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EDUCAÇÃO: A RELEVÂNCIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL PARA O PROCESSO ESCOLAR.

BARCELLOS, Karine [1]

MARCONDES, Sonia Maria de Lima[2]

RAUBER, Clair[3]

SILVA JÚNIOR, Cícero Gomes[4]

 

 

RESUMO

Este estudo procurou identificar a representação social que os pais têm acerca da escola. O estudo foi realizado no período de 25 dias, mediante entrevistas na residência da personagem que se enquadrava no perfil da pesquisa.  O objetivo da pesquisa foi averiguar o pensamento de uma professora que é mãe de aluno, em relação à escola, seja ela pública ou privada. Com base nos dados coletados, percebemos que há um descrédito da entrevistada acerca do papel emancipatório da escola, algo que inviabiliza a construção de uma nova sociedade a partir da escola que temos, seja ela pública ou privada.

PALAVRAS-CHAVE: educação; representação social; escola.

 

ABSTRAT

This study sought to identify the social representations that parents have about the school. The study was conducted in the period of 25 days upon interviews at the residence of character which fits the profile of research. The research objective was to examine the thought of a teacher who is the mother of a student in relation to school, whether public or private. Based on the collected data, we realize that there is a discredit the interviewee about the emancipatory role of the school, something that makes it impossible to build a new society from the school that we have, whether public or private.

KEYWORDS: education; social representation; school.

 

 

Este artigo tem como finalidade verificar como o professor, sujeito da nossa pesquisa, que é mãe de aluno de escola particular, compreende o papel e limites da educação escolar. Este trabalho teve início no dia 26 de maio deste ano e foi desenvolvido por meio de entrevistas que ocorreram na residência da entrevistada. Os dados foram interpretados a partir da reflexão teórica da educação.

 

Inicialmente, procuramos conhecer o perfil da entrevistada. Professora e mãe, ela relata com ênfase o incentivo que sempre teve dos pais. E que hoje, como educadora repassa aos seus filhos e aos seus alunos a relevância do ambiente escolar para a formação do indivíduo.

 

Deste modo, ela afirma que a educação é algo a ser iniciado e construído no seio das famílias, para depois a escola incumbir-se de proporcionar aos indivíduos aprendizagens que os transformarão em seres críticos, capazes de mudar ou não a realidade em que vivem. Porém, aponta ela, a educação não tem dado conta de suprir essas necessidades, devido à falta de preparo de alguns profissionais, ao desinteresse de alguns pais e alunos, além da falta de políticas públicas que favoreçam as instituições financeiramente.

 

Os aspectos limitadores apontados pela entrevistada vão ao encontro da análise feita por Nóvoa (2012) sobre a escola atual. Segundo o autor, historicamente a educação vem sofrendo profundas mudanças ao longo do tempo. Antônio Nóvoa nos diz que o ponto de partida foi a luta travada no século XX, em prol da escola para todos. Hoje, em tese “todas” as crianças estão na escola. Porém, estas escolas não estão ainda preparadas para atender á demanda de alunos, que tende a aumentar. São grandes as dificuldades enfrentadas pelas escolas, visto que além dos problemas relacionados à qualidade da educação ofertada, a escola ainda tem que se desdobrar com crianças que não querem aprender.

 

No Brasil, a partir da aprovação da LDB/96 e da Resolução n° 4, de 13 de julho de 2010[5] que desdobram inúmeras outras leis com intuito de melhorar a educação, é possível perceber que muitas coisas têm sido mudadas. Hoje, ainda estamos em constante mudança, porém nem tudo que é desenvolvido e aprovado no papel, funciona de fato nas escolas. Há diversas dificuldades de implantação e manutenção.

 

As dificuldades decorrem de políticas públicas mal aplicadas e de instituições de ensino superior que não preparam os estudantes para a realidade escolar, como nos diz Nóvoa (2012, p.12) “as intuições de formação de professores ignoram ou conhece mal a realidade das escolas, especialmente do ensino fundamental”.

 

Diante destas dificuldades, entendendo que os pais têm papel importante no sucesso escolar dos filhos, pensamos ser importante fazer uma análise do modo como a educação vem sendo vista por parte dos pais. Como vimos na disciplina de Sociologia da Escola[6], tomamos como ponto de partida o incentivo ou não dos pais na educação dos filhos, e entendemos que ambos fazem grande diferença na formação do aluno.

 

O incentivo à educação vem se tornando menos frequente nas famílias, devido à maioria dos pais terem necessidade de trabalhar para adquirir bens de consumo. Nesse contexto, a estrutura familiar foi aos poucos se desfazendo e a escola absorvendo os frutos de uma sociedade condicionada ao trabalho. Segundo Nóvoa (2012, p. 8) “a educação era feita no seio das famílias e das comunidades sociais. Com a primeira mudança a educação passou para a tutela da escola e dos professores”. E como consequência as escolas acabam por assumir responsabilidades que não eram suas.

 

Durante a aplicação dos questionários, a entrevistada inúmeras vezes ressaltou a dificuldade que muitos alunos têm em aprender os conteúdos ministrados em sala de aula. Em muitos casos, são os próprios alunos que não têm interesse em aprender, em outros casos não há envolvimento da família na aprendizagem dos filhos.  Para Nóvoa (2012, p. 9) “o problema principal da pedagogia é ensinar os alunos que não querem aprender. Ensinar quem quer aprender nunca foi um problema”. Como se não bastasse isso, há também falta de preparo por parte dos professores e a má aplicação de políticas públicas. Para Konzen é necessário que haja justiça na educação, e isso significa ter

 

alunos matriculados em escolas equipadas, com professores qualificados, com materiais didático-pedagógicos suficientes, com currículo escolar apropriado à realidade do aluno, com recursos disponíveis e mecanismos de controle social instituídos, com a participação dos pais e da comunidade na gestão escolar, em ambiente construído para o sucesso do aluno. (2000, p. 15)

 

Portanto é necessário ter um ambiente propício para o desenvolvimento do aluno. A família, a escola e a gestão pública devem estar de mãos dadas. Mas, para que de fato ocorra transformação na sociedade é preciso que haja

 

(...) igualdade de oportunidades, que possibilitam transformações sociais, concretizadas na adoção de novos comportamentos e valores, na reorganização da sociedade, no pleno desenvolvimento humano e na perspectiva de mudança do presente e do futuro. (KONZEN, 2000, p. 15)

 

Diante destas afirmações, a entrevistada, em seus relatos mostra a sua insatisfação quanto à educação nos dias atuais, devido ao fato de que a mesma, não tem condições de transformar uma sociedade. E, segundo ela, os educadores têm sua parcela de culpa, a partir do momento em que ingressam despreparados nas escolas, e que não levam em consideração a necessidade de fazer formação continuada, para que possam oferecer um ensino de qualidade aos seus alunos. Mattos e Mattos reforçam este pensamento afirmando que

 

(...) o professor ou a professora deve se aprimorar, se aperfeiçoar, pois isso se torna essencial em sua vida profissional, para se tornar competente e comprometido com os resultados de sua tarefa educativa. Se não se qualifica não sabe como fazer desse dom algo sublime. (p. 1)

 

Portanto, é de extrema importância, ter profissionais preparados para assumir as salas de aula. Tornando o ensino de qualidade, promovendo maior rendimento e menos evasão escolar, que é um problema grave nos dias de hoje.

 

Essa evasão escolar pode estar ligada a problemas como a violência e as drogas. Silva (2009, p. 2) nos diz que

 

Essa situação é vinculada a muitos obstáculos, considerados, na maioria das vezes, intransponíveis para milhares de jovens que se afastam da escola e não concluem a educação básica. Dentre tais índices, destaca-se a necessidade de trabalhar para ajudar a família e, também, para seu próprio sustento. O ingresso na criminalidade e na violência são outros pontos comuns para tal evasão. O convívio familiar conflituoso, a má qualidade do ensino, entre outros fatores, são todos considerados partes integrantes e comuns da evasão escolar. É válido dizer que a evasão está relacionada não apenas à escola, mas também à família, às políticas de governo e ao próprio aluno.

 

Isso nos faz pensar que a evasão escolar é um problema da sociedade, visto que é um conjunto de fatores negativos que fazem com que os alunos deixem a escola tão cedo. Quanto a isso, a entrevistada foi categórica ao dizer que estas práticas dos alunos muitas vezes são prejudiciais para sua permanência na escola. Segundo ela, as escolas devem promover palestras de conscientização para que os alunos reflitam sobre seus atos.

 

Além disso, as escolas devem discutir programas que assegurem os alunos por mais tempo nas instituições, sejam estes esportivos ou culturais. Os alunos evadem, por inúmeros fatores: necessidade de trabalhar, violência, drogas, desinteresse, entre outros. E necessário que a escola promova as condições favoráveis para que estes alunos fiquem.

 

A respeito disso, as escolas públicas estão enfrentando algumas dificuldades com relação à escola integral. Cavalieri (2002, p. 249) nos revela que

 

recentes políticas públicas que buscam garantir a permanência das crianças em escolas pelo menos até o final do período da obrigatoriedade revelam a percepção, por parte da sociedade, de que existe a necessidade de construção de uma nova identidade para a escola fundamental, sendo a primeira e indispensável  condição para tal a integração de todas as crianças a vida escolar.

 

Muito tem se discutido a respeito da falta de estrutura física e de profissionais para atender esse tipo de ensino.

 

Muita coisa precisa ser feita nessa área para que seja possível a realização desse projeto de forma digna. As escolas públicas não estão preparadas para agregar as crianças em dois períodos. Segundo a entrevistada, hoje mal as escolas dão conta de estar com os alunos em meio período. Tudo é muito precário, e as verbas que chegam não dão conta de suprir as necessidades básicas da escola. É necessário investimento e compreensão de como fazer a educação.

 

Concluímos, a partir dos relatos da entrevistada e da reflexão teórica que há muito para ser feito no quesito “educação de qualidade”. Fazem-se necessárias políticas públicas eficazes que proporcionem as escolas mais liberdade e mobilidade de atuação. Os profissionais da educação devem estar mais preparados para a realidade escolar. Eles devem ser constantemente estimulados a desenvolver uma docência de qualidade, através de condições dignas de trabalho. Também, seria interessante que todos os docentes tivessem possibilidade de fazer formação continuada.

 

Ensinar nunca foi uma tarefa fácil. E no contexto atual, as escolas enfrentam dificuldades, principalmente por não estarem amparadas pelas famílias, que aos poucos foram se desfazendo, devido à sociedade estar condicionada ao trabalho. Verificamos que é necessário que os pais estimulem os filhos a estudarem e que tenham ambientes propícios para que os filhos estudem em casa. Portanto, a educação deve ser algo cultivado em casa, regado na escola e transformado no aluno, fazendo-o crítico e escritor de sua própria história.

 

REFERÊNCIAS

 

CAVALIERE, Ana Maria Villela. Educação integral: uma nova identidade para a escola brasileira? Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 81, p. 247-270, dez. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13940.pdf. Acesso em 08 de julho de 2014.

 

FUNDESCOLA, 2000. Disponível em: ftp://ftp.fnde.gov.br/web/fundescola/publicacoes_manuais_tecnicos/pela_justica_educacao.pdf. Acesso em 05 de julho de 2014.

 

KONZEN, Afonso Armando (Org.). Pela justiça na Educação. Brasília: MEC.

 

MATTOS, Sandra Maria Nascimento de; MATTOS, José Roberto Linhares de. Em busca de um novo educador para uma nova educação. Disponível em: http://www.ufrrj.br/leptrans/arquivos/educador.pdf. Acesso em: 06 de julho de 2014.

 

NÓVOA, António. Pensar alunos, professores, escolas, políticas. Disponível em: Revista Educação, cultura e sociedade, Sinop – MT: v. 2, n. 2, p. 07-17, jul./dez. 2012.

 

SILVA, Manoel Regis da. Causas e consequências da evasão escolar na escola normal estadual Professor Pedro Augusto de Almeida – Bananeiras / PB. Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biblioteca-virtual/fileS/causas_e_consequancias_da_evasao_escolar_na_escola_normal_estadual_professor_pedro_augusto_de_almeida_a_bananeias__pb_1343397993.pdf. Acesso: 07 de julho de 2014.

 

 

 

 

 

Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:

 

BARCELLOS, K. et al. Educação: a relevância da representação social para o processo escolar. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, V. 01, N. 01, Dez. 2015. <http://aces4r.wix.com/revistacientifica#!blank/nd5m9>. Data de acesso: 

 

 

 

[1] Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat Campus Sinop.

[2] Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat Campus Sinop.

[3] Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat Campus Sinop.

[4] Acadêmico do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat Campus Sinop.

[5] Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824.

[6] Disciplina oferecida pelo Curso de Pedagogia no Semestre 4º no ano de 2014/01 da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).

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