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TECNOLOGIAS MÓVEIS NA EDUCAÇÃO UTILIZADA COMO RECURSO NA APRENDIZAGEM.

 

SUZANA DA SILVA

 

RESUMO

A intenção deste trabalho foi a de gerar discussões acerca do evento dos dispositivos moveis como possibilidade pedagógica. A pesquisa foi qualitativa e descritiva. A questão problema que orientou o percurso do trabalho foi: Que fatores motivam a aprendizagem baseada em dispositivos moveis? Quais são os limites e as possibilidades identificados pela bibliografia pertinente ao tema?

 

ABSTRACT

The intention of this work was to generate discussion about the mobile devices as pedagogical possibility event. The research was qualitative and descriptive. The question issue that guided the work of the course was: What factors motivate learning based on mobile devices? What are the limits and possibilities identified by the relevant literature to the theme?

 

 

Palavras chave: Tecnologia – Educação – Dispositivos móveis.

 

 

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

        

 

  1. A expansão dos dispositivos móveis no mundo

 

Na chamada era da globalização um dos fenômenos mais destacados trata-se da  intensa difusão das novas TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). A composição do novo cenário da sociedade global  passa pelo desenvolvimento dos sistemas de informação, tecnologia de telecomunicação e as redes de computadores.

Como parte integrante dessa nova realidade a tecnologia móvel desenha outro cenário composto pelos  meios de conectividade existente impactando  intensamente o cotidiano social.

A tendência tecnológica e o crescimento na demanda de compartilhamento de informações difundiram soluções em comunicação portátil como notebooks, tablets e smartfones. Segundo pesquisa global, divulgada em outubro de 2014, pela Futurecom - evento dedicado ao mercado de Tecnologia da Informação (TI) e telecomunicações, que ocorreu em São Paulo - 78% dos brasileiros entre 18 e 30 anos dizem possuir um smartphone, percentual que era de 63% na mesma pesquisa do ano passado. A navegação pelas redes sociais também é a principal funcionalidade dos smartphones citada pelos jovens do Brasil (68%), Estados Unidos (67 %), Europa Ocidental (60%) e América Latina (70%).

Os mobiles redefiniram o comportamento do usuário em virtude da possibilidade de acesso rápido e fácil; sem barreira geográfica e a comodidade da comunicação direta.

O mercado intensifica suas investidas de marketing na venda destes produtos focando prioritariamente nas camadas mais jovens que os começam a possuir cada vez mais novos e a posse de mais do que um aparelho além da preocupação da posse do último modelo (Keegan, 2005).

Na história do uso tecnológico em educação nunca houve uma que fosse tão rapidamente difundida como os dispositivos móveis. Tal expansão tem provocado o ganho de sua visibilidade no setor educativo. Ou como potencialidade pedagógica ou como necessária interdição. É comum a proibição dos usos destes recursos em sala de aula, vistos como espaços de devaneio, e deslocamento de foco pelo estudante.

Na visão de muitos, seu uso na educação é apenas um meio de garantir controle e regulação (GOGGIN, 2009). Entretanto, é necessário o debate nas instituições educativas sobre as possibilidades destas tecnologias na sala vislumbrando nova postura pedagógica passando da proibição para a integração.

Outros apontam como oportunidades de aprendizagem que desafiam as instituições educativas tradicionais.  As tecnologias móveis têm possibilitado que o processo de comunicação e a difusão da informação ocorram em diferentes espaços e tempos, sendo duas de suas características a portabilidade e a instantaneidade, que seriam trunfos para o educador que passa a ter mais proximidade com o aluno por não estar mais restrito ao momento em sala de aula. (GOGGIN, 2009).

  1. Problema de Pesquisa

 

As tecnologias de computação móveis encontra-se em franca evolução, parecem destinadas a se transformar no novo paradigma dominante da computação atual e, provavelmente, das gerações futuras (Myers, 2003 apud MARÇAL, ANDRADE e RIOS, 2005). No Brasil, são mais de 38,8 milhões de usuários de smartphones, essa população brasileira deve saltar para quase 72 milhões nos próximos três anos.

O estudo de dispositivos móveis na educação, em especial dos aparelhos celulares e tablets, pode ser evidenciada, pelo número expressivo de usuários de aparelhos celulares e tablets no país, podendo se constituir em uma ferramenta para a inclusão digital, em uma visão mais profunda, pode revelar outras aplicações para o processo de ensino e aprendizagem, evitando assim o uso de smartfones em sala de aula sem perda do foco dos alunos, mas serão necessárias pesquisas para possibilidades de uso e limitações.

Embora um dos carros-chefes do uso de tecnologia na educação seja a otimização do tempo, é importante que as pessoas que irão utilizá-la tenham um período adequado de adaptação. Quanto maior for o tempo dedicado ao treinamento de educadores, maior a possibilidade da tecnologia se inserir definitivamente na cultura escolar. O dispositivo móvel passa a ser não apenas uma ferramenta, mas um instrumento que pode transformar as formas de ensinar. Para um profissional, assimilar uma nova tecnologia é como aprender uma nova língua, e isso exige tempo e dedicação. Afinal, os educadores também merecem o ensino personalizado e poderoso que irão oferecer a seus alunos quando dominarem o uso da tecnologia na sala de aula. Frente a essas questões surgem os questionamentos que fundamentam este trabalho: Que fatores motivam a aprendizagem baseada em dispositivos móveis? Quais são os limites e as possibilidades identificados pela bibliografia pertinente ao tema?

A emergência de novos cenários educativos levou a tentar compreender os desafios e oportunidade da integração de dispositivos móveis, no processo de ensino e aprendizagem, conhecendo os motivadores para a adoção da aprendizagem com mobilidade, conhecendo as limitações e desafios da aprendizagem com mobilidade.

As TICs (tecnologias da informação e comunicação) e as diferentes ferramentas de comunicação e interação contribuem também para “a formação de comunidades de aprendizagem que privilegiam a construção do conhecimento, a comunicação, a formação continuada, a gestão administrativa, pedagógica e de informações” (ALMEIDA, 2001, p.42), e permitem a inclusão de novos ambientes de aprendizagem, para além dos ambientes escolares e das barreiras das grades curriculares.

A tecnologia tem que ser usada como uma ferramenta que propicia mudanças. Os alunos, utilizando, smartphone, tablet, os computadores portáteis (laptop, notebook, netbook, pocket pc, ultra mobile pc), câmera digital,  permitirá a abertura de novas pesquisa e trará maiores possibilidades de interação, comunicação, participação, troca de conhecimento, colaboração entre os envolvidos, viabilizando assim, a criação de comunidades de aprendizagem dentro e fora das escolas. Motivadores, limites e adoção pelas instituições

Considerando os enormes avanços da tecnologia, a educação necessita acompanhar tais desenvolvimentos.  Para isso, é necessário que os docentes de forma geral, conheçam possibilidades pedagógicas oriundas das tecnologias que estão em destaques na atualidade, tais como celulares, smartphones e tablets, já conhecidas por muitos alunos e poucos professores, causando um desconforto para os docentes em sala de aula.

De acordo com relatório da UNESCO, as tecnologias móveis podem se configurar em ótimo meio de difusão de saberes, impactando a sociedade com a possibilidade  promover maior igualdade de oportunidades de instrução e formação. Outro aspecto que o documento sinaliza como positivo e da qualidade da experiência educacional ao promover a personalização da aprendizagem e a agilidade de resultados para o estudante que está em movimento (VOSLOO, 2013).

Mas, por outro lado, o mesmo documento sinaliza para aspectos que ainda precisam ser superados, pois a comunidade escolar, compreendida entre alunos,  professores e gestores   ainda não assimilaram amplamente esta ideia (SHULER, 2013).  A implementação tem-se apresentado falha, focando apenas em projetos experimentais, de pequeno porte e de curto prazo, e muitas vezes fora da realidade escolar (WINGKVIST, 2009; GIEMZA, 2012; SHULER, 2013; VOSLOO, 2013). Isso ocorre porque no nível de políticas mais amplas, a aprendizagem baseada em dispositivos móveis ainda está em sua infância (LUGO; SCHURMANN, 2012).

Assim, provocar as instituições de ensino com reflexões sobre a aplicação de novas tecnologias em suas estratégias de ensino evidencia-se como questão pertinente. É de relevância social e econômica porque pode contribuir para o enriquecimento de práticas educacionais e para geração de oportunidades mais igualitárias de acesso à educação. Configura-se como questão oportuna, porque as condições de popularização e amadurecimento dos dispositivos móveis se apresentam como convenientes para a expansão de práticas de aprendizagem com mobilidade.

 

 

 

 

Este estudo trata-se de uma revisão da literatura especializada se constituindo em uma pesquisa descritiva. De acordo com Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.61), este tipo de pesquisa ocorre quando se registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, sem manipulá-los (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, p. 79, 2007).  

O estudo procura investigar e analisar a questão do uso de dispositivos móveis na educação, pelo viés da pesquisa qualitativa. Para tal, foi realizado um levantamento bibliográfico, visando situar o corpo teórico que alicerça os estudos sobre a temática, em face dos fundamentos da expansão de novas tecnologias no mundo.

 

  1. CARACTERIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM COM MOBILIDADE OU

 

Novas expressões passam a fazer parte de nosso cotidiano com o advento de novas tecnologias. No campo pedagógico os termos M-learning ou mobile learning são termos utilizados para representar as práticas e atividades pedagógicas viabilizadas por meio de móbiles bem como os impactos educacionais de seu uso.

Outra expressão que deve tornar-se mais frequente no contexto educacional é u-learning (ubiquitous learning) ou aprendizagem ubíqua. Esta expressão fundamenta-se no conceito de computação ubíqua, que se refere à disponibilidade de acesso a recursos computacionais em qualquer ambiente.

No Brasil, o termo ou vem sendo traduzido como “aprendizagem móvel” ou como “aprendizagem com mobilidade”. De acordo com Kearney (2012), já foram apontadas inúmeras definições e características sobre na literatura, mas apesar da diversidade de conceitos, o que há de comum entre eles é a conexão entre o ato de trabalhar com dispositivos móveis e a ocorrência da aprendizagem mediada por ele.

O termo dispositivo móvel é geralmente empregado para designar o telefone celular e o – um tipo de computador de bolso.

Entretanto, os dispositivos de acesso à não se restringem aos telefones celulares e aos . Estão incluídos nessa categoria: , , os computadores portáteis (, , , , ), , câmera digital, tocador portátil (áudio e mídia), , console de , etc. Essa ampla diversidade de dispositivos móveis e as significativas diferenças entre aparelhos são aspectos que devem ser considerados, sobretudo, no planejamento de estratégias de oferta de conteúdos educacionais.

Segundo Santaella (2010, p. 109) mobilidade pode ser definida de várias formas dependendo da área que a esteja conceituando. A palavra mobilidade contém o sema de movimento, o que compreende a ideia de um ato de deslocamento que permite que objetos, pessoas, ideia, coisas, possam trafegar através de localidades.

Na perspectiva da geografia, mobilidade pode ser entendida como “a habilidade de mover-se entre diferentes lugares de atividades”. Nesta área as definições têm um significado mais físico, enquanto que os sociólogos apresentam mais o caráter social da mobilidade e as condições de possibilidade que se apresentam, ou seja, propensão a ser móvel varia de intensidade de indivíduo para indivíduo.

A partir dos estudos de Pierre Levy; Santaella e Vygotsk, analisar desenvolvimento em modelos de análise das linguagens que focam em mídias digitais hibridas e móveis, sempre visualizando a produção de microconteúdo educacional.

Ahonen e Syvänen (2003 apud MARÇAL 2005) relata que a utilização de dispositivos móveis na educação criou um novo conceito, o chamado ou . Seu grande potencial encontra-se na utilização da tecnologia móvel como parte de um modelo de aprendizado integrado, caracterizado pelo uso de dispositivos de comunicação sem fio, de forma transparente e com alto grau de mobilidade. (p.32).

Além de poder ocupar um papel no processo de ensino e aprendizagem como uma extensão da sala de aula presencial, Lehner (apud MARÇAL, ANDRADE e RIOS, 2005) observam sua possibilidade de uso na educação a distância:

Os dispositivos de comunicação sem fio oferecem a uma extensão natural da educação a distância via computadores, pois contribuem para a facilidade de acesso ao aprendizado, por exemplo, na obtenção de conteúdo específico para um determinado assunto, sem hora e local pré-estabelecidos. (p.4).

O indivíduo móvel é um nômade, que se move de um lugar para outro sem perder contato com o coletivo da “aldeia” eletrônica. Desde que estejam em sua rede de recepção, eles ainda estão (presumivelmente) disponíveis. (LICHTY, 2006, p.1)

 

  1. Interagindo com dispositivos móveis na educação

 

Práticas contemporâneas de agregação social estão utilizando as tecnologias móveis para ações que reúnem muitas pessoas, às vezes multidões, que realizam um ato em conjunto e rapidamente se dispersam. Essas práticas podem ter finalidades artísticas, como performances, ou ter um objetivo mais engajado, de cunho político ativista. Esse conjunto de práticas é denominado de smart. Trata-se simplesmente do uso de tecnologia móveis para formar multidões ou massas com objetivo de ação no espaço público das cidades. As de caráter hedonistas, as , mobilização instantânea com objetivo de enxamear () para um lugar e rapidamente se dispersar para outro, criando efeito de estupefação no público. As ativistas têm por objetivo mobilizar multidões com fim de protesto político em praça pública (André Lemos, 2006, p. 43).

De acordo com Silva (2006), os aparelhos móveis criam uma nova forma de interação, o chamado espaço híbrido, uma vez que por serem móveis eles movimentam-se pelos espaços urbanos. Os aparelhos móveis possibilitaram uma junção desses dois espaços. Junção, essa, que permite tanto a interação social como a informacional. A pessoa pode se comunicar com outras pessoas e pode obter informações da Internet. A Internet faz parte do ambiente social, os jovens não estão acostumados a pararem tudo o que estão fazendo para, assim, poder sentar em frente a um computador e conectar a Internet, esta já faz parte de seu cotidiano, funcionando como uma ferramenta disponível para informações e comunicação em todos os momentos.

Nas escolas, nas empresas, em casa, em movimento. Os dispositivos móveis estão com as pessoas a todo o momento, portanto, a educação, pode e deve estar com ela o tempo todo. O aluno pode revisar a matéria abonada em sala de aula, durante o transito a caminho de casa ou indo para escola. O conteúdo tem que estar no mobile, acessível, on-line e off-line, direto, rápido e prático, tanto nos smartfones como nos tablets.

 

  1. Tecnologia aplicada em sala de aula

 

Blackboard, empresa mundial de tecnologia aplicada à educação, em conjunto com o Grupo A Educação e Mobifeed na sede do INSPER (Instituto de Ensino e Pesquisa), realização várias apresentações no evento em São Paulo no mês de agosto de 2014. Uma delas foi a aula prática com auxílio do aplicativo Blackboard Learn, ministrada por José Francisco Vinci de Moraes, coordenador do Núcleo de Tecnologias Mistas de Aprendizado e professor de Economia dos cursos de graduação e pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), mostraram na prática como esse tipo de plataforma educacional pode funcionar como exemplo de metodologia aplicada em sala de aula.

O app ‘Blackboard Learn’ foi o escolhido para ilustrar a aula presencial com o professor, que explicou a todos a metodologia básica de um projeto destinado aos seus alunos: a criação de uma carteira financeira. Com smartphones e tablets à mão, os participantes do workshop tiveram a oportunidade de ‘brincar’ com o aplicativo, respondendo a testes de múltipla escolha. As questões foram respondidas em tempo real, assim como a apuração dos percentuais de respostas corretas e incorretas correspondentes.

Com funcionalidades bem fáceis de acessar, os apps estão disponíveis tanto para dispositivos do sistema IOS quanto para aparelhos que operam em sistema Android. Para o coordenador responsável pela disponibilização da ferramenta, o uso da tecnologia mobile é uma consequência do apego de seus alunos correntes aos dispositivos, mesmo durante as aulas presenciais.

José Francisco Vinci afirmou também que a disseminação desse tipo de tecnologia é positiva, principalmente em alguns aspectos proporcionados, como a possibilidade de repor aulas à distância. Apesar disso, ferramentas de EAD não devem ser classificadas como a solução das questões ‘shakespearianas’ que ocorrem na educação do país: “A contribuição da tecnologia tem a ver com gestão, com o convencimento de sua importância. O processo seletivo aplicado no Brasil é anacrônico. Sem a capacitação dos professores, a tecnologia não vai mudar a educação”.

A revista “Universia” (2013) destaca quatro motivos para utilizar dispositivos móveis na sala de aula:

Um dos grandes benefícios dos dispositivos móveis é o fato de que eles podem ser levados para qualquer lugar. Logo, as anotações e aplicativos usados como demonstração pelo professor podem ser consultados em casa ou até mesmo no caminho de volta da escola.

 

Esses dispositivos também podem ser utilizados para diversos propósitos. Eles podem acelerar o processo de anotar o conteúdo, utilizados para consulta de informações na internet e até mesmo para descobrir o significado de palavras no dicionário. Isso possibilita que o professor trate diferentes assuntos de formas inovadoras e interativas.

 

Ao contrário de computadores, celulares e têm a vantagem de evitar o barulho do teclado, proporcionando um ambiente de aprendizado mais silencioso.

 

Recursos visuais e auditivos oferecem um aprendizado interativo para os estudantes, que serão capazes de memorizar o conteúdo muito mais facilmente. Estimular o estudo por meio de animações e tutoriais aumenta o interesse por parte dos estudantes.

 

 

  1. LIMITAÇÕES E DESAFIOS DA APRENDIZAGEM COM MOBILIDADE

 

As limitações da aprendizagem móvel podem também estar relacionadas às condições sociais e culturais em que os estudantes estão imersos, há ainda grandes desafios relacionados às oportunidades de acesso e disseminação mais ampla dessas tecnologias. Estudantes demonstram interesse em aproveitar tempos de deslocamento para estudar, e educadores demonstram interesse em investigar novas formas de promover a aprendizagem.

Orr (2010) destaca que algumas limitações para a aprendizagem com mobilidade são similares às existentes na educação a distância, em que há pouco contato entre estudantes e professor, há isolamento do estudante e também problemas de suporte técnico. Mas há também outras limitações específicas, que estão relacionadas principalmente com o tamanho do dispositivo, as limitações de conectividade, a usabilidade, a carência de aplicações disponíveis para os dispositivos e as dificuldades de atenção do usuário quando em movimento.

A seguir são relacionadas as limitações destacadas por Orr (2010), Hashemi (2011) e Korucu e Alkan (2011):

  • Pequena tela dos dispositivos, o que causa limitações na apresentação de conteúdos com qualidade e conforto;

  • Capacidade de armazenamento limitada;

  • Limitada duração da bateria;

  • Falta de um sistema operacional padrão para os dispositivos;

  • Falta de um hardware padrão, o que dificulta o desenvolvimento de conteúdo para todos os tipos de dispositivos;

  • Menor robustez do dispositivo, se comparado aos computadores tradicionais;

  • Limitação dos recursos de entrada de dados, o que dificulta o engajamento do estudante em atividades mediadas pela tecnologia;

  • Dificuldades para processar mídias gráficas e com movimento;

  • Potencial de expansão da capacidade dos dispositivos é limitado;

  • Os dispositivos se tornam obsoletos rapidamente;

  • Largura de banda ainda é limitada e podem degradar se houver grande número de usuários;

  • Dispositivos apresentam poucos recursos para impressão;

  • Alta dependência de conectividade com servidores uma vez que muitas aplicações móveis pressupõem utilização de recursos de computação em nuvem;

  • O desenvolvimento de aplicações para dispositivos móveis é ainda muito inferior ao disponível nos computadores tradicionais;

  • Dificuldade de desenvolvimento de aplicações para rodar em dispositivos de múltiplas plataformas;

  • Tendência para desenvolvimento de aplicações empobrecidas para poder rodar em múltiplas plataformas;

  • Tendência de o usuário realizar múltiplas tarefas quando está em movimento, o que gera dificuldade de atenção e baixa aprendizagem;

  • Alto custo da transmissão de dados por dispositivos móveis.

Observa-se que algumas limitações apontadas podem ser transitórias, haja vista que este tipo de tecnologia tem sofrido significativa e frequente atualização. Este é o caso, por exemplo, da capacidade de memória, de processamento e de bateria dos dispositivos móveis, que são limitadas se comparadas aos computadores tradicionais, mas podem ter avançado o suficiente para apoiar tarefas a serem executadas em movimento. O uso a ser feito pode, então, amenizar as limitações desde que seja adequadamente concebido. Segundo Romiszowski (2004), o sucesso de uma iniciativa educacional baseada em tecnologia não depende do que é feito e sim de como ela é realizada, independente da tecnologia adotada.

Terras e Ramsay (2012) abordam limitações da aprendizagem com mobilidade por outro ângulo, mais centrado nos aspectos psicológicos do indivíduo que aprende. Tais aspectos estão relacionados com o fato de que o estudante, com seu dispositivo, passam a ter a possibilidade de realizar atividades de aprendizagem em qualquer lugar, ou seja, em lugares que não são propriamente preparados para a aprendizagem. Assim, se por um lado o acesso ampliado é uma força, também apresenta desafios psicológicos que precisam ser enfrentados (TERRAS; RAMSAY, 2012).

Assim, Terras e Ramsay (2012) identificaram cinco desafios comportamentais e cognitivos que precisam ser compreendidos e enfrentados para que se possa promover atividades de aprendizagem com mobilidade bem-sucedidas. São eles:

a) A memória é dependente do contexto: A memória exerce um papel chave na aprendizagem e o fato dela ser dependente do contexto é aspecto relevante para a aprendizagem móvel.

b) Os recursos cognitivos humanos são finitos: o sistema cognitivo humano tem limitações quanto à sua capacidade de memorização e de aprendizagem. Tais limites são estabelecidos pela limitada capacidade de atenção e de memória de trabalho do ser humano, que são desafiados pela movimentação do estudante.

c) A cognição é distribuída e a aprendizagem situada: a cognição não reside somente no indivíduo, envolve também o compartilhamento de modelos mentais e representações sociais do mundo, de modo que a cognição está distribuída através de pessoas, artefatos e representações compartilhadas.

d) A meta cognição é essencial para a aprendizagem com mobilidade: para que os dispositivos móveis se tornem realmente artefatos de aprendizagem, o estudante em movimento necessita ter consciência de como aprende, ser sensível para as demandas envolvidas no estudo em movimento e saber como gerenciar este processo.

e) As diferenças individuais são importantes: as particularidades de cada indivíduo são determinantes no uso que este faz da tecnologia.

 

  1. FATORES MOTIVADORES PARA A ADOÇÃO DA APRENDIZAGEM COM MOBILIDADE

 

Na busca do preenchimento desta lacuna, alguns estudos têm sido realizados com a finalidade de compreender os fatores motivadores que levam os estudantes a se engajar na aprendizagem com mobilidade.

Desde 1985 foi criado por Fred Davis o modelo TAM, (TAM - Technology Acceptance Model) o Modelo de Aceitação da Tecnologia vem sendo aplicado em grande número de estudos com a finalidade de avaliar aspectos que levam à aceitação e uso de tecnologias da informação por parte dos usuários.

A modelo TAM corresponde a um conjunto de constructos relacionados entre si, e fundamenta-se na ideia de que o uso real de um sistema depende de uma intenção do usuário. Esta intenção é uma decorrência de sua motivação pessoal para usar o sistema, que, por sua vez, está diretamente relacionada com dois aspectos fundamentais: a facilidade percebida e a utilidade percebida de uso (CHUTTUR, 2009).

Apesar de ser o modelo mais citado na literatura, há também outras teorias que tentam explicar a motivação dos usuários para utilizar tecnologia. Venkatesh (2003) estudaram oito modelos proeminentes na literatura e apresentaram um modelo que busca unifica-las: a Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia (UTAUT). Este modelo detalha os fatores que estimulam o comportamento em direção ao uso, com quatro construtos independentes (Expectativa de desempenho, Expectativa de esforço, Influência social e Condições facilitadoras) que, por sua vez, são afetados por quatro fatores mediadores (Gênero, Idade, Experiência e Voluntariedade de uso).

Zhao e Zhu (2010), também baseados na análise de fatores motivadores, sugerem cuidados relacionados ao desenvolvimento de recursos de aprendizagem móveis mais estimulantes ao estudante.

A seguir são descritos esses três aspectos:

a) A qualidade do recurso de aprendizagem: está relacionada à amplitude, à profundidade e ao nível de apresentação da informação.

b) A humanização da interface de software: a facilidade de uso é determinante na rápida adaptação ao uso dos dispositivos e interfere diretamente na percepção de facilidade de uso.

c) A flexibilidade na interatividade: a excelência dos recursos de interatividade, que possibilite ao estudante não apenas consumir, mas também produzir conteúdo pode promover resultados positivos de aprendizagem.

A ideia de um avanço gradativo da adoção da aprendizagem móvel é também apresentada por Ye (2010). Se os fatores motivadores se fortalecem e as percepções se tornam cada vez mais positivas, os indivíduos se tornam mais abertos e com isso pode-se desencadear um movimento maior de popularização e disseminação da aprendizagem baseada na mobilidade (YE, 2010).

 

  1. ADOÇÃO INSTITUCIONAL DE PRÁTICAS DE APRENDIZAGEM MÓVEL

 

A motivação do estudante, conforme visto é à influenciadora da adoção da aprendizagem móvel. Contudo, a adoção no ensino formal envolve outros agentes além do estudante, que têm também outros interesses ou preocupações. Segundo Passey (2010), a implementação da aprendizagem com mobilidade precisa considerar não apenas as questões e necessidades individuais que se apresentam no decorrer das atividades, mas também considerar perspectivas mais abrangentes relacionadas à implementação institucional.

Traxler (2007) destaca que a adoção em nível institucional envolve várias questões de natureza organizacional, relacionadas a:

− Custos, financiamento, mobilização de recursos, escalabilidade e sustentabilidade;

− Garantia da qualidade e adequação ao propósito;

− Infraestrutura e suporte técnico;

− Questões de pessoal e de gerenciamento de mudanças;

− monitoramento E avaliação;

− Expectativas éticas e legais.

Para Wilson e Aagard (2012) a resistência na adoção das tecnologias móveis na aprendizagem pode ser atribuída a vários fatores: falta de conhecimento sobre as possibilidades disponíveis, fobia tecnológica, falta de tempo dos professores para explorar o potencial das tecnologias e a aversão aos riscos inerentes à implementação.

Traxler (2007) destaca outros dois fatores inibidores das iniciativas de implementação institucional da aprendizagem móvel. O primeiro deles refere-se à percepção de que os equipamentos portáteis são muito pessoais, fluidos e demandam serviços muito variados, tornando assim a sua implementação demasiado complexa. O segundo fator inibidor refere-se à demanda por serviços tecnológicos que garantam interoperabilidade e interação com os sistemas já existentes, pois a implementação precisa garantir condições de funcionamento conjunto das tecnologias móveis com outras tecnologias de aprendizagem já implantadas.

Traxler (2007) aponta, por outro lado, fatores que podem justificar o enfrentamento da complexidade e motivar o desenvolvimento de uma estratégia institucional de adoção de mlearning:

a) promoção da inclusão social, pois algumas formas de adoção de mlearning podem ser positivas para apoiar comunidades menos favorecidas;

b) alavancagem de possibilidades pré-existentes, pelo fato dos indivíduos já possuírem dispositivos móveis;

c) explorar nichos de treinamento utilizando espaços de atuação onde os recursos de mobilidade favorecem atividades específicas como estudos de campo, treinamento médico em hospitais, dentre outros.

d) aumentar o valor agregado ao estudante quando há competividade entre organizações/instituições;

e) melhorar a relação custo-benefício, quando estratégias de mlearning geram benefícios como retenção e adesão estudantil, ou ainda melhoria do desempenho organizacional;

f) melhoria ou manutenção do perfil institucional, pois a aprendizagem com mobilidade pode contribuir para atrair a atenção do público ou destacar algum aspecto da missão institucional;

g) redução das pressões sobre a propriedade de equipamentos, quando a adoção contribui para reduzir custos de outra natureza, como por exemplo de manutenção e aquisição de laboratórios de computadores.

 

  1. ANALISE DOS DADOS

 

O foco dos dispositivos móveis na educação está centralizado nas possibilidades de impacto de seu uso no processo de ensino e aprendizagem, não no acesso propriamente dito, mas na incorporação de micro conteúdos dessa tecnologia como ferramenta para ensinar e aprender.  Sabemos que o uso de aparelhos smartfones e tablets é voltado à comunicação entre os usuários (enviar e receber chamadas, mensagens e páginas de relacionamentos), porém compete aos educadores ampliar o conhecimento para o processo educacional.

A bibliografia consultada permitiu concluir que apesar da novidade da integração de dispositivos móveis como ferramentas de apoio às atividades de aprendizagem, os alunos aceitam usar os seus próprios dispositivos móveis, que incorporam naturalmente nas suas práticas de estudo, explorando as várias funcionalidades através de diferentes atividades curriculares, realizadas dentro e fora da sala de aula, de forma individual e colaborativa.

O dispositivo móvel usado como ferramenta mediadora de aprendizagem possibilita tirar dúvidas e aprender for mais conveniente, permitindo um contato permanente com os conteúdos curriculares, aumentando a motivação do aluno.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:

SILVA, Suzana da. Tecnologias móveis na educação utilizada como recurso na aprendizagem. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, N. 02, Nov. 2016. <http://aces4r.wixsite.com/revistacientifica/ed-2-art-2>. Data de acesso: 

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