UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO INSTITUCIONAL E CLÍNICO
Rosangeli Brugnera Quatrin
RESUMO
O presente informe Psicopedagógico, apresenta a fundamentação teórica da Psicopedagogia Institucional e Clínica bem como a importância da aplicabilidade na avaliação Psicopedagógico e possibilidades de intervenções no Projeto Politico Pedagógico da Instituição de Ensino, no processo de ensinar do educador e diretamente nas dificuldades de aprendizagem dos educandos. O informe de uma Avaliação Psicopedagógico Institucional se desenvolveu em torno de observações e intervenção com atividades as quais foram inseridas como conteúdos realizados. Para obter informações e realizar a avaliação psicopedagógico Institucional, fez-se necessário conhecer a instituição, por meio de observações, entrevistas com a coordenadora e educadores, levando em consideração fatos acontecidos desde a fundação da Instituição, bem como conhecer a equipe pedagógica e toda a forma de trabalho que acontece na mesma. Já no informe Psicopedagógico de um estudo de caso Clínico, ocorreu uma avaliação psicopedagógico com uma criança no qual se utilizou de instrumentos próprios da psicopedagogia. No entanto este informe apresenta a aplicação da avaliação psicopedagógico Institucional e a interpretação da avaliação. Como também apresenta a aplicação da avaliação do informe psicopedagógico de um estudo de caso Clínico, no qual se faz sugestões para a escola e para os pais de como lidar com a criança e o seu processo de ensino aprendizagem.
Palavras chaves: Ensino aprendizagem; Intervenção Psicopedagogica; Avaliação;
ABSTRAT
The present report based on educational psychology, presents the theoretical foundation of institutional and educational psychology Clinic as well as the importance of the applicability in Psychology and evaluation possibilities of interventions in the Political Project of Pedagogical educational institution, in the process of teaching of the educator and directly on the learning difficulties of students. The report evaluated Institutional Psychology developed around observations and assistance with activities which were entered as content performed. For information and carry out institutional psychology assessment was necessary to know the institution, through observations, interviews with the Coordinator and educators, taking into consideration facts occurred since the Foundation of the institution, as well as meet the pedagogical team and all forms of work that happens anyway. In the notify Psychology of a Clinical case study, there was an evaluation based on educational psychology with a child in which it used to own instruments of educational psychology. However this report presents the application of Psychology assessment and interpretation of the Institutional evaluation. But also presents the application of Psychology report evaluation of a Clinical case study, which makes suggestions for the school and for parents on how to deal with the child and his/her teaching learning process.
Key words: teaching learning; Psicopedagogica Intervention; Evaluation;
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INTRODUÇAO
O presente trabalho trata-se de um relatório descritivo/reflexivo da prática Psicopedagogica de Estágio Institucional e Clínico que foi realizado na instituição de Educação Infantil CMEI Vinicius de Moraes.
O estágio foi realizado conforme a ementa da Instituição de Pós-graduação POSGRADO. O objetivo principal deste estudo e identificar a dificuldade de aprendizagem e o comportamento da criança A.L.S.de S., propiciando um campo de experiências e conhecimentos referentes a Psicopedagogia Institucional e Clinica que constitui em possibilidades de articulação teórica prática e que estimule os acadêmicos a buscar mais informações sobre a Psicopedagogia, ao mesmo tempo em que desenvolve habilidades, hábitos e atitudes pertinentes e necessárias para aquisição das competências profissionais incentiva o interesse pela pesquisa e pelo ensino. Este trabalho foi organizado em três capítulos.
No primeiro capitulo conceituamos a Psicopedagogia Institucional e Clínica, evidenciamos a importância do Psicopedagogo no contexto escolar e no contexto Clínico também se mostra a função do Psicopedagogo na Instituição e na Clínica.
No segundo capitulo, abordamos a Avaliação Psicopedagógico Institucional no qual fornecemos os dados da instituição que foi avaliada e analisamos o projeto político pedagógico.
No terceiro capitulo aborda-se a Avaliação de um estudo de caso Clínico, que identificamos a queixa da instituição sobre a criança, quando ocorreu e os instrumentos utilizados também descrevemos as sessões diagnosticas, a hipótese sugestões de intervenções e encaminhamentos com intuito de amenizar as dificuldades de aprendizagem da criança.
Por último conclui-se reunindo a Psicopedagogia Institucional e Clínica. Neste sentido, para dar base à escrita deste caso utilizamos de diversos teóricos que trabalham com essa temática dentre eles Visca, Bossi, Pain, Fernandes entre outros.
2. CONCEITUANDO PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA
Neste capitulo conceituamos a história da Psicopedagogia Institucional bem como a Clínica a função das psicopedagogias, tanto no ambiente escolar atuando como preventiva bem como na Psicopedagogia Clínica e terapeuta através das intervenções, tanto o psicopedagogo como o interlocutor dos problemas de aprendizagem e dos transtornos de comportamento para intervir junto ao problema apresentado.
2.1 Psicopedagogia Institucional
Compreende-se que no âmbito institucional a psicopedagogia não esta apenas relacionada à instituição escolar, pois pode ser pensada também na dimensão hospitalar e empresarial e em organizações assistenciais. No entanto o enfoque deste trabalho esta embasado apenas no contesto escolar. Por isso, e de estrema importância que se compreenda a resposta e prática da psicopedagogia destacando a amplitude de possibilidades de atuação no âmbito institucional, para entender de forma mais clara o processo de aquisição no conhecimento pelo ser humano. A corrente europeia onde originou se a psicopedagogia influenciou significativamente a Argentina.
Conforme a psicopedagoga Alicia Fernández (apud BOSSA, 2000, p. 41), a Psicopedagogia surgiu na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia. No entanto na década de 70 em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento.
Estes psicopedagogos perceberem um ano após o tratamento que os pacientes definiram seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma e resolveu então incluir um olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (Id. Ibid., 2000, p.41).
De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p. 21).
Sendo assim uma concepção independente, porém complementar, de ambas as áreas, o Brasil recebeu apoio, para o desenvolvimento da área psicopedagógico, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros. A psicopedagogia teve inicio no Brasil, em 1970, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram entendidas como uma (DMC) Disfunção Mínima Cerebral servindo para camuflar problemas sócios pedagógicos.
No entanto a psicopedagogia iniciou-se da necessidade de entender o processo de aprendizagem, de caráter interdisciplinar, uma vez que possui seu próprio objeto. Existe, em nosso país há 13 anos a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) que dá um norte a esta profissão. Ela é responsável pela organização de eventos, pela publicação de temas relacionados à Psicopedagogia e cadastro dos profissionais.
Para um entendimento teórico e prática da Psicopedagogia é inerente compreender que o profissional deve, antes de tudo, assumir o compromisso de participar da construção deste campo do conhecimento, utilizando seus conhecimentos e experiência profissional adquirida. A ABPp vem buscando uma regulamentação da profissão e a criação de Conselhos Federais e Regionais de Psicopedagogia, através da aprovação do Projeto de Lei nº 3.124/97, onde constam as justificativas para o reconhecimento de profissionais desta área, considerando três aspectos: os conhecimentos necessários para uma prática consistente do objeto de estudo da psicopedagogia; e a formação que os habilita a exercer a profissão; e condições para uma prática consistente. Este é um dos papéis do psicopedagogo na escola, ao buscar compreendê-la como um subsistema inserido em sistemas que determinam seus objetivos e modos de funcionamento.
Quando um psicopedagogo é chamado a atuar no sentido de compreender o que pode gerar impedimentos à aprendizagem no espaço escolar, ele também é desafiado a “ler” esse corpo de crenças e valores que não são explícitos, não são transparentes, mas que estão presentes na escola, muitas vezes construindo a junção que impede a aprendizagem. Para se obter um resultado significativo a escola partilha com a família o papel socializador da criança, mesmo que não aceite esta função, a escola não pode mais fechar os olhos para esta realidade, a modernidade determina que a escola assuma um papel proativo no processo de socialização da criança.
Cabe ainda ao Psicopedagogo assessorar a escola, alertando-a para o papel que lhe compete, seja reestruturando a atuação da própria instituição junto a alunos e professores, seja ainda redimensionando o processo de aquisição e incorporação do conhecimento dentro do espaço escolar, seja encaminhando alunos para outros profissionais.
Na instituição, o Psicopedagogo, segundo Barbosa (2001p.215):
(...) intervém a partir de ações que se caracterizam por uma atitude operativa, com o objetivo de provocar no sujeito da aprendizagem a busca de operatividade da resolução de um problema. Ele cria mantem e fomenta a comunicação, para que os envolvidos possam desenvolver-se, progressivamente, a ponto de poderem aproximar-se afetivamente da tarefa e realiza-la.
Neste sentido, a Psicopedagogia Institucional pretende primeiramente prevenir situações de dificuldade de aprendizagem e /ou de adaptação ao ambiente escolar ou profissional.
2.2 Psicopedagogia Clínica
Para efeitos de contextualização, torna-se pertinente uma breve explanação sobre a Psicopedagogia Clínica, que constitui entre dois saberes a psicologia e pedagogia. Sendo uma área que trabalha e pesquisa o processo do desenvolvimento humano esclarecendo os obstáculos que interferem para haver uma boa aprendizagem.
De acordo com Marina Muller, “cada psicopedagogo como tal, e o conjunto deles como profissão, vai elaborando uma imagem do que é a psicopedagogia, pela definição de sua própria identidade ocupacional em conexão com a tarefa”. Com a sua formação procura compensar as lacunas detectadas na formação inicial, deste modo a sua formação exige o domínio de conhecimento de diferentes âmbitos, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento e suas dificuldades, tem um caráter preventivo e terapêutico.
A psicopedagogia Clínica trata das dificuldades de aprendizagem, através de atendimentos em sessões realizadas individualmente ou em pequenos grupos, em consultório. Segundo Simaia Sampaio.
O diagnóstico psicopedagógico clínico tem como identificar as causas dos bloqueios que se apresentam nos sujeitos com dificuldades de aprendizagem. Este bloqueio apresenta-se, por meio de sintomas que podem se manifestar de diferentes maneiras: baixo rendimento escolar, agressividade, falta de concentração, agitação etc. (2012 p.17)
O psicopedagogo, através do diagnostico clínico inicia o tratamento que o mesmo deve estar voltado para a construção do conhecimento, dos quais se utiliza de diversos recursos pelo psicopedagogo, tais como: EOCA, anamnese, sessões lúdicas, dramatizações, jogos, leituras, diálogos, desenhos, projetos e outras atividades que serão descobertas no decorrer dos atendimentos, como afirma Simaia Sampaio 2012, p.35. “Esta sessão tem como objetivo investigar os vínculos que ela possui com os objetos e os conteúdos da aprendizagem escolar, observar suas defesas, condutas imitativas e como enfrenta novos desafios. Visa perceber o que a criança sabe fazer e aprendeu a fazer”. O psicopedagogo tendo feito essa investigação poderá então realizar novas sessões afim de, propiciar novos caminhos ao sujeito.
O psicopedagogo tem conhecimento para orientar pais e professores, ser o mediador de toda a metodologia, assim, fazendo a junção do conhecimento do psicólogo e pedagogo.
A partir do estudo da origem da dificuldade em aprender, o psicopedagogo desenvolve atividades que estimulam o desempenho cognitivo que não estão ativadas no paciente, a questão afetiva e social. “Todo pensamento, todo comportamento humano, remete-nos a sua estruturação inconsciente, como produção inteligente e, simultaneamente como produção simbólica” (Sara Pain, 1990).
O psicopedagogo coopera para a construção da autonomia e independência, por meio da inclusão com “como eu aprendo” e “como me relaciono com o saber”. Durante as sessões com o psicopedagogo, os recursos como jogos, livros de histórias etc. tem a finalidade de descobrir os estilos de aprendizagem do paciente: ritmos, hábitos adquiridos, motivações, aflições, defesas e conflitos em relação ao aprender.
Os psicopedagogos desempenham a função assistencial ao indivíduo que não aprende a se descobrir nesse processo, além de ajudá-lo a ampliar habilidades motoras. Antes de qualquer interferência, deve se envolver com a história da criança, conhecer e se inteirar do dia a dia, a fim de desenvolver ou descobrir meios que facilite um trabalho que consiga melhor qualidade de vida da mesma no que se refere a desenvolvimento cognitivo.
É possível que o sujeito traga consigo além de suas necessidades as problemáticas familiares como um todo, onde o profissional deve tratar o caso com ética e sem se deixar abalar pelas diversas causas que possam ser ou não colaboradoras das necessidades especiais da criança. Antes de qualquer abordagem a mesma e imprescindível estar pessoalmente equilibrado emocionalmente e psicologicamente.
Para o bom desempenho de suas funções os psicopedagogos devem seguir certos princípios éticos que estão condensados no Código de Ética, devidamente aprovado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia, no ano de 1996, que tem por finalidade orientar condutas esperadas dos profissionais da psicopedagogia, servindo como base à sua prática profissional, instituindo e regulamentando normas às quais se devem ajustar as relações entre os membros envolvidos nas ações psicopedagógicas, possibilitando o exercício do livre arbítrio (ABPp.SP, 2010)
Verificamos que o objeto de estudo deste campo do conhecimento é a aprendizagem humana e seus padrões evolutivos normais e patológicos, tendo como objetivo principal a investigação e a intervenção nas dificuldades de aprendizagem segundo os autores (Colares e Moiseis, 1992)
Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central. Apesar de um distúrbio de aprendizagem poder ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis (por exemplo, alteração sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional) ou influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), não é resultado direto dessas condições ou influências”. (Collares e Moysés, 1992 p. 32).
Buscando a compreensão do processo em si, procurando identificar sua modalidade e compreender a mensagem de outros sujeitos envolvidos nesse processo, seja família ou escola, buscando as causas do não aprenderem.
Deste modo, podemos ressaltar que a Psicopedagogia Clínica procura compreender de uma forma global e integrada processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânico pedagógico afim de, possibilitar o prazer de aprender em sua totalidade, incluindo pais, professores, orientadores educacionais e demais especialistas que permeiam no universo educacional da criança.
3. AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICO INSTITUCIONAL
3.1 Análises do PPP (Projeto Politico Pedagógico) da Instituição.
O Centro Municipal de Educação Infantil, CMEI Vinicius de Moraes foi criado no dia 05 de maio de 2011 e atualmente atende a crianças na modalidade Pré Escola, crianças entre 04 e 05 anos de idade totalizando 187. A equipe e composta por 08 pedagogas, 04 auxiliar de infraestrutura, 02 auxiliar de nutrição, 09 bolsistas, 01 professora em readaptação como auxiliar administrativa, 01 auxiliar de pátio, 01 diretora escolar e 01 coordenadora.
O CMEI está localizado na Estrada Jacinta, S/N, Bairro São Cristóvão próximo ao posto de saúde do São Cristóvão. A visão do CMEI e que os alunos posam ser favorecidos com uma educação de qualidade para a liberdade e autonomia fazendo uso de atividades lúdicas, significativas diversificadas, contribuindo para futuros sujeitos sociais plenos, fazedores de nossa história e do mundo que nos cerca.
Segundo (FREIRE, 1979, p.35) “[...] A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação exige uma permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. [...]”. Desta forma o CMEI busca oferecer possiblidades de interações entre as crianças, visando à construção da autoestima e identidade, tendo como prioridade atividades que proporcionem o desenvolvimento integral da criança.
3.2 Filosofia da instituição
A Proposta Pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil Vinícius de Moraes, tem como filosofia desenvolver autonomia de cada criança em um ambiente lúdico, dinâmico, instigador, respeitando a individualidade de todos que estão envolvidos no processo educativo, assim como proporcionar ações que favoreçam o desenvolvimento saudável e que busque a interação da criança-família-escola.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, devem respeitar os seguintes fundamentos norteadores;
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Princípios éticos da autonomia, da responsabilidade da solidariedade e do respeito ao bem comum;
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Princípios políticos dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da criatividade e do respeito à ordem democrática;
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Princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.
Baseados nestes princípios acima citados a instituição valoriza o brincar como forma de interação social, aprendizagem contínua de regras, valores e estimuladora da criatividade.
De acordo com Vygotsky (1987), o brincar é uma atividade humana criadora na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças.
O brincar desenvolve, portanto, complexos processos de articulação entre o dado e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasia. A instituição oferece vagas para crianças de 04 a 05 anos na modalidade Pré-escola (Pré I e Pré II). A educação infantil é fundamental para o desenvolvimento da criança. É a base para educação.
Desta forma a pré-escola deve prepará-las para a satisfação das várias necessidades humanas, proporcionando assim a construção da identidade, da criatividade, autonomia, responsabilidade e formação para a cidadania.
3.3 Objetivos específicos da Instituição
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Permitir que a criança amplie cada vez mais as relações sociais, aprendendo, aos poucos, a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
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Ampliar o desenvolvimento da coordenação motora fina e ampla;
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Mediar o desenvolvimento do esquema corporal;
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Propiciar o desenvolvimento cognitivo, físico e afetivo através do lúdico;
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Respeitar e valorizar as diferenças de cultura, etnia, classe;
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Aprimorar os movimentos fundamentais de locomoção, manipulação, equilíbrio, lateralidade, bem como as capacidades físicas;
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Respeitar e valorizar as ações e conhecimentos das crianças;
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Garantir o direito de brincar;
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Adquirir noções de espaço e tempo;
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Estimular a criatividade como elemento de auto expressão, a construção do conhecimento que inclui necessariamente as ideias de descobrir, de inventar e de criar.
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Proporcionar ao aluno um ambiente rico em experiências necessárias ao desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade;
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Promover a ampliação das experiências e conhecimentos do aluno, estimulando o seu interesse pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade.
A Metodologia proposta esta de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. A organização das etapas e modalidades de ensino deve ocorrer mediante o planejamento de atividades relacionadas às fases, sem forçar ou antecipar aprendizado respeitando as condições socioculturais e valorizando os direitos iguais. Proporcionando acolhimento prazeroso e, em suas atividades respeitando o conhecimento prévio de cada sujeito. Segundo as diretrizes do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI) no que diz:
As diferentes aprendizagens se dão por meio de sucessivas reorganizações do conhecimento, e este processo é protagonizado pelas crianças quando podem vivenciar experiências que lhes forneçam conteúdos apresentados de forma não simplificada e associados a práticas sociais reais. É importante marcar que não há aprendizagem sem conteúdos. (BRASIL, p.48, 1998)
Partindo da afirmação de que a criança não é uma “tabula rasa”, mas, que contêm um conhecimento prévio do mundo em que vive e é, portanto um ser social, sua aprendizagem deve partir do ponto que ela atua ou convive enquanto sujeito na sociedade. Seus conhecimentos devem ser respeitados e trabalhados a partir dele.
3.4 Educação Inclusiva
O grande desafio da educação especial é dar amparo e retornos as grandes questões da diversidade e a verdadeira inclusão por meio de um ensino de qualidade. De acordo com Rapoli (2010)
A organização do Atendimento Educacional Especializado considera as peculiaridades de cada aluno. Alunos com mesma deficiência podem necessitar de atendimentos diferenciados. Por isso, os primeiros passam para se planejar o Atendimento não e saber as causas, diagnósticos, prognóstico da suposta deficiência do aluno. Antes da deficiência vem à pessoa, o aluno, com sua historia de vida, sua individualidade, seus desejos e diferenças. (p.22)
Caso a escola receba alunos que sejam diagnosticados com necessidades especiais os mesmos deverão ter um atendimento especializado com um professor que tenha formação inicial e que o habilite para o exercício da docência e formação específica em educação especial e frequentar sala de estimulação, sendo está em período oposto.
As atividades dos alunos deverão ser desenvolvidas em concomitância com a sala regular, porém feitas adaptações conforme habilidades do aluno.
A política de educação especial na perspectiva da educação inclusiva tem um grande desafio dar acolhimento e respondam as grandes questões da diversidade e a verdadeira inclusão por meio de um ensino de qualidade.
O Centro Municipal de Educação Infantil Vinícius de Moraes atende as modalidades de ensino infantil de 04 e 05 anos e tem como finalidade proporcionar condições adequadas, tanto no desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social da criança e promover a ampliação de suas experiências e conhecimentos estimulando seu interesse pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade (art. 29 da LDB).
A instituição atende crianças diagnosticadas com necessidade de educação especial (NEEs) os mesmos serão assegurados pelo decreto 7.611/2011 com todos os seus artigos. Entre eles assegurar o profissional especializado conforme resolução CNE/CEB nº 02 de 11 de setembro de 2001.
O público alvo do AEE segundo decreto 7.611 de 17 de novembro de 2011 são:
I – Alunos com deficiências: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental, visual ou sensorial.
II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento, nas relações sociais na comunicação ou estereotipias motoras. Inclui-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação.
III – Alunos com altas habilidades superdotação ou aqueles que apresentam potencial elevado e grande desenvolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas, sejam elas, de caráter intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividades.
Art. 8º - serão contabilizados no âmbito do FUNDEB, de acordo com o decreto nº 671/2008, os alunos matriculados em classe comum do ensino regular público que tiverem matrícula concomitante no AEE.
Parágrafo único. O financiamento da matricula no AEE e condicionada a matricula no ensino regular da rede pública, conforme registro no Censo Escolar-MEC-INEP do ano anterior, sendo comtemplada.
a) Matrícula em sala comum e em sala de recursos multifuncional da mesma escola pública;
b) Matricula em classe comum e em sala de recursos multifuncionais em outra escola pública;
c) Matrícula em classe comum e em centro de atendimento educacional especializado de instituição de educação especial pública.
A constituição brasileira de 1998 no capitulo III trata da educação, da cultura e do desporto, art. 205 prescreve: A educação e direito de todos e dever do Estado e da família.
Desta maneira se faz necessário acolher em toda a extensão do processo de inclusão os alunos com deficiência, e promover aos demais da comunidade escolar e a família, já que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n° 9394/96 destina o capitulo V inteiramente a Educação Especial definindo-a no art.58. Sendo assim, o objetivo da escola inclusiva e oferecer um ensino de qualidade a todos que necessitarem de um atendimento especializado com ações concretas, currículos flexíveis e adaptativos de acordo com as NEEs de cada aluno, seja ele deficiente visual (DV), deficiente físico (DF), deficiente intelectual (DI) ou outras deficiências a qual a escola poderá vir a receber.
A avaliação de acordo com a LDB 9394/96 na seção II art.31, referente a educação infantil far-se-á mediante o acompanhamento de registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção.
Os critérios legais para seleção dos conteúdos programáticos são elaborados de forma que possibilite atender as necessidades dos educandos, contribuindo para o desenvolvimento de suas habilidades psico cognitivas sociais formando-os e dando-lhes condições de tornarem-se sujeitos de sua própria ação. Fazendo-se necessário espaço físico de modo que seja funcional, possibilitando a locomoção e exploração.
Mediante isto, na estrutura curricular deve existir uma flexibilidade para que o pensamento, a linguagem e a ação sejam expressos na busca do conhecimento. Deve-se realizar com base nas capacidades e habilidades, e mantendo contato com a família para troca de experiências e de informações conforme se refere o Plano Politico Pedagógico da Educação Infantil de Sinop.
O Sistema de Avaliação da Educação Infantil do CMEI Vinicius de Moraes é feita através de uma reflexão permanente, tendo em vista que a partir dela que o professor percebe o desenvolvimento da aprendizagem das crianças e da forma como vem desenvolvendo seu trabalho, num processo constante de reflexão ação.
4. AVALIAÇÃO PSICOPEDAGOGIA DE UM ESTUDO DE CASO CLÍNICO
Neste capítulo descreveremos uma avaliação não tão formalizada, porém mais livre ou até lúdica, sintetizaremos a queixa, hipótese, anamnese, instrumentos de sessão lúdica centrada na aprendizagem, as dificuldades e o desenvolvimento cognitivo e afetivo acompanhado de terapia familiar, evidenciaremos um bloqueio no funcionamento intelectual em relação a aprendizagem escolar, sintoma também presente no contexto familiar.
Há certos pontos que deve ser observado no compartilhamento da ação educativa segundo Bassedas (1999), tais como: conhecer a criança, estabelecer critérios educativos comuns, criar modelos de intervenção de relação com as crianças, ajudar a conhecer a função educativa da escola.
O contato entre pais, filhos e professores deve compartilhar interesses e tarefas, acordos que favoreçam o desenvolvimento da criança devem ser firmados e desenvolvidos (o que se pede a ela e o que se proíbe), pois muitas vezes os pais e os professores atuam de formas opostas ou diferentes em relação a determinadas manifestações das crianças, prejudicando assim seu entendimento.
4.1 Identificação
O presente trabalho traz breves considerações psicopedagogicas clínica sobre a criança A.L.S.S., (05) cinco anos de idade, nascida no dia (20) vinte de outubro de 2008, na cidade de Sinop/MT. A aluna em questão frequenta a Pré-escola do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil Vinícius de Moraes) na cidade de Sinop/MT, situada a Estrada Jacinta, sn – bairro São Cristóvão. Filha da mãe A.Q.S e do pai A.A.S., ambos residentes a Rua Samaria, Quadra 10 – Lote 14, bairro Jd. Umuarama I, também no município de Sinop/MT.
4.2 Queixa
No dia 16 de agosto de 2014, foi realizado a entrevista com a Senhora A.Q.S. mãe de A.L.S.S., que durante tal nos relatou que sua filha é bem inquieta em casa, se queixa que não se concentra na realização de atividades cotidianas e apresenta dificuldades em seguir instruções e regras de comportamentos de modo geral.
Também foi percebido pela professora e demais funcionários da escola em que estuda ter comportamento semelhante ao que apresenta em sua residência, como falta de concentração em uma única atividade, inicia as atividades porém logo começa a andar pelo pátio ou sala demonstrando apatia, apresenta dificuldade na fala, pronuncia apenas algumas palavras como mãe, papai, não, é, Mimi (referencia ao gato) e tchau, não gosta de ser contrariada, procura pretexto para sair da sala de aula (ir ao banheiro, beber água etc.), nas brincadeiras participa com muita moderação, no recreio ora corre bastante – ora brinca de desenhar em pequenos grupos demonstrando dificuldade em coordenar as atividades solicitadas como pinturas não reconhecendo todas as cores, recortes, formas etc. De contra partida, demostra gostar de histórias, teatro, musica e dança, brinca com instrumentos musicais, porém não demonstra interesse em cantar.
4.3 Avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica psicopedagogica clinica foi iniciada no dia 04 de outubro de 2014 e terminou no dia 25 de outubro de 2014. Foram realizadas (05) cinco sessões de avaliações diagnósticas. No dia 04 de outubro de 2014, foi realizada a primeira sessão; a segunda sessão foi realizada no dia 11 de outubro de 2014; a terceira sessão foi realizada no dia 16 de outubro de 2014; a quarta sessão foi realizada no dia 18 de outubro de 2014 e a quinta e última no dia 25 de outubro de 2014.
Todas as sessões diagnósticas foram realizadas com o intuito de observar, analisar e avaliar, fazendo-se registros das ações e reações do aluno como objeto de estudo, para substanciar a fundamentação descritiva deste estudo de caso clínico.
Utilizamos testes provas como jogos de faz de conta, bloquinhos lógicos, peças de encaixe, balões, disco de cores com cores primárias (objetivo movimento pinça), instrumentos sonoros, testes projetivos, bate-bate de mãozinha, tinta guache, massinha de modelar, garrafa 600 ml com água e brilho, várias dinâmicas de interação que permite com que a criança elabore hipóteses para solução de seus problemas e jogos de regras com a finalidade de estabelecermos limite.
A intervenção psicopedagogica não se dirige ao sintoma, mas ao poder para mobilizar a modalidade de aprendizagem, o sintoma cristaliza a modalidade de aprendizagem em um determinado momento, e é a partir daí que vai transformando o processo ensino aprendizagem, (FERNANDEZ, 1990 p. 117).
Ainda Fernandez (1990) faz entender que o psicopedagogo mobiliza a forma de aprender do aprendente transformando a relação da aprendizagem, promovendo-o na sua relação com o saber construído, dessa forma torna-se importante entender os campos de atuação do psicopedagogo.
Trabalhamos com a proposta de desenvolver ou estimular as áreas de percepção visual. Processo de ensino e aprendizagem segundo Capriata (2010) O olho não nasce pronto à visão está em desenvolvimento. Desde a primeira semana de vida, a visão tem um papel fundamental no desenvolvimento geral. 85% do contato do homem com o mundo é feito através da visão.
Com esse objetivo de interpretação correta dos estímulos visuais (formas, objetos, tamanhos, cores etc.), discriminando e classificando objetos por sua forma, classificando gravuras, discriminando cores primárias, identificando detalhes nas gravuras, percebendo e identificando semelhanças e diferenças entre objetos e desenhos.
Percepção auditiva com o objetivo de interpretação e captação de sons emitidos por diferentes fontes, (CAPRIATA, 2010) A acuidade auditiva, ou seja, a capacidade de ouvir e discriminar sons diferentes são fatores indispensáveis à aprendizagem da leitura, escrita discriminando sons produzidos através do corpo, risos, pranto, bocejo, espirro, ronco, passos, discriminando sons de diferentes instrumentos, sons produzidos por animais, pela natureza, identificando intensidade-forte, fraco, perto, longe, de onde vem o som, reproduzir canções. Percepção tátil com o objetivo de desenvolvimento da sensibilidade tátil, Segundo Treismann 1998, pode-se imaginar que o processo de perceber, é algo automático
[...] este desempenho perceptual que realizamos a cada instante da nossa vida consciente poderia depender de análises complexas ‘as quais nós não temos nenhum acesso consciente. A facilidade de introspecção parece estar na razão inversa da ordem dos níveis de análise.
Desta forma a percepção de espessura, peso, calor, textura, umidade..., conteúdos sensoriais como olfato, paladar sinestésico, discriminando pelo tato as partes do corpo, objetos, quente e frio, pesos, texturas, discriminando sabores, odores e agitações do próprio corpo. Com isto, podemos concluir que a percepção está diretamente incluída com os esquemas mentais que são construídos ao longo da vida de cada pessoa, sendo assim individual.
Percepção espacial geral com o objetivo de interpretação dos conceitos básicos espaciais, descriminando dentro-fora, pôr-tirar, fechar-abrir, grande-pequeno-médio, alto-baixo, acima-abaixo, cheio-vazio, gordo-magro, perto-longe, curto-comprido, igual-diferente, largo-estreito, rápido-lento, frente atrás, princípio-fim, direito-esquerda, sendo importante o sujeito desenvolver essas habilidades segundo. Forenso (2011)
Habilidade de reconhecer que um objeto tem propriedades invariáveis, como tamanho e forma, apesar das várias impressões que pode causar conforme o ponto do qual é observado; Percepção de posição no espaço: Habilidade de determinar a relação de um objeto com outro e com o observador; Percepção de relações espaciais: Habilidade de enxergar dois ou mais objetos em relação a si mesmo ou em relação um ao outro. Discriminação visual: Habilidade de distinguir semelhanças e diferenças entre os objetos; Memória visual: Habilidade de se lembrar com precisão de um objeto que não está mais à vista e relacionar suas características com outros objetos. (p. 3)
Percepção temporal com o objetivo de explanação e assimilação dos conceitos temporais, discriminando dia-noite, antes-agora-depois, manhã-tarde-noite. Levar a criança a aprender a diferenciar as velocidades e produzir a regularidade de seu tempo e do tempo pré-estabelecido, fazer deslocamento com ritmo e sincronizado, descobrindo os movimentos.
Áreas motoras segundo Thiers (1995) “promover a capacidade de atenção” interiorizada, desenvolver o potencial criativo e propiciar a busca de autonomia, como elementos básicos para alcançar uma mudança de atitude.com objetivo de aquisição dos automatismos de independência motora, dominando movimentos de coordenação motora fina, movimentos e coordenações de vários membros conjuntamente, desenvolvendo através de jogos e brincadeiras.
Campos e hábitos de independência pessoal com objetivo de realização independente dos hábitos pessoais: comida, vestuário, etc. Uso independente dos serviços sociais, como, comer sozinha usando colher, calçar calçados, usar banheiro de forma independente, vestir roupas, escovar os dentes, adotar normas de cortesia na convivência com os demais.
Esquema corporal com objetivo de conhecimento do próprio corpo: Partes fundamentais e secundárias. Aplicação dos conceitos básicos espaciais e de lateralidade no corpo. Tem por objeto determinar o predomínio de um hemisfério cerebral sobre o outro na coordenação das ações, o que se estabelece verificando qual a mão, o pé, e comparando o rendimento obtido quanto à habilidade, rapidez e força com a extremidade direita e com a esquerda. Uso, movimentos e coordenações das partes do corpo, dizer para que sirvam as diversas partes do corpo, aplicar conceitos espaciais, perceber e reproduzir estruturas rítmicas e manter o equilíbrio.
Na linha da epistemologia Convergente ou processo clínico, Visca nos informa que o diagnóstico começa com a consulta inicial (dos pais ou do próprio paciente) e encerra com a devolução (1987, p. 69). Antes de se iniciar as sessões com o sujeito faz-se uma entrevista contratual com a mãe e/ou o pai e/ou responsável, objetivando colher informações como: Identificação da criança: nome, filiação, data de nascimento, endereço, nome da pessoa que cuida da criança, escola que frequenta série, turma, horário, nome da professora, irmãos, escolaridades dos irmãos, idade dos irmãos.
Motivo da consulta; procura do Psicopedagogo: indicação; atendimento anterior, expectativa da família e da criança; explicação sobre o trabalho psicopedagógico, definição de local, data e horário para a realização das sessões e honorários.
Inicia-se então o processo diagnóstico e é estruturado de modo que se possa notar a dinâmica de interação entre o cognitivo e o afetivo de onde resulta o sujeito. Conforme Weiss, a teoria piagetiana.
adverte da acuidade de alcançar a qualidade de pensamento”. As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, detectando o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognoscitiva com que opera. (2003, p. 106).
E é assim que o sujeito vai construindo seu conhecimento, sua criatividade, sua história e se estruturando para a vida.
4.4 Instrumentos utilizados
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Entrevista Familiar Exploratória Situacional
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Anamnese
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EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
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Sessões Lúdicas
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Provas e Testes
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Devolutiva e Encaminhamento
4.5 Descrições das sessões diagnósticas
1ª Sessão: Estabeleceu-se Rapport (do francês, trazer de volta), que seria o contato inicial com o sujeito na expectativa de estabelecer um vínculo, empatia, sintonia onde o sujeito possa sentir-se confiante e se expor de forma verdadeira e completa. Em Entrevista Familiar Exploratória Situacional, a senhora A.Q.S. nos descreveu que a A.L.S.S. não se concentra para realizar tarefas escolares. Não fica quieta por muito tempo nos lugares frequentados pela família. Tem muitas dificuldades em relacionar-se com colegas e a professora não sabe muitas vezes o que fazer com a inquietude de A.L.S.S.
2ª Sessão: (Anamnese) ou entrevista com o familiar mais próximo do aluno que se encontra sobre investigação psicopedagogia, é um dos instrumentos mais respeitáveis, durante o processo de avaliação. Quase sempre, quando o informante, de preferência, a mãe do sujeito, quando se mantém fiel aos subsídios, sem omitir fatos importantes, assinala o caminho dos próximos passos que vão direcionar o fechamento de um diagnóstico.
Durante a entrevista a Sr. A.Q.S. relatou que sua gravides não foi planejada e nem desejada, pois foi uma surpresa estar gravida uma vez que sofreu muito no parto de sua filha N.S.S., estava traumatizado sentia medo de passar tudo outra vez. Mas enfim, no inicio teve enjoo por umas três semanas e teve uma gravides tranquila e ocorreu tudo normalmente. O parto foi tranquilo, e nasceu uma criança tranquila. Amamentou ate os três meses, pegou mamadeira com facilidade, porém, houve rejeição aos leites oferecidos ate ela emagrecer e precisar ir ao médico que receitou nestogeno e leite de soja ela melhorou, depois de tempos teve que voltar ao médico e ele disse que ela tem alergia a lactose. A passagem para a papinha também foi tranquila.
Hoje tem uma alimentação normal come na hora certa, no entanto, não mastiga bem, como depressa, come vendo TV. A evolução psicomotora da A.L.S.S. engatinhou, andou com quase dois anos ou ate mais, caía muito e aprendeu a andar com andador, era corajosa em subir escadas, explorar novos espaços em nem um momento se mostrava insegura. Evolução dos grandes músculos como chutar uma bola, correr normal, só caia muito que as pessoas muitas vezes perguntavam a mãe se ela tinha alguma síndrome.
E hoje tem habilidade em nadar, subir em árvores, e muito agitada. Começou a falar aos quatro pra cinco anos poucas palavras sempre estimulada pela mãe, pai e irmãos. Hoje ainda fala poucas palavras dificultando o entendimento ate mesmo da família a professora também sente dificuldades em se comunicar com ela.
3ª sessão: Entrevista Operativa Centrada na aprendizagem. Durante essa sessão utilizamos atividades E.O.C.A. Foi elaborada de acordo com o teórico Jorge Visca (1987) com o intuito de “permitir ao sujeito construir a entrevista de maneira espontânea, porém dirigida de forma experimental” (p. 72). Entende-se que E.O.C.A. seja uma forma de se ter uma primeira impressão do sujeito de forma não formal, porém direcionada ao que se pretende atingir. Segundo (Barbosa, 2010, p. 182) “Tanto a brincadeira quanto o jogo são marcados pela ludicidade,” nesse sentido utilizamos de materiais diversos como: jogos, leitura de histórias, leitura de desenhos, o qual foi entregue ao paciente uma folha de papel sulfite para ela desenhar as pessoas que vivem em sua casa, desenhou e quando perguntado quem era cada um dos riscos ela disse mãe, papai e eu. Segundo (Barbosa, 2010, p. 182) “Tanto a brincadeira quanto o jogo são marcados pela ludicidade”.
4ª sessão: Atividades lúdicas/provas e testes essas atividades foram realizados com intuito de instigar a criança a concentrar-se, envolver-se deste modo afirma ESCOTT, (apud, OLIVEIRA 1991, p. 23)
[...] a maneira como uma criança brinca ou desenha reflete sua forma de pensar ou agir, nos mostrando, quando temos olhos para ver, como esta se organizando frente à realidade, construindo sua história de vida, conseguindo interagir com as pessoas e situações de modo original, significativo, prazeroso ou não. A ação da criança [...] reflete enfim sua estrutura mental, o nível de seu desenvolvimento cognitivo e afetivo emocional.
Para percebermos o seu desenvolvimento utilizamos das seguintes atividades com A.L.S.S., usamos cores primárias e prendedores de roupa para movimento de pinça, objetos com sons diversos, lápis de cor, tinta guache, cola gliter o que lhe chamou a atenção. Notamos que durante as atividades nada lhe prendia a atenção por muito tempo explorou tudo o que foi lhe oferecido, mas sem sucesso nas atividades.
5ª sessão: No último encontro com A.L.S.S. fomos busca-la em sua casa no intuito de realizar atividades que lhe prendesse a atenção como a mãe nos pediu, mas não foi possível, pois no lugar havia vários brinquedos pelo pátio e tudo era novo, e ela na sua curiosidade não perdeu tempo explorou cada um deles tornando impossível realizar as atividades preparadas.
4.6 Hipóteses diagnósticas
Após as sessões realizadas, percebeu-se que a criança demostra características de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), de predomínio misto. Após as análises feitas das hipóteses levantadas no diagnóstico psicopedagógico, constatando que o tempo de tolerância da A.L.S.S. é curto, seu tempo de concentração e pouco em todos os aspectos de atividades lúdicas e práticas, Simaia Sampaio (2012, p.137) afirma que:
Durante o diagnóstico, podem ocorrer situações que nos levem a suspeitar que a criança possua TDAH do tipo desatento, do tipo impulsivo/hiperativo ou do tipo combinado. Do tipo hiperativo corresponde aquela criança que se mexe muito na cadeira, que se levanta bastante, quase não senta[...]
A autora descreve formas de TDAH onde a do tipo impulsivo/hiperativo é o que mais se assemelha com o comportamento observado na A.L.S.S. não necessariamente a criança tem essa patologia conforme NUNES (1994)
O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é frequentemente estudado em conexão com as dificuldades de aprendizagem, mas atualmente não está compreendido nas definições padrão de dificuldades de aprendizagem. É verdade que indivíduos com TDAH debatem-se com a aprendizagem, mas com frequência podem aprender adequadamente, uma vez que estejam adequadamente tratados/medicados. Uma pessoa pode ter TDAH mas não possuir dificuldades de aprendizagem, ou ter dificuldades de aprendizagem mas não apresentar TDAH.
O TDAH representa uma das principais causas de procura em centros de saúde mental e neurologia de crianças e adolescentes. Pode-se destacar como sendo as principais características de crianças com TDAH a desatenção, a hiperatividade e impulsividade.
O presente trabalho tem como objetivo demostrar que a criança com TDAH apresenta um padrão motor e as reações de equilíbrio postural estáticos nada convencionais, podendo também interferir no processo de aprendizagem e desempenho escolar. De acordo com a Revista Escola Nova (2000), os professores que atendem crianças com hiperatividade precisam de paciência, disponibilidade e principalmente conhecimento sobre TDAH, pois eles necessitam de uma rotina estimulante para desenvolver as capacidades de atenção na criança, valorizando o seu potencial.
4.7 Sugestões intervenções
Recomendamos aos pais e escola que façam uma organização mais intensificada na hora de avaliar a criança que apresenta dificuldade de aprendizagem, sendo paciente na hora das atividades propostas em sala procurar envolver junto atividades lúdicas. Fazem-se necessário ainda estabelecer: Regras, limites, aumentar as oportunidades de movimentação como relaxamento, visualização, respiração profunda, exercícios com a linguagem. Proporcionar maior encorajamento e retorno positivo, aumentar o número de dicas e incentivos, especialmente os ‘toques’ visuais e sinais não verbais, usar voz calma, requisitar, redirecionar e corrigir de maneira eficiente e respeitosa. (BRASIL/CID-10, 1993, p. 50). O paciente A.L.S.S. necessita de atendimento diferenciado, pois a mesma não tem uma boa sociabilidade com os colegas, não se concentra se distraindo facilmente.
4.8 Devolutiva encaminhamento
Sugerimos que a paciente A.L.S.S. seja avaliada por uma Neuropediatra, Psicóloga, Fonoaudióloga, pois a mesma demonstra muita inquietude, falta de concentração, desatenção às atividades tanto escrita quanto recreativa, quase não fala apresentando dificuldade respiratória e sinais de atraso cognitivo.
Nessa visão, as regras são indispensáveis, à adaptação, ordenamento, controle de cada aluno, da classe, como um todo. Segundo Wallon (1975, p. 379) o que se busca é “obter a tranquilidade, o silêncio, a docilidade, a passividade das crianças”. Nesse caso com a A.L.S.S. se faz necessário devido à falta de concentração e pouco interesse nas atividades relacionadas ao seu aprendizado.
Outro fator que influência e a falta de hábito a esta criança em casa, tem prejudicado bastante, o que precisa ser trabalhado com um profissional da área, e importante que a família determine algumas tarefas básicas em casa, que seja adequada a ela: como organizar a casa juntando os brinquedos espalhados, para que reduza o tempo em que a criança passa frente à TV . Também necessita de um horário para a realização das tarefas uma vez que a professora se coloca a disposição para enviar atividades de pintar. Para melhorar a convivência e o seu desenvolvimento, os responsáveis necessitam dedicar-se e estar mais presentes na vida desta criança, a realização de leituras de histórias infantis ou histórias vivenciadas em família na hora de dormir instigaria o seu cognitivo.
Quanto à escola, a Psicopedagoga atua junto aos coordenadores e professores com o objetivo de levantar dados na rotina escolar do aluno, como seu rendimento nas disciplinas, organização, interesse, comportamento em sala de aula e em outras atividades em que participa e também, o seu relacionamento com colegas e professores.
CONCLUSÃO
Ao termino deste trabalho pode-se constatar o quanto foi envolvente esta pesquisa. Através desta investigação foi possível observar as posições de pesquisadores nos quais enfatizam varias circunstância que o aluno não aprende e como o psicopedagogo atua, tanto para detectar as dificuldades de aprendizagem tanto quanto intervir.
Portanto a intervenção psicopedagogica Institucional e Clínica são imprescindíveis para a busca da superação, visando o desempenho dos alunos no processo de aprendizagem escolar, pois a avaliação permitira que a instituição obtivesse domínio para corrigir ou aprimorar o desempenho dos alunos na aprendizagem.
Sendo preciso aplicar uma ação didática pedagógica direcionada para este aluno, visando incitar sua autoestima, levando em conta a sua falta de concentração, criando atividades diversificadas para que não haja um comprometimento durante sua aprendizagem.
Com essa investigação foi levantada a suspeita de TDAH (Transtorno de déficit de atenção e Hiperatividade) assim a criança precisa ter na escola um acompanhamento especial, já que não consegue conter seus instintos, tumultuando a sala de aula. De acordo com Bassedas, (1999),
No decorrer de todo desenvolvimento da criança, sobretudo nas sete etapas iniciais, o conhecimento mútuo e o estabelecimento de acordos entre o contexto familiar e o escolar atuam em benefício da criança pequena e promovem o seu bem-estar.
No entanto, a escola e a família trabalhando juntas com portador de TDAH, auxiliando no seu tratamento, na sua socialização, não esquecendo, porém, de que impor limite é necessário, pois esta criança vive numa sociedade cheia de regras, não devendo se prevalecer desta patologia para ser agressivo ou outro comportamento que não seja agradáveis aos demais colegas. Visto que hoje em dia com o avanço das pesquisas sobre a hiperatividade, o tratamento ameniza os sintomas, proporcionando ao portador de TDAH uma vida mais tranquila.
Percebeu-se com este Estagio a ampla importância e a presença de um psicopedagogo e como pode intervir junto aos professores para sanar dificuldades no aprendizado dos alunos que apresentam dificuldades.
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Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:
QUATRIN, Rosangeli Brugnera. Um olhar psicopedagógico institucional e clínico. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, V. 01, N. 01, Dez. 2015. <http://aces4r.wix.com/revistacientifica#!blank/hn8nb>. Data de acesso: