INFORME PSICOPEDAGÓGICO DE UMA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL E INFORME PSICOPEDAGÓGICO DE UM ESTUDO CLÍNICO
Rosane Marlene Weber Weis
RESUMO
O presente trabalho, é o resultado de uma pesquisa de fundamentação teórica seguida da descrição de dois estágios na área da Psicopedagogia Institucional e um na Psicopedagogia Clínica, bem como a relevância no diagnóstico e intervenção das dificuldades de aprendizagem. O trabalho teve como objetivo de fazer um estudo de caso com um menino de 10 anos de idade, aluno da Escola Municipal de Educação Básica Vereador Rodolfo Valter Kunze, no 3º ano. Para realizar o diagnóstico psicopedagógico Institucional, foi necessário estudar o Projeto Político Pedagógico da Escola bem como entrevista com alguns profissionais da equipe pedagógica, para conhecer a forma de trabalho adotado na mesma. O informe psicopedagógico Clínico ocorreu na mesma escola. O presente documento traz a aplicação da avaliação psicopedagógica Institucional e Clínica e a interpretação dos resultados obtidos no estudo. Será descrito todas as sessões e quais instrumentos foram utilizados, a intervenção, e para encerrar o trabalho é apresentado às hipóteses, devolutiva, e as sugestões de trabalho para a escola e para família, com intenção de auxiliar no processo ensino aprendizagem.
Palavras-chave: Psicopedagogia; Diagnóstico; Intervenção; Dificuldade de Aprendizagem.
ABSTRACT
This work is the result of a theoretical foundation of research followed by the two-stage description in the area of Institutional psycho-pedagogy and one in psycho-pedagogy Clinic, and the relevance in the diagnosis and intervention of learning disabilities . The study aimed to do a case study with a boy of 10 years old, student of the School of Basic Education Councillor Rodolfo Valter Kunze in the 3rd year. To perform the Institutional psycho diagnosis, it was necessary to study the School of Political Pedagogical Project and interviews with some professionals in the teaching staff, to know the way of working adopted in it. The report psycho Clinical occurred in the same school. This document provides the implementation of psychoeducational assessment Institutional and Clinic and the interpretation of results obtained in the study. All sessions will be described and what instruments were used, intervention, and to end the work is presented to the assumptions, devolutiva, and working suggestions for school and family, intending to assist in the learning process.
Keywords: psycho-pedagogy; diagnosis; intervention; Learning Disabilities.
INTRODUÇÃO
O trabalho aqui apresentado é o resultado de um estudo de caso da Psicopedagogia Institucional e da Psicopedagogia Clínica. Todo o trabalho realizado, a sua aplicação na avaliação e a intervenção nos problemas relacionados a dificuldade de aprendizagem serão abordados com apoio teórico de vários autores renomados. O estágio no qual resultou está monografia foi realizado com uma criança do 3º ano do ensino fundamental da Escola Municipal de Educação Básica Vereador Rodolfo Valter Kunze, em Sinop – MT.
Para realizar o diagnóstico psicopedagógico, buscou-se informações com o pai sobre a criança desde a gestação até os dias atuais e com a Criança foram realizadas mais 8 sessões para a avaliação psicopedagógica. Para compreensão da dimensão das dificuldades de aprendizagem, afirma Scoz (1994, p. 22) que:
(...) os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensal, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.
Foi necessário um estudo sobre o ensinar e aprender, sem perder a sensibilidade de reconhecer que cada ser é único, especial, tem suas limitações e especificidades. Todo o trabalho realizado está estruturado em três capítulos, que trazem os conceitos da Psicopedagogia Institucional e Psicopedagogia Clínica, na sequência é feita uma avaliação da Instituição escolhida e logo após a apresentação do caso clínico, as queixas, avaliação e descrição das sessões realizadas com o pai e a criança. Após análise psicopedagógica, o trabalho traz as sugestões de intervenção que melhor se aplicam ao caso, e por fim, a devolutiva para família e escola, também um encaminhamento para o tratamento com um profissional capaz de auxiliar a criança e a família, a superar o problema que impede a criança de se desenvolver de maneira adequada e completa.
-
CONCEITUANDO A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA
No presente capítulo abordaremos o conceito de Psicopedagogia Institucional e Também de Psicopedagogia Clínica, no qual o psicopedagogo tem a função de diagnosticar as dificuldades no processo de aprendizagem, bem como trazer sugestões de intervenções de acordo com as especificidades.
1.1 Psicopedagogia Institucional
A psicopedagogia institucional é um campo do conhecimento da aprendizagem humana que previne e propõe mudanças, é um trabalho de atuação nas escolas, que se estende família e comunidade que objetiva auxiliar e informar as etapas do desenvolvimento adequado no processo ensino-aprendizagem. Para Bossa, a psicopedagogia ocupa-se da aprendizagem humana, que advém de uma demanda – o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos, ainda embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática. (apud REZENDE, 2010). Quando o psicopedagogo atua de maneira preventiva sua função é de identificar, analisar, planejar e intervir no diagnóstico e também no tratamento.
No contexto atual da educação com a escola inclusiva, o psicopedagogo apresenta um papel relevante auxiliando tanto a instituição como também os pais (BOSSA, 2000). O psicopedagogo avalia junto com a equipe escolar os fatores que causam prejuízos na aprendizagem dos alunos. A unidade escolar tem grande responsabilidade no que diz respeito a aprendizagem do aluno, é um grande desafio promover a aprendizagem significativa e o desenvolvimento completo com alunos que apresentam dificuldades.
Existem muitas maneiras do profissional em psicopedagogia intervir na escola nas questões que interferem no bom desempenho, muitas vezes nem mesmo o professor nota, podem ser motivos simples para serem solucionados como exemplo problemas com os colegas de sala, com o próprio professor ou mesmo na família o qual pode trazer problemas emocionais e acarretar em dificuldades para relacionar os conteúdos. (BOSSA, 2007). Por estas razões as vezes a criança perde o prazer em estar na escola, e ao invés de ser um momento de prazer passa a ser de repulsa.
De acordo com Marques (2010) especialista em aprendizagem, é antes dos sete anos de idade que aparecem e podem ser notados os transtornos. É importante que os pais possam estar atentos as sinais como problemas na escola, queixa dos professores em relação a aprendizagem, a criança não para quieta, desobedece constantemente, não se mostra interessado, é agressivo, e ainda quando apresenta ansiedade, roe as unhas, não dorme bem, faz xixi na cama, tem dores sem causa ou imaginárias, come além do normal ou menos. Quando a criança mostra algumas ou varias dessas características então é o momento de procurar ajuda junto a um psicopedagogo que possa auxiliar no diagnóstico evitando prejuízos maiores no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.
De acordo com Weiss (1994) existem três maneiras de ver o psicopedagogo o primeiro deles refere-se ao “levantamento, a compreensão, a análise das práticas escolares em suas relações com aprendizagem. Junto com os demais profissionais da escola promoveria a construção de novas práticas produtoras de melhor aprendizagem [...]”. (p. 97). O segundo se refere ao psicopedagogo como o profissional que daria suporte pedagógico também clínico dentro da escola a partir da necessidade observada pela equipe escolar. E a última se refere ao psicopedagogo como aquele que trabalha com a prevenção das dificuldades de aprendizagens apresentando novos métodos para construção do conhecimento.
Está última versão da psicopedagogia vê a escola como um lugar de soluções para os problemas e não o contrário, a escola é o espaço de formação humana, em as crianças e jovens aprendem a cidadania e assim conviver em sociedade. De acordo com Vercelli (2007) o psicopedagogo poderá auxiliar a equipe escolar a alterar o modelo de aprendizagem tendo como alvo o conhecimento significativo.
A colaboração do psicopedagogo é relevante na construção do PPP (Projeto Político Pedagógico) no documento três perguntas precisam ser respondidas como: o que ensinar, como ensinar e para que ensinar. A autora continua dizendo que de acordo com pesquisas, as unidades escolares pedem a ajuda nas acessórias pedagógicas solicitando um psicopedagogo e quando este sugere atividades diferenciadas para melhorar aspectos da aprendizagem elas não são aceitas ou realizadas.
Para o sucesso no desenvolvimento é imprescindível o trabalho em equipe. Assim para começar o trabalho psicopedagógico os educadores precisam estar envolvidos refletindo individualmente e em grupo sobre suas práticas em sala de aula. O estudo de diversas áreas do conhecimento que mostram de que forma ocorre a construção do conhecimento humana ajudam a equipe escolar a desenvolver seus planejamentos e metodologias.
Conforme a ideia de Weiss (1994) a equipe escolar deve se organizar em grupos operativos para vivenciar o aprender e refletir sobre seu papel de educador. Para Luckesi (2002) os educadores reproduzem modelos inconscientes de procedimentos nas práticas de avaliações das aprendizagens escolares, principalmente ao invés de utilizarem de métodos de “avaliação” utilizam de “exames”, o qual é um hábito que o professor reproduz sem se questionar sobre qual é sua representação e quais os benéficos para os alunos.
Quando o professor utiliza o método de avaliação ele diagnostica uma experiência, desta forma ele não classifica o aluno nem exclui. Cada instituição tem seus métodos avaliativos e o psicopedagogo deverá notá-las para então desempenhar da melhor maneira sua função. Será necessário que a equipe escolar esteja aberta para as mudanças solicitadas, para então obter o resultado esperado.
Ao analisar, considera-se as dificuldades dos professores derivadas de questões emocionais bem como da própria estrutura cognitiva, relacionados a resistência a trabalhar com o que é novidade. Para Gonçalves (apud BAUMGRATZ, 2010) nota-se que o psicopedagogo institucional estimula o desenvolvimento de relações interpessoais estabelecendo vínculos a utilização de métodos de ensino compatíveis com concepções a respeito desse processo. O psicopedagogo trabalha para que a equipe escolar tenha um olhar diferente com o aluno e tudo que envolve a aprendizagem, pensando sempre em um trabalho individualizado.
A formação deste profissional deve ser pessoal e profissional configurando uma identidade própria e especial, de forma que reúna qualidade, habilidade e competência no seu trabalho especializado na instituição (FELDMANN, 2010). Haja visto que em todas as áreas o trabalho qualificado e em equipe sempre traz resultados positivos, assim psicopedagogo e professor trabalhando em parceria conseguem promover aprendizagem significativa.
1.2 Psicopedagogia Clínica
O psicopedagogo da área clínica é um profissional com preparo adequado para atender qualquer idade, e principalmente crianças e adolescentes que apresentem dificuldades ou mau desempenho na aprendizagem, pois é notório o aparecimento de dificuldades e distúrbios ou mesmo patologias em qualquer idade. O profissional faz um diagnóstico clínico em algumas sessões para identificar as possíveis causas do transtorno por meio de instrumentos como a prova operatória desenvolvida por Piaget, provas projetivas como os desenhos, jogos, brincadeiras, EOCA (entrevista operativa centrada na aprendizagem) anamnese a qual se conhece o histórico de vida do paciente desde seu nascimento até o período atual. Sobre a entrevista Weis explica:
Em todo momento, a intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de maneira espontânea, porém dirigida de forma experimental. Interessa observar seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesas, ansiedades, áreas expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc. (apud VISCA, 2007, p. 57).
Essas entrevistas iniciais na clínica com os pais ou responsáveis pelo paciente devem ser realizadas para reunir informações pertinentes para o diagnóstico. De acordo com Kiguel, "o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência de meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento" (2001, p. 24).
O psicopedagogo da área clínica não trabalha sozinho, mas conta com o auxilio de outros profissionais como o Pediatra, Fonoaudiólogo, Psicólogo, entre outros. Nesse sentido o profissional apresentará um diagnóstico mais preciso a respeito do problema, e ainda apontara técnicas para serem utilizadas bem como orientações para seus responsáveis.
Sobre a psicopedagogia Neves discorre;
a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos (2001, p. 12).
Para Rubinstein, "num primeiro momento a psicopedagogia esteve voltada para a busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remediação e desta forma promover o desaparecimento do sintoma". E ainda,
a partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a relação que o aprendiz estabelece com a mesma, o objeto da psicopedagogia passa a ser mais abrangente: a metodologia é apenas um aspecto no processo terapêutico, e o principal objetivo é a investigação de etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem como a compreensão do processamento da aprendizagem considerando todas as variáveis que intervêm nesse processo (2002, P. 103).
Existe uma complexidade no objeto de estudo do psicopedagogo, por esta razão é necessário o conhecimento específico deste profissional em teorias como: Pedagogia, Psicanálise, Psicologia, Epistemologia, Linguística e Neuropsicologia. O psicopedagogo observará as seguintes características:
-
Coordenação motora;
-
Aspecto sensório motor;
-
Dominância lateral;
-
Desenvolvimento rítmico;
-
Desenvolvimento motor fino;
-
Criatividade;
-
Evolução do traçado e do desenho;
-
Percepção e discriminação visual e auditiva;
-
Percepção espacial;
-
Percepção Viso-motora;
-
Orientação e relação espaço-temporal;
-
Aquisição e articulação de sons;
-
Aquisição de palavras novas;
-
Elaboração e organização mental;
-
Atenção e concentração;
-
Expressão plástica;
-
Aquisição de conceitos;
-
Discriminação e correspondência de símbolos;
-
Raciocínio lógico matemático.
Os aspectos a serem observados são cognitivos, emocionais e corporais. O psicopedagogo auxiliará o sujeito a encontrar melhor método de estudar para que ocorra a aprendizagem esperada. Este profissional também será muito útil em orientações educacionais, vocacionais e ocupacionais.
O psicopedagogo clínico para Bossa (2000) tem por objetivo recuperar a autoestima do aluno mostrando a ele que tem potencial e capacidades para realizar suas atividades educativas com autonomia.
2. AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL
No presente capítulo será apresentada a instituição em que foi realizado o estudo psicopedagógico, respondendo também algumas questões pertinentes para conhecer o trabalho educacional, objetivos, metodologias, filosofia da Escola Municipal Vereador Rodolfo Valter Kunze.
2.1 Histórico Institucional, dados, diretoria e equipe pedagógica
A Escola Municipal de Educação Básica Vereador Valter Kunze, foi criada pela Lei nº 244/92 no dia 21 de dezembro de 1992. Recebeu esta denominação para homenagear uma das famílias pioneiras da região. Valter Kunze nasceu no interior do Paraná, veio para Sinop ainda jovem foi suplente de vereador na segunda legislatura e atuou 02/10/89 à 16/12/89.
Era casado tinha dois filhos e faleceu em um acidente em 12/08/92. A instituição está localizada na Rua das Seringueiras nº 2040 esquina com a Rua das Primaveras, no bairro Jardim Botânico em Sinop/MT CEP 78.556-026, telefone66 3511-1905. Atualmente atende 420 alunos de 1º ao 5º ano nos dois períodos matutino e vespertino sendo divididos em nove salas por período. A estrutura física da escola confortável, todas as salas contam com ar condicionado, carteiras adequadas, amplo refeitório com mesas para que as crianças façam suas refeições com tranquilidade, sala de recursos e atendimentos especiais, sala de informática, sala de leitura entre outros. A escola conta com o apoio do Programa Mais Educação e reforço escolar.
A escola atende crianças dos bairros centrais, a maioria dos pais participam com frequência das reuniões e estão satisfeitos com a equipe escolar.
A Escola é administrada pela diretora Marines Rosa sob acompanhamento da Secretaria Municipal de Educação, a srª Gisele Faria de Oliveira.
Coordenadora: Chieley da Costa Fortuna
Secretária: Edicléia Castilho Fagnani
Auxiliares de Coordenação pedagógica: Fabíola da Silva Alvares e Valéria Parada do Prado
2.2 Análise do projeto político pedagógico
O Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Educação Básica Vereador Valter Kunze, foi elaborada em conjunto com a equipe escolar e a comunidade. O PPP não é um documento pronto, necessita estar em constante reformulação de acordo com as transformações sociais. Neste documento estão as reflexões sobre concepções que os mais renomados teóricos trazem, bem como o desenvolvimento e a avaliação do processo ensino aprendizagem, objetivos, filosofia, metas a serem alcançadas, os projetos que a escola desenvolve, a proposta curricular, cronograma, calendário e regimento.
2ª Etapa: Entrevista com a diretora da instituição Marines da Rosa
Quanto às metas e as ações que a Escola está desenvolvendo, são no sentido de apoio e reforço escolar para alunos com dificuldade de aprendizagem, sala de apoio para alunos que apresentam laudo, visando melhorias no índice de aprovação e também, implementação da ficha de acompanhamento do desempenho dos alunos. Tudo isso está no Projeto Político Pedagógico o qual foi elaborado junto a comunidade.
A participação da comunidade na Escola tem melhorado muito. A instituição criou uma cartilha com o titulo “Acompanhem a vida escolar de seus filhos” e tem surtido efeito, os pais têm vindo mais a Escola. A Escola Valter Kunze tem como prioridades realizar trabalho diferenciado com os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem que não possuem laudo, investir mais na sala de reforço para melhorar o índice de aprovação principalmente no 3º ano.
Outra proposta será um trabalho desenvolvido dentro da Prova Brasil com aos alunos do 4º ano que irão realiza-la no próximo ano, com isso a equipe escolar espera melhorar o desempenho e assim obter melhor resultado no IDEB.
A Escola acredita que a formação continuada precisa ser significativa, para isso serão estudados diversos temas, entre eles alguns pré-definidos, mas todos relacionados a ensino aprendizagem. Pretendem promover encontros mensais com os professores e com a equipe técnica para levantamento das necessidades pedagógicas, troca de experiência, e ainda rever as metas e objetivos traçados para o ano letivo. Acreditam que trabalhos como esses podem fazer diferença nos resultados para tornar a educação realmente de qualidade.
Ao analisarmos o PPP foi observada a preocupação da equipe escolar em melhorar os índices da escola e fornecer formação humana integral e de qualidade a todos os alunos inclusive aqueles que apresentam alguma limitação. Um exemplo desse trabalho é o Projeto Pape (Projeto de Atendimento Pedagógico Especializado) que atende alunos do ensino regular que apresentam dificuldades de aprendizagem e que não são portadores de necessidades especiais, a principal finalidade é favorecer as funções cognitivas indispensáveis ao êxito acadêmico do aluno. O Projeto Pape não é um reforço escolar, mas um trabalho individual e especializado de acordo com as dificuldades do aluno.
A filosofia da Escola prima pela qualidade de ensino, inovações nos métodos de ensino, respeito mutuo entre professores, alunos e comunidade. Busca-se garantir o acesso e a permanência dos estudantes integrando e respeitando as diferenças. A instituição visa ser reconhecida pela qualidade no ensino aprendizagem e serviços prestados junto e com o apoio da comunidade. Busca um trabalho coletivo junto a comunidade educativa optando por uma linha de trabalho que compreende o aluno como agente transformador de sua comunidade.
3. AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA DE UM ESTUDO DE CASO CLÍNICO
Neste capítulo será descrito todos os passos do estudo de caso com uma criança de 10 anos de idade, a qual foi indicada pela Escola Municipal de Educação Básica Rodolfo Valter Kunze. Serão apresentadas as queixas, avaliações, instrumentos utilizados para o diagnóstico, hipótese, sugestão, intervenção e a devolutiva para a escola e família.
3.1 Identificação
A avaliação psicopedagógica como estudo de caso que será mostrada aqui, foi realizada com uma criança de 10 anos de idade, que será identificado pelas iniciais C.E. data de nascimento 30/08/2004, ele frequenta o 3º ano, é aluno da EMEB Rodolfo Valter Kunze a quatro anos, mora no mesmo bairro onde se situa a Escola.
Mora com o pai V.P. e com mais 3 irmãos sendo um deles portador de necessidades especiais, sua residência é no Bairro Jardim Botânico, é funcionário da Secretaria de Obras do Município, a mãe de iniciais I.O. não reside na mesma cidade e há muito tempo não tem contato com os filhos.
3.2 Queixas
A queixa partiu da Escola em que C.E. estuda há quatro anos, reprovou no ano passado e este ano continua sem interesse nem comprometimento pelos estudos, o caderno de C.E. é o mesmo desde o início do ano e está quase em branco, se não fosse às poucas vezes que a professora o obriga a copiar. São muitas queixas que os professores fazem a respeito de C.E. como; agressivo, encrenqueiro, provoca a ira dos outros alunos e frequentemente vai para coordenação por brigas, não é obediente, não produz nada em sala de aula, não consegue se relacionar com os professores e colegas. Um dos professores disse inclusive, que parece que o aluno regrediu em relação ao último ano. O professor de educação física relatou que C.E não participa na aula e provoca muito os colegas, os quais tiram sarro dele frequentemente por não fazer as atividades em sala e ainda por vir muitas vezes para escola sem tomar banho e com odores.
A criança investigada já mudou de turno duas vezes a pedido da coordenação para tentar diminuir as desavenças entre os colegas de sala e da escola. Os professores entrevistados não sabem informar se C.E. é alfabetizado e nem mesmo se reconhece os números e sabe contar em sequencia, já que se recusa a fazer qualquer atividade.
3.3 Avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica psicopedagógica clínica teve início no dia 05 de setembro de 2014 e término no dia 17 de Outubro de 2014. Neste período foram realizadas 8 sessões para conhecer a criança e também obter dados suficientes para uma hipótese diagnóstica e assim concluir nosso trabalho unindo teoria e prática.
Todas as 8 sessões foram realizadas para observar, depois analisar e avaliar as atitudes e reações apresentadas pela criança escolhida para este estudo clínico.
Avaliação da Escola da família. Em relação a Escola, foi possível observar a dificuldade que os professores sentem para conseguir a atenção de todas as crianças nos conteúdos e atividades apresentadas em sala de aula. A maior parte dos alunos que são colegas de sala de C.E. estão alfabetizados e apresentam rendimento esperado, com exceção dos alunos que são mais indisciplinados, porém C.E. se destaca com maior dificuldade de aprendizagem. Quando a escola prioriza o trabalho e o planejamento em equipe, todos ganham com os resultados, porém nem sempre existe um tempo em que todos possam estar juntos, e outras vezes os próprios professores não querem dispor deste tempo, por estrem enfadados pelas obrigações do dia a dia. Outro ponto muito importante a ser destacado é a metodologia utilizada para apresentar os conteúdos em sala de aula, que muitas vezes não são significativos para os alunos, e ele não consegue fazer conexão e formar o conhecimento.
Nota-se nas escolas a baixa qualidade do ensino no nosso país, a falta de preparo por parte dos professores, em lidar com tanta indisciplina em sala, infraestruturas precárias, baixos salários e desvalorização o que gera baixo status profissional, por consequência causa evasão, e baixo rendimento escolar. (MARIN, 1998). É compreensível a dificuldade dos professores, uma vez que são muitos alunos em sala de aula, cada um com suas especificidades, mas mesmo levando em conta as dificuldades que os professores sentem, eles são cobrados como principais responsáveis no processo de aprendizagem, quando muitas vezes se esquece da responsabilidade da família neste mesmo processo.
Conforme Scoz, a influencia da família é decisiva na aprendizagem dos alunos. Os filhos de pais ausentes apresentam sentimentos de desvalorização e carência afetiva, o que gera desconfiança, insegurança, desinteresse, improdutividade, e obstáculos no processo de aprendizagem. A investigação com a familiar podem apresentar fatores que interferem na aprendizagem, mas que podem apontar cominhos para ajudar a criança também e orientar a família para sua importância diante da aprendizagem dos filhos (1994, p.71). Entende-se com Scoz, que todos fazem parte da aprendizagem, mas ela tem início na família. O MEC (Ministério da Educação) instituiu o dia 24 de Abril como o Dia Nacional da Família na Escola, para que os pais percebam a importância de participar das atividades educativas de seus filhos, os quais aprendem mais quando os pais se envolvem na educação.
Relato da Avaliação da Família. A investigação com a família por meio da entrevista e anamnese, foi realizada com o pai. C.E. e mais três irmãos mais velhos, moram somente com o pai desde os três anos de idade quando sua mãe foi embora após o término do casamento. C.E. causa muita preocupação na equipe escolar, é aluno da Escola a quatro anos e apresentou poucos avanços. A Escola busca de todas as formas ajudá-lo com os programas que são realizados na Escola, porém o aluno vem algumas vezes e desiste facilmente. A Escola procurou ajuda psicológica e encaminhou o aluno por três vezes, porém o pai leva uma vez e acaba desistindo do tratamento. O pai do investigado sabe da importância da escola na vida do filho, mas não o incentiva, o que causa falta de participação ativa nos programas como reforço escolar e o Programa Mais Educação, os quais poderiam ajudar C.E. na aprendizagem e nos relacionamentos. Para Escott (2001, p.218) “as expressões são utilizadas no discurso da família em relação á aprendizagem do paciente e seu significado na sequência do contexto, o psicopedagogo poderá levantar hipóteses sobre o significado que o não aprender tem no grupo familiar”. De acordo com a investigação o pai também precisa de ajuda psicológica, uma vez que cuida sozinho dos filhos, e expressa muitas mágoas em relação a ex esposa, e mostra isso frequentemente aos filhos de maneira agressiva. Os filhos ficam a maior parte do tempo na escola ou mesmo sozinhos em casa, e quando estão juntos dificilmente esse tempo é de qualidade.
Avaliação Psicomotora. Através da observação das sessões diagnosticas e também das entrevistas realizadas foram avaliadas a psicomotricidade que como explica Fonseca (2004) não é um instrumento para identificar possíveis déficits neurológicos, nem diagnosticar uma disfunção cerebral, mas fornece informações que possibilita apontar a atenção do processo avaliativo em relação a disfunção psiconeurológica da aprendizagem ou mesmo a disfunção psicomotora (dispraxias) que impedem a criança de desenvolver os movimentos corretamente. São vários fatores psicomotores que fazem parte do desenvolvimento, conforme Fonseca (1995) são eles: a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a noção corporal, a estruturação espaço-temporal, e a práxis fina e global. A avaliação psicomotora é apenas uma das formas de avaliação, é uma avaliação complementar os outros procedimentos utilizados na investigação, que influenciam nos resultados.
Análise da Avaliação Psicomotora. De acordo com Almeida (2007) a psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação aonde o corpo é origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas, suas possibilidades de perceber atuar, agir como o objeto, com o outro e consigo mesmo. Notou-se na investigação, algumas dificuldades em relação ao equilíbrio, lateralidade, tem um pouco de dificuldade em atividades com recorte, colagem, a coordenação motora fina não está completamente desenvolvida. De acordo com a entrevista realizada com o pai, a criança derruba as coisas frequentemente nas suas palavras “C.E. é bastante atrapalhado, estabanado”. Pode-se atribuir isso a fato de não possui uma maturidade motora completa.
Dificuldade da Leitura e da Escrita. Ainda que muito complexa a leitura e a escrita são essenciais para nossa comunicação, e é na infância que notamos as principais dificuldades, que podem ser levadas para o resto da vida, ou não, de acordo com o trabalho realizado pela escola e apoio da família. Quando a alfabetização não acontece de forma adequada prejudica o sujeito diante da sociedade e o torna frustrado. Toda a aprendizagem escolar pode se comprometer quando há ruptura no processo de leitura e escrita, o que causa desestímulo e evasão escolar. A avaliação na leitura e escrita foi realizada com provas de grafismo, ditados balanceado, jogo com o alfabeto móvel, formação de frases conhecidas, entre outros.
Causas Emocionais ou Afetivas. As causas afetivas emocionais podem acarretar problemas graves no desenvolvimento das capacidades. A palavra aprender tem origem latina “ex-ducere” que significa colocar para fora, isto é, vem do interior para o exterior. Do “interior” entende-se que seja o mundo mental, os afetos, emoções, sentimentos, fantasias, sonhos. Desses elementos são formados a subjetividade de cada um. O desenvolvimento e aprendizado dependem de funções cognitivo-afetivas, esses sistemas sofrem influencia de acordo com o meio social, em que vive o sujeito.
Para se desenvolver adequadamente nas questões do aprendizado, é de suma importância a formação de vínculos familiares, nos quais se estabelece confiança, valor, coragem etc. As relações afetivas-emocionais interferem no desenvolvimento da criança, e a presença da mãe é a base para o aprendizado criativo que surge das brincadeiras.
3.4 Instrumentos utilizados
De acordo com Fernández (1990) o diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a mesma função que a rede para um equilibrista. Ele é a base que dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário. Este processo é o que possibilita ao profissional investigar, levantar hipóteses prévias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, existem conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da “...escuta psicopedagógica...”, para que “...se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção”. (BOSSA, 2000, p. 24). Na Epistemologia Convergente todo o processo diagnóstico é estruturado para que se possa observar a dinâmica de interação entre o cognitivo e o afetivo de onde resulta o funcionamento do sujeito (BOSSA, 1995, p. 80).
1ª Sessão – no primeiro momento foi realizada a entrevista com o pai V.P. que repassou as queixas feitas pela escola, na qual é clamado frequentemente para resolver problemas relacionados ao filho e a sua aprendizagem. O pai se mostrou cansado de fazer tentativas utilizando o diálogo com o filho, segundo ele já começou algumas vezes a levar o filho para psicóloga e por motivos diversos não pode continuar as sessões. O pai relatou a dificuldade em criar os filhos sozinho, ainda que alguns parentes como avós das crianças, tios e primos, residam no mesmo terreno, porém em casas separadas.
Ao conversar com o pai ele demonstrou muita mágoa por ser “abandonado” pela mãe de seus filhos e sabe que esse fato pode interferir na maneira como o filho age atualmente, já que este era muito pequeno quando a mãe foi embora. Os professores que convivem com C.E. há quatro anos, atribuem o comportamento do menino aos problemas familiares, que possivelmente causaram transtornos emocionais e psicológicos no mesmo.
Ainda neste momento foi realizada uma entrevista com alguns dos professores que conhecem bem o aluno investigado, para compreender como se dá o processo de aprendizagem do mesmo, seu comportamento e relacionamentos com os professores e colegas de escola. Para Bossa a realização da EOCA tem a intenção de investigar o modelo de aprendizagem do sujeito sendo sua prática baseada na psicologia social de Pichón Rivière, nos postulados da psicanálise e método clínico da Escola de Genebra ( 2000, p. 44). Na entrevista com a família através da EOCA, Visca, diz que nos interessa observar na EOCA são "...seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc (1987, p. 73). E estes realmente foram observados, anotados e aproveitados para a hipótese e encaminhamento da investigação psicopedagógica.
2ª Sessão – no segundo momento foi realizada a Anamnese que segundo Weiss, o objetivo da anamnese é "colher dados significativos sobre a história de vida do paciente" (2003, p. 61). É importante deixar a família falar livremente "... para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e sentimentos sobre a criança para que possam compreender os pontos nevrálgicos ligados à aprendizagem". (Ibid, 2003, p.62). Em outros momentos é preciso direcionar as questões, pois conforme o autor “os objetivos deverão estar bem definidos, e a entrevista deverá ter um caráter semidiretivo” (2003, p. 64).
A anamnese foi realizada com o pai que relatou que C.E. era muito apegado a mãe até os três anos de idade quando ela o deixou, neste período o pai trabalhava o dia todo e quando chegava em casa os filhos já estavam dormindo, por esta razão muitas questões da anamnese o pai não soube ou não lembrava para responder seguramente. O pai disse que nenhum dos filhos foi planejado, e que o casamento não foi prejudicado pelos filhos, enfatizou que C.E. não apresentou nenhum problema nas etapas do desenvolvimento.
3ª Sessão – no terceiro momento foi realizada uma entrevista com C.E. para obter dados referentes a seu nível de aprendizagem e relacionamento com professores e colegas de sala e escola. Foram feitos dois desenhos por C.E., um sobre a família e outro sobre a escola como o mapa da sala de aula. Segundo Oliveira (2009,p. 41): Através da observação do desenho da criança podemos obter dados sobre seu desenvolvimento geral, assim como levantar hipóteses de comprometimento afetivo- emocional, intelectual, perceptivo e motor em suas múltiplas interferências. O desenho é mais uma das ferramentas para que o psicopedagogo conheça melhor a criança diagnosticando e percebendo alguns detalhas importantes para o diagnóstico.
4ª Sessão – a partir deste momento foram utilizados três níveis diferentes de jogos de quebra-cabeça, jogo da memória, dominó, alfabeto móvel e numerais. Outro instrumento utilizado foi a massa de modelar para indicar quantidades. Conforme Bossa (2007, p.110), na hora do jogo é o momento de observação nas atitudes da criança para que se identifique a forma que a criança efetiva a ação do aprender voltada para sua realidade escolar. O jogo trabalhado como momento lúdico auxilia no diagnóstico bem como no tratamento das dificuldades de aprendizagem.
5ª Sessão – no quinto momento foi trabalhado ditado balanceado, pois nas sessões anteriores percebeu-se uma dificuldade para colocar em ordem o alfabeto móvel, bem como utiliza-las de forma correta.
6ª Sessão – na sexta sessão foram trabalhados, jogos matemáticos, contas de adição e subtração com materiais e objetos para visualização das quantidades, sequencias lógicas etc. Segundo as ideias de Piaget (1967) “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. E para Kishimoto (1999) o jogo possibilita à criança aprender de acordo com seu ritmo e suas capacidades. A criança fica mais motivada e se esforçam para obter o melhor resultado.
7ª Sessão – na sétima momento houve continuação com os jogos desta vez com varetas, jogo da velha e organização de frases relacionadas a músicas de preferencia de C.E., que elaboramos juntos depois recortamos e o aluno organizou de acordo com a frase correta. Desta vez, no ditado balanceado o aluno se negou a escrever, porém depois de um diálogo acabou cedendo e colaborou inclusive com sugestões de palavras, as quais eram mais fáceis para ele.
8ª Sessão – foi utilizada a técnica de foto linguagem, com fotos que representem ambientes com famílias, paisagens, amigos, escola etc. Depois de um diálogo foi proposto a leitura do livro “quem roubou meu queijo”, mas C.E. se nega a fazer leitura, mesmo quando levado a biblioteca para que escolhesse um livro pelo qual se interessasse. Essa já era uma das queixas da equipe escolar. As observações sobre o funcionamento cognitivo do paciente não são restritas às provas do diagnóstico operatório; elas devem ser feitas ao longo do processo diagnóstico. Na anamnese verifica-se com os pais como se deu essa construção e as distorções havidas no percurso. (2003, p.106).
3.5 Descrições das sessões diagnósticas
Em todas as sessões priorizou-se o diálogo, pois C.E. tem muita dificuldade em se relacionar com as pessoas, e em todas as sessões era necessário conquista-lo novamente, visto que ele ignorava qualquer pergunta ou mesmo um sinal de afeto no início de cada sessão. Por duas vezes a sessão não aconteceu, pois C.E. se negou a sair de casa para vir para sessão, então a escola decidiu junto com o pai que o nosso encontro seria em horário de aula. C.E começou várias vezes a fazer reforço escolar e o programa “mais Educação”, porém em pouco tempo não vinha mais, já que era em horário oposto.
C.E. se mostrou interessado nas sessões apenas quando foram utilizados jogos, as atividades relacionadas a leitura, escrita e números não eram bem aceitos por ele. Todas as sessões C.E. pedia para desenhar ou jogar. Não conversava muito durante as sessões, na maioria das vezes só respondia aquilo que lhe era perguntado, algumas vezes falou sobre sua família, lamentando que seu pai não lhe dava a mesma atenção que aos irmãos com os quais briga muito, e contando alguns fatos e lembranças sobre sua mãe.
Para entender como se se dá o processo de desenvolvimento por Piaget serão observadas algumas teorias postuladas por ele, que de acordo com Porto (2007 p.28) afirma que:
Respeitando-se a maturidade de seu pensamento e a individualidade cada aluno está em um nível de desenvolvimento e, a partir deste dado, deve o professor respeitar a ação no ritmo, no tempo peculiar de cada um, sem antecipá-lo na ação, exceto em situações frustrantes para ele”
Sobre os estágios do desenvolvimento humano Piaget considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento (Furtado, op.cit.). São eles:
1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)
2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)
Essas fases são caracterizadas por diferentes formas de organização mental que possibilitam as diversas maneiras do indivíduo relacionar-se com a realidade a qual vive (Coll e Gillièron, 1987). Todas as pessoas passam por essas 4 fases na mesma sequência, mas o início e o término, pode sofrer algumas variações em decorrência das características da estrutura biológica de cada pessoa, e dos estímulos que recebeu do meio em que está inserido. Por está razão é que "a divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida", conforme lembra Furtado (op.cit.).
Diagnóstico Operatório ou operacional. O objetivo é investigar o nível cognitivo que de acordo com Weiss “As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções chave do desenvolvimento cognitivo, detectado o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognitiva que opera (2003, p.106)”. Desta forma pode-se avaliar se existe defasagem em ralação a idade cronológica. Esses testes são realizados a partir das necessidades observadas e analisadas através da entrevista com a família e nas atividades lúdicas.
Classificação: é separar em categorias objetos, pessoas e ideias conforme sua categoria e características percebidas.
Seriação: é a capacidade de sequenciar, colocar em ordem (ex. do menor para o maior).
Conservação: quando a criança nota que a quantidade não depende da forma como está colocada, apresentada ou a posição que está disposta. Essas relações são estabelecidas pela criança quando ela está no período das operações concretas.
Para Rangel “A condição necessária para a construção do conhecimento matemático é, pois, a possibilidade de o ser humano estabelecer relações lógicas sustentadas na sua ação transformadora sobre a realidade que interage. ” (p. 102). Ainda de acordo com a teoria de Piaget, para explicar o desenvolvimento intelectual, partiu da ideia que os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente, sempre procurando manter um equilíbrio. Assim, Piaget entende que o desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico (WADSWORTH, 1996). Atividade intelectual para Piaget, não pode ser separada do funcionamento "total" do organismo (1952, p.7).
Reversibilidade. Neste estágio do Operatório Concreto, a criança deve desenvolver a noção de tempo, espaço, velocidade, ordem, causalidade etc. A característica dos estados de equilíbrio deve ser observada, desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso da apresentada anteriormente, sem levar em conta a mudança observada. Ex. quando se muda a forma, mas a quantidade continua a mesma.
Na noção de causalidade é uma relação que a razão estabelece com relação as pessoas e os objetos oque resulta da nossa capacidade de dedução. Os diferentes estágios de acordo com Piaget evoluem, tem uma sequência constante (Visca, 1995).
3.6 Hipótese diagnóstica
Ao serem realizadas as entrevistas, diálogo e as sessões psicopedagógicas, percebeu-se que apesar das dificuldades apresentadas em relação aos conteúdos escolares, Carlos demonstra mais problemas afetivos e emocionais em decorrência da desestrutura familiar. Algumas hipóteses sobre o atendimento com a criança:
-
Problemas graves de relacionamento com colegas e professores causando reclusa social, os poucos amigos de C.E. na escola são alunos com características parecidas com as dele como: agressivos, rebeldes, com problemas familiares e baixo rendimento na aprendizagem;
-
No contexto familiar existem traumas devido a mãe deixa-los quando Carlos tinha apenas 3 anos de idade, com a qual era muito apegado;
-
O pai desabafa constantemente sua frustração em relação a ruptura no casamente e a falta de outro relacionamento devido aos 4 filhos que estão na sua responsabilidade;
-
Falta de comprometimento do pai em relação a educação e limite e principalmente a afetividade para com os filhos.
-
O fracasso escolar seguido da indisciplina, agressividade, falta de respeito e limites, devido ao processo afetivo emocional de C.E.
De acordo com as análises feitas em todas as sessões, por mais dificuldades em relação a leitura, a escrita, o raciocínio lógico com atividades matemáticas bem como nos jogos e suas regras, C.E. apresentou dificuldades, porém não de forma tão significativa, o que é completamente compreensivo quando analisada sua história de vida e seu cotidiano, as condições educativas são resultado de tudo aquilo que é vivenciado por ele a partir dos 3 anos de idade.
Nas avaliações técnicas projetivas e operatórias a qual permite que se compreenda qual a relação da criança com aprendizagem que conforme ESCOTT, (apud, OLIVEIRA 1994, p. 23),
[…] a maneira como uma criança brinca ou desenha reflete sua forma de pensar ou agir, nos mostrando, quando temos olhos para ver, como está se organizando frente à realidade, instruindo sua história de vida, conseguindo interagir com as pessoas e situações de modo original, significativo, prazeroso ou não. A ação da criança […] reflete enfim sua estrutura mental, o nível de seu desenvolvimento cognitivo e afetivo emocional.
As provas projetivas realizadas com C.E. foi possível obter muitas informações e hipóteses sobre o seu desenvolvimento intelectual, afetivo, emocional, perceptivo e motor. No desenho ou expressão gráfica é uma manifestação que a criança demonstra quando está segura e se confia em si, ela é capaz de se arrisca ainda mais. A criança fez o desenho do Par familiar e Par educativo. Os desenhos revelaram que apesar das dificuldades que a família passou e ainda passa com a falta da mãe entre outros conflitos, continuam unidos. No desenho do mapa da sala de aula, colocou todos os alunos em um lado apenas da sala de aula, C.E. muda de lugar constantemente, porém o desenhou no último lugar no extremo da sala.
Carlos não tem muita noção de espaço e tempo, troca os dias da semana, e os meses do ano. A avaliação lecto-escrita mostra a dificuldade de aprendizagem, não gosta de escrever, muito menos de ler a qual se nega completamente, no ditado balanceado foi possível notar que havia dificuldades na escrita, porém podem ser corrigidas facilmente com o apoio da Escola. A maior dificuldade é estimular e convencer C.E. a realizar as atividades propostas em sala de aula, quando muito faz apenas cópia do quadro, mas não se propõe a realizar atividades de fixação.
Em relação a psicomotricidade:
Para a Psicopedagogia, o corpo é um dos quatro níveis de estruturação da aprendizagem do sujeito que, juntamente com o organismo, a estrutura cognitiva e a estrutura dramática, ou seja, o inconsciente, possibilita ao sujeito da aprendizagem incorporar os conhecimentos e o desejo do outro. (ESCOTT; ARGENTI, 2001, P. 230)
A observação psicomotora de C.E. foi realizada durante as sessões e também durante o período do recreio na Escola e atividades físicas. O investigado diz que gosta de jogar futebol, porém na aula de educação física não participa ativamente, desta forma foi possível notar que apresenta uma pequena falta no equilíbrio, organização, lateralidade esse controle do próprio corpo pode influenciar nas demais aprendizagens, que de acordo com Nascimento Machado […] existe um estreito paralelismo entre o desenvolvimento das funções motoras e o desenvolvimento das funções psíquicas. Psicomotricidade, portanto, é a relação entre o pensamento e a ação, envolvendo também a emoção [...]. (NASCIMENTO MACHADO, 1986, p.1). Em Carlos essas dificuldades não são tão significativas.
No que se refere a lógica matemática C.E. os apresenta algumas dificuldades em raciocínio nos jogos com regras e nas atividades de adição e subtração.
Com as análises dos dados coletados durante as sessões, levantou-se a hipótese de que o fracasso escolar de C.E., está relacionado a questões afetivas e emocionais que tiveram início aos 3 anos de idade, por esta razão acredita-se que Carlos chame a atenção dos professores e colegas de escola o tempo todos com sua indisciplina e rebeldia.
C.E. demonstra sentir falta da sua mãe, em muitos dos momentos de diálogo expressa as mágoas, transferidas do pai para os filhos, o qual não se conforma com a forma com que a ex esposa deixou a família. C.E. os afirmou que gosta da Escola e também de estudar entre outras afirmações, a qual não se confirma em suas atitudes com os professores e colegas, os quais afronta todo o tempo com palavras e atitudes desrespeitosas e agressivas.
Sobre a afetividade, Weiss (2000, p.23) diz que os “aspectos emocionais estariam ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste através da produção escolar. Remete aos aspectos inconscientes envolvidos no ato de aprender.” E Fernández (1990. p.30) afirma que “a origem do problema de aprendizagem não se encontra na estrutura individual.” Foi importante notar que as questões afetivas abalam e comprometem a aprendizagem, e quando a criança sofre com a ausência de atenção, carinho e amor, por parte da família, demostra muitas vezes com agressividade e comportamentos inadequados para chamar a atenção.
3.7 Sugestões/intervenções
Por meio das investigações realizadas com C.E. sugere-se que o pai o qual é o cuidador, priorize um tempo para verificar as tarefas e atividades que a professora mande para casa. É necessário que o pai faça um acompanhamento de qualidade ao seu filho na escola, organize o tempo para participar dos momentos de lazer com o filho e com esta proximidade mostrar os limites e impor regras necessárias para que a criança aprenda a conviver sem criar tantos conflitos com os irmãos, colegas de escola e professores. Os jogos pedagógicos como a brincadeira, auxiliam o desenvolvimento cognitivo da criança e pode ser uma maneira de pai e filho passarem tempo de qualidade juntos. "A brincadeira fornece uma organização para a iniciação de relações emocionais e assim propicia o desenvolvimento de contatos afetivos e sociais" (WINNICOTT, 1979, p.163). Ainda conforme Oliveira (2007), o ato de brincar e jogar para a criança não é apenas um momento de diversão, e sim também de educação, socialização, construção e desenvolvimento onde a criança aprende a participar das atividades, pelo prazer sem esperar algo em troca.
Na idade escolar os filhos passam uma boa parte do tempo na escola, com os colegas e professores, porém o relacionamento com a família, com os pais principalmente é a parte mais importante na vida dos filhos. A criança precisa de afeto, atenção, orientação, limites, incentivo e reconhecimento pelo seu valor como ser humano. Os professores também precisam criar vínculos mais significativos com seus alunos dentro da escola, ainda que não seja tarefa fácil com algumas crianças, isso ajuda muito nas questões ensino-aprendizagem. Fernández e Sara Pain concordam que para a criança aprender, são necessários dois personagens, o ensinante e o aprendente e um vínculo que se estabelece entre ambos. (FERNÁNDEZ, 1991 p.48).
Para a escola também se sugere que, o trabalho seja realizado em equipe, coordenadores, professores e a família, buscando maior aproveitamento em sala de aula, nas atividades, na organização do material, tarefa de casa, nos relacionamentos, no comportamento etc.
A equipe escolar deve continuar incentivando a presença do responsável na escola, para fazer um melhor acompanhamento, bem como a participação da criança em atividades que a escola oferece como no Programa Mais Educação, e sala de recurso, em que o aluno é estimulado de forma individual. O trabalho individual ajuda a criança a ficar mais a vontade para se comunicar e expressar seus sentimentos em relação suas dificuldades, e assim será mais fácil encontrar meios para aplicar uma metodologia mais significativa pela professora em sala de aula. Segundo Ferreiro (1996, p.24) “O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem duvida, em um ambiente social. Mas as praticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças. ”
É importante que sejam realizadas atividades diferenciadas com o aluno em questão, por este apresentar problemas relacionados a alfabetização, leitura e escrita, que afirma Ferreiro (1999, p.47)“a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola é que não termina ao finalizar a escola primária”. C.E. apresenta dificuldades em relacionar a letra ao som da mesma, o que faz com que escreva palavras como: cachorro “caxhro” professora “profeovra” borracha “braxaha” laranja “larrngaa” entre outras palavras simples que apresenta dificuldades para escrever. Para Emília Ferreiro, o importante seria se interrogar, ”através de que tipo de prática a criança é introduzida na linguagem escrita, e como se apresenta esse objeto no contexto escolar” (1985, p.30). é importante verificar se o método adotado para alfabetização atende as especificidades de cada criança em sala de aula.
Deverão ocorrer intervenções em várias áreas do conhecimento, como na matemática, exemplos reais devem ser utilizados para que sejam mais relevantes e internalizem o aprendizado, para o inicio atividades mais simplificadas e que sejam feitas com a orientação da professora. Os jogos podem ser utilizados, também objetos concretos para serem visualizados e manipulados, auxiliando o aluno a obter sucesso nos resultados e com isso melhorando sua autoestima. Os jogos com regras fazem com que as crianças aprendem a cumprir as regras na vida, o jogo suscita um conflito interno, o que leva a criança a encontrar uma saída, uma solução para o problema. E ainda para Oliveira & Bossa (1998), “os jogos combinam sorte e aptidão intelectual e permitem simbolizar as vicissitudes impostas pela vida. Eles permitem saber mais sobre a vida psíquica das crianças, outras vezes permitem saber sobre a dinâmica familiar”.
Sugere-se ainda que o aluno C.E. tenha um acompanhamento mais específico com um profissional da área da psicologia por apresentar falta de autoestima, relacionados a problemas afetivos e emocionais bastante expressivos, terá maior relevância se o tratamento for realizado pelo pai também, o qual é o principal responsável pela criança. É necessário que a equipe multidisciplinar da escola faça um trabalho em conjunto, revendo a didática utilizado com C.E. para obter a atenção esperada do aluno e o desenvolvimento da sua aprendizagem. C.E. precisa sentir-se querido e amado, nos ambientes que convive, precisa ser valorizado, portanto recomenda-se que em casa bem como na escola sejam realizadas atividades que elevem sua autoestima e capacidades.
3.8 Devolutiva/encaminhamento
Compreende-se que a devolutiva seja um dos momentos mais importantes do processo de investigação, em que levamos em consideração cada detalhe da pesquisa, como as entrevistas com a escola, família com a criança, as observações e análises das sessões diagnósticas. Entre todas as queixas apresentadas pela escola e família, não foi muito difícil entender ou obter uma hipótese sobre onde estava a raiz do problema, o que está levando a criança ao total fracasso escolar, bem como em seus relacionamentos. É relevante que a família compreenda o trabalho que o psicopedagogo faz, na busca pelas razões das dificuldades apresentadas pela criança, para auxilia-la a tornar-se um adulto com mais oportunidades e autoestima por saber trabalhar com suas capacidades.
Alícia Fernandez (1991, p.233) ao citar Sara Paín diz:
A interpretação do discurso não pode ser feita sem levar em conta o nível da realidade, pois a realidade é a prova; sem levar em conta a leitura inteligente dessa realidade que lhe dá a sua coerência; sem levar em conta a dimensão do desejo, que é sua aposta; sem levar em conta sua modalidade simbólica, que lhe dará sua paixão.
O trabalho do psicopedagogo em relação aos problemas apresentados é mostrar o caminho para solução, depois do diagnóstico, ou prognóstico obtido com o paciente.
C.E. tem sofrido uma ruptura que deixou marcas profundas, que teve início com três anos de idade quando sua mãe foi embora, ele era muito apegado a ela, o pai chegava do trabalho na maioria dos dias quando os filhos já estavam dormindo. Isso supõe que, o pai não era muito presente, devido ao seu trabalho, isso pode ser notado durante a entrevista de anamnese realizada, em que não conseguiu responder a muitas questões dos primeiros anos de vida de C.E.
C.E. tenta chamar a atenção com seu mau comportamento e indisciplina, falta de interesse por si mesmo, pois se sente excluído, falta autoestima, carinho e atenção, faltam palavras de incentivo e valorização. Quando a criança se sentir segura e amada poderá apresentar maior rendimento nas atividades escolares e em seus relacionamentos, uma vez que não sente que seu pai gosta dele tanto quanto dos irmãos. A falta que a mãe faz ao menino é evidente, em todas as sessões em algum momento ela falava dela e demostrava muitas magoas por não ter nenhum contato com a mesma.
Ele tem potencialidades, porém precisam ser trabalhadas em conjunto escola e família, ainda que alguns pontos digam respeito apenas a família, e em segundo lugar a escola, a qual trabalhará outras competências, as quais terão sucesso ou não de acordo com o envolvimento e apoio familiar de maneira efetiva.
CONCLUSÃO
Ao considerar o ser humano em suas múltiplas dimensões, a psicopedagogia busca saber quais são as dificuldades de aprendizagem nos mais variados aspectos. Em todo o processo de estudo, estágio e elaboração do presente trabalho, foi possível vivenciar a relevância do psicopedagogo no ambiente escolar, devido ao grande número de alunos que por alguma razão desconhecida pelo professor, não conseguem obter um desenvolvimento esperado.
No do estudo de caso, trabalhou-se aspectos da área cognitiva, motora e emocional, em vários momentos da aplicação de técnicas para investigação, a criança apresentou dificuldades, porém o que chamou a atenção foi em relação aos aspectos emocionais e afetivos, que interferem em sua aprendizagem. Com está avaliação é notório que a criança necessita de acompanhamento e tratamento psicológico e pedagógico com apoio da equipe escolar e principalmente da família, para ser capaz de progredir adequadamente. De acordo com Alícia Fernández: Entre o ensinante e o aprendente abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender.
O ensinante entrega algo, mas para poder apropriar-se daquilo o aprendente necessita inventá-lo de novo. É uma experiência de alegria, que facilita ou perturba, conforme se posiciona o ensinante. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais integrantes da família, como também os professores e os companheiros na escola. (2001, p 29). Nesse sentido compreendemos que o trabalho deve ser coletivo com o apoio de todos os envolvidos na aprendizagem do sujeito, principalmente quando se trata de crianças.
A experiência vivenciada e o conhecimento adquirido foram extremamente importantes e necessários para conclusão do curso de Psicopedagogia Institucional e Clínica, para compreendermos a dimensão desta formação que proporciona uma nova visão para os casos de dificuldade na aprendizagem, o qual também está em constante mudança.
BIBLIOGRAFIAS
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil – Contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 3ª edição. 2007.
_____ Fracasso escolar – um olhar psicopedagógico. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.
CALVO RODRÍGUEZ A, Martínez Alcolea A. Técnicas e procedimentos para realizar adaptações curriculares. Madrid, Edit Escola Espanhola 1999.
ESCOTT, Clarice Monteiro. Interfaces entre a psicopedagogia clínica e institucional: um olhar e uma escuta na ação preventiva das dificuldades de aprendizagem. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2004.
FAGALI, Eloísa. A Construção do curso de Psicopedagogia: Clinica e institucional. Porto Alegre: Artes Médicas. 1992
FERREIRO, Emilia. Alfabetização em Processo. São Paulo: Cortez, 1996.
FERREIRO, Emilia. Com Todas as Letras. São Paulo: Cortez, 1999.
FERNÁNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FONSECA, V. Psicomotricidade. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes. 1988.
___________ Manual de Observação Psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995.
___________ Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed. 2004.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida: Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 3º ed. São Paulo – Editora Cortez. 1999.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na escola e a questão das representações sociais. Eccos Revista Científica, volume 4, nº 2. São Paulo: Universidade Nove de Julho, p. 79 a 88, 2002.
MARIN, A. J. Com o olhar nos professores: Desafios para o enfrentamento das realidades escolares. Cad. CEDES, Campinas, v. 19, n. 44, 1998.
NÓVOA, Antonio. Os professores e as histórias da sua vida. In: __. (Org.). Vidas de Professores. Porto: Porto, 1992. (p.11-30).
OLIVEIRA, Vera Barros de; BOSSA, Nádia A. (Orgs.). A avaliação Psicopedagógica de zero a seis anos. Petrópolis: Vozes, 1998.
PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos problemas de aprendizagem. 3ª Ed, Rio de Janeiro: Wak, 2007.
RANGEL, Ana Cristina. Educação Matemática e a construção do número pela criança: uma experiência em contextos sócio econômicos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
RUBINSTEIN & Cols. Psicopedagogia: O caráter interdisciplinar na formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas. 2000.
SCOZ, Beatriz, Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 6ªEd. Petrópolis: Vozes, 1994.
VERCELLI, Ligia de Carvalho Abões. A psicologia da educação na formação docente. Dissertação de mestrado. São Paulo: Universidade Nove de Julho - UNINOVE, 2007.
VISCA, Jorge. Técnicas projetivas psicopedagógicas e pautas gráficas para sua
interpretação. 2008.
VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. 1989.
VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R. e LEONTIEV, A.N. Linguagem, Desenvolvimento e
Aprendizagem. São Paulo: Ícone-Ed. USP, 1988.
WADSWORTH, Barry J. Inteligência e Afetividade da Criança na Teoria de Piaget. Pioneira, 1997, São Paulo, cap. IV.
WEISS, Maria Lúcia. Psicopedagogia Clínica. Uma Visão Diagnóstica. Porto Alegre, RS: Artes Medicas, 1992.
WINNICOTT, D. W. A criança e seu mundo. Tradução de Álvaro Cabral. 5 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
WOLFF, Carolina Gil Santos e PITOMBO, Elisa Maria. Brincar e aprender na sociedade pós-moderna: implicações para a psicopedagogia. Constr. psicopedag. [online]. 2011, vol.19, n.19, pp. 95-111. ISSN 1415-6954.
Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:
WEIS, Rosane Marlene Weber. Informe Psicopedagógico de uma Avaliação Institucional e informe Psicopedagógico de um estudo de clínico. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, V. 01, N. 01, Dez. 2015. < http://aces4r.wix.com/revistacientifica#!blank/thy00>. Data de acesso: