitações.

         O objetivo da educação escolar se refere tanto à identificação dos elementos culturais que necessitam ser assimilados quanto às formas mais adequadas para atingir esse objetivo, traduzindo-se na descoberta do seja essencial do ponto de vista dos conteúdos e do método para produzir novas ideologias sociais.

   

 “Se a escola é para todos, a educação é para cada um”.

                                                    “MOACI ALVES CARNEIRO”

 

 

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Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:

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