top of page

ESCOLA E FAMÍLIA: INTEGRAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ESCOLAR

 

MARISTELA PIMENTEL

 

 

 

RESUMO

 

A importância da integração da família e da escola no processo de ensinoaprendizagem é o tema abordado no presente trabalho. Vários aspectos podem interferir na aprendizagem da criança, tanto negativos como positivos. Porém, é preciso que os pais e a instituição estejam cientes da importância do seu papel para auxiliar seus filhos e alunos a identificarem tais aspectos, auxiliando para que saibam agir frente às diversas situações que ocorrem no cotidiano e na realidade em que cada um vive para, assim, buscar da melhor maneira possível, formas, alternativas e até mesmo estratégias para que o processo seja menos árduo. Desenvolver um trabalho em conjunto, onde hajam parcerias, diálogos e coerência de ambas as partes fará com que o aluno se sinta mais seguro, acreditando mais em si mesmo e desenvolvendo melhor sua capacidade de aprender. O emocional pode afetar e dificultar a vida escolar do aluno, por isso, é preciso estar atento para identificar as mudanças no seu comportamento. Diante disso, optamos por uma pesquisa de campo de caráter qualitativo, baseada em questionários aplicados a pais e professores de escolas públicas e privadas, com o intuito de, através da análise das respostas obtidas e do estudo bibliográfico, propor formas para melhorar o relacionamento entre família e escola, pois acreditamos que esse é o ponto principal que necessita ser reorganizado nas instituições, visto que essa relação precisa ser legitimada para que o aluno consiga alcançar o objetivo esperado, beneficiando todas as partes. Os pais gostariam de estarem mais presentes na vida escolar dos filhos, mas as preocupações e tarefas são tantas, que, a atenção merecida não é suficientemente oferecida. Algumas inquietações quanto ao que podem ou não fazer ainda não está clara, a escola quer que participem, mas não aponta até onde querem que os pais opinem e ajudem. A participação deve ser constante e diária, por isso o diálogo e a abertura entre as partes precisam ser claras, assim, as preocupações e necessidades serão mais bem observadas e consequentemente sanadas.

 

Palavras-chave: Família. Escola. Participação. Ensino-aprendizagem.

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Muito tem se falado nos últimos anos sobre a relação entre família e escola. A educação enfrenta algumas dificuldades e uma delas é buscar uma interação entre esses dois pilares principais para a formação intelectual e cognitiva de uma criança.

Com a correria do dia a dia e as responsabilidades que consomem a maioria do tempo de todas as pessoas hoje, o principal, que é a orientação para a vida e a educação em família, já não é mais prioridade. A escola é sobrecarregada de burocracias e a maioria delas que não possui um a equipe completa (onde uma pessoa desempenha centenas de atividades) não consegue dar conta dos trabalhos a serem feitos.

Verificar o contexto familiar do qual a criança se origina, a escolaridade dos pais, a preocupação, a valorização, o acompanhamento que a família atribui aos estudos da criança e a participação efetiva na vida escolar são fatores essenciais para um aprendizado eficiente.

É preciso intensificar a relação entre escola e família, organizar diálogos mais frequentes entre ambas as partes, facilitando o trabalho da equipe pedagógica e dos professores, sobretudo, aflorar nos pais o interesse na educação dos filhos e a sua importância para que o processo se concretize.

Os avanços da ciência e da tecnologia acarretaram mudanças no âmbito escolar. Os diferentes e novos modelos de famílias como também a mudança nos valores humanos, o individualismo e a competitividade são alguns fatores que fizeram com que alguns papéis, antes ocupados pelas famílias, passassem a ser realizados pela escola.

Observam-se nitidamente no cotidiano escolar as dificuldades encontradas pelos educadores em inovar suas práticas pedagógicas para obter a atenção dos alunos e efetivar o aprendizado. Metodologias simples e que há alguns anos atrás funcionavam com eficácia, hoje não surtem mais efeito.




 

A atenção está voltada para as tecnologias que o mundo oferece. Conseguir fazer com que os alunos deixem de lado os celulares, computadores, redes sociais, vídeo games é tarefa difícil para o professor. A cada dia que passa o educador precisa estar aperfeiçoando-se e capacitando-se para desenvolver um trabalho de qualidade, que seja diversificado e que “prenda” a atenção, trazendo resultados positivos ao aprendizado.

            Reformular, reinventar, renovar, inovar, reorganizar, mudar, qualificar, transformar. Diversas são as ideias que se houve falar a respeito de que melhorias necessitam ser feitas no âmbito escolar. Todos querem que esse quadro de dificuldades de relacionamento e de baixa qualidade no ensino acabe, mas precisamos de um planejamento complexo frente às situações da realidade que se está inserido. Somente com um trabalho em equipe que compartilhe as responsabilidades o resultado esperado ocorrerá.

            Baseado no atual contexto das escolas, na necessidade de contribuir para o processo de ensino aprendizagem em alunos com idade entre sete e dez anos do Ensino Fundamental e acreditando na importância de um trabalho em conjunto entre família e escola, como também fundamentado em importantes e significativos dados de pesquisas sobre o tema, decidiu-se efetuar uma pesquisa de campo, com aplicação de questionários para pais e professores do ensino fundamental. Duas escolas no município de Francisco Beltrão – PR foram escolhidas, uma da Rede Municipal Pública e outra Particular, buscando compreender se a dificuldade está em ambas às escolas ou se a questão da participação familiar é um problema generalizado nessas redes de ensino, entendendo o que vem acorrendo e buscar meios para que essa situação se modifique e obtenha resultados positivos.

 

 

 

 

 

 

 

 

1 ESCOLA E FAMÍLIA: ALGUMAS IMPLICAÇÕES

 

1.1 A ESCOLA E SEU PAPEL

              

            A escola não é vista somente como um lugar de aprendizado, muitas atribuições foram delegadas a ela, e o professor deixou de ser professor e começou a se mãe, pai, psicólogo. Há algum tempo atrás, o importante era que a escola repassasse para seus alunos os conhecimentos científicos, mas hoje vemos que a família quer que a escola ensine valores e prepare o aluno para a vida em sociedade.

            O primeiro contato que uma criança tem com o mundo é na família. Nesse ambiente de amor e aconchego é que deveriam ser aprendidos os conceitos éticos e morais de um indivíduo. Os pais precisam ensinar ao filho como viver em grupo, respeitar as regras e leis, a ter princípios, condutas e valores. Já a escola tem o papel de repassar o saber, tornando um cidadão crítico, pensante e participativo na sociedade.

            Uma complementa a outra, cada uma cumprindo seu papel, parceiras num só objetivo. De acordo com LÓPES (2002) “a família não tem condições de educar sem a colaboração da escola e acrescento a escola não tem condições de educar sozinha sem a participação e compromisso dos pais”.

            Para Heidrich (2009), a escola foi criada para servir à sociedade. Por isso, ela tem a obrigação de prestar conta de seu trabalho, explicar o que faz e como conduz a aprendizagem das crianças e criar mecanismos para que a família acompanhe a vida escolar dos filhos.

            A escola possui suas próprias regras que visam um bom funcionamento e desenvolvimento do ambiente escolar, seria indelicado e inapropriado que os pais desrespeitassem esse ambiente, querendo impor suas vontades. A participação precisa ser cautelosa e no limite certo, se não, torna-se invasão. Afinal, são várias crianças, todas diferentes, que convivem no mesmo espaço, com diversos costumes e culturas. A escola precisa organizá-la para manter a ordem e o bom andamento da instituição.

            As escolas precisam mostrar competência quanto ao trabalho desenvolvido e não preocupar-se somente com o patrimônio físico, claro que uma estrutura de qualidade certifica e melhora o trabalho desenvolvido, mas não é o fator principal. A equipe de educadores precisa estar capacitada e com remuneração digna. Diretores, coordenadores, supervisores, pedagogos, psicólogos precisam andar de mãos dadas com os professores e o apoio dos pais se torna imprescindível.

 

1.2 A FAMILIA E SEU PAPEL

 

Como muitos estão cansados de ouvir, a educação vem do lar. É em casa que se busca repassar os valores morais, o bom caráter que uma criança necessita para viver bem em sociedade. Os pais precisam preparar seus filhos, para que quando forem para as escolas já estejam cientes de que existem regras, e precisam apoiar os professores, realizando um trabalho em conjunto. Segundo Tiba (2002), muitos pais culpam a escola pelo mau comportamento em casa, dando a entender que quem educa é a escola. Na realidade, essa ideia é errônea e não deve prevalecer, pois cabe aos pais à formação do caráter, da autoestima e da personalidade da criança e à escola as questões de ensino aprendizagem e do conhecimento científico.

Devido à ausência e as correrias do dia-a-dia, muitos pais talvez tentem amenizar suas faltas com excesso de “mimos”, esquecendo algumas cobranças quanto às responsabilidades, a boa educação, o comprometimento, a verdade, o respeito, e isso acaba refletindo no ambiente escolar.

As crianças precisam aprender a compreender, a saber, a crescer e realmente a se dedicar, estudar, apreciar a leitura, sentir o gosto pelo conhecimento. Família e escola podem desenvolver atividades juntas que instiguem a criança a gostar realmente e a sentir interesse pelo aprender. Os pais precisam cobrar em casa a realização das tarefas, ajudando quando existem dificuldades, mas nunca fazer a atividade pelo filho.

A família é o eixo de uma criança, é a base e o principal exemplo a ser seguido. Quando ocorrem conflitos na família como, por exemplo, separações, brigas e traições, o que pode acontecer é uma desestruturação e abalo de comportamento dessa criança, afinal, isso faz com que o desenvolvimento psíquico e moral dessa criança se confundam, refletindo assim no seu comportamento. Os pais necessitam de delicadeza para trabalhar com os filhos observando todos os comportamentos anormais que eles possam apresentar.

Quando colocamos nossos filhos na escola e não procuramos saber o andamento do processo, talvez o que lhes é repassado não condiz com os valores que temos como convicção.

Oliveira (2003), também posiciona sua ideia de família, o quanto à participação da mesma é fundamental para um melhor desenvolvimento da criança. A autora sugere que o local principal para a criança suprir suas necessidades tanto emocionais, físicas e cognitivas seria realmente o ambiente familiar. No entanto, ela também afirma que as instituições escolares realizam um papel de extrema importância e necessidade na sociedade.

A participação ativa de um pai e de uma mãe na vida escolar de seu filho é uma obrigação. Levando em consideração que o comportamento das crianças em um ambiente e em outro às vezes pode ser diferente, o diálogo entre os dois lados (escola e família) pode ajudar a identificar alguns problemas, mudanças de atitudes que podem afetar o bom desenvolvimento escolar e intelectual dessas crianças. Com esse apoio elas sentem-se mais seguras, motivadas, estimuladas, com vontade de aprender.

Os pais não conseguem dar conta do mundo lá fora, por mais que se tenha uma família bem estruturada, as influências negativas do mundo exterior tentam abalar o meio familiar, por isso enfatizamos a magnitude da importância desse trabalho em equipe pais e professores, buscando, juntos, melhorar a cada dia a qualidade na educação de seus filhos. Sabemos que os pais não precisam ser professores, mas precisam ser participativos no aprendizado dos filhos.

Entre as diversas desculpas que os pais apresentam em relação à falta de participação na escola está a falta de tempo. Homens e mulheres, pais e mães, na realidade atual, trabalham, saem cedo de suas casas e passam o dia todo fora trabalhando, os filhos ficam aos cuidados de estranhos, ou, por vezes, sozinhos, depois vão para as escolas e o convívio afetivo familiar diminui a cada dia. No entanto, os pais precisam ficar atentos e disponibilizar tempo para acompanhar a vida escolar do filho.

Recente estudo realizado pela Fundação Itaú Social constata que o contexto familiar responde pela expressiva parcela de 70% do desempenho do estudante, restando 30% para o ambiente escolar propriamente dito. O nível de escolaridade dos pais e o de renda familiar, de acordo com o estudo, são decisivos na aferição da relação entre fatores familiares e sucesso escolar. Tamanha influência só comprova que o diálogo escola e família só traria ganhos para a qualidade do ensino, o que, no entanto, não é uma verdade nem cultural nem histórica no Brasil.

Gokhale (1980), acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação, bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto.

Os tempos mudaram, mas a responsabilidade que a família tem não mudou. Os pais precisam estar presentes, isso é fato, os filhos são seus frutos, não podem jogar a educação e a culpa dos problemas, na escola ou no professor. Os pais necessitam repensar suas funções e esclarecer de vez seu papel na vida dos filhos.

            A estrutura familiar mudou, é claro, mas seus componentes, sejam eles quais forem, precisam assumir uma autoridade e prover no âmbito familiar o necessário para ela viver com dignidade, ofertando alimentação, educação e saúde.

Como prevê A COSNTITUIÇÃO FEDERAL:

 

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

 

 

A Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências

 

Art. 3º: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Art. 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

 

 

Temos que deixar claro que o aluno pertence e é responsabilidade da escola, e o filho à família, logo, situações relacionadas à escola devem ser resolvidas no ambiente da mesma, segundo suas regras e princípios, o mesmo critério se aplicando para a família.

            As discussões estão cada vez mais presentes frente ao tema de relação família e escola, nota-se que há uma preocupação pairando no ar e que estamos no caminho para solucionar essas dificuldades de relacionamento.

Os pais devem acompanhar e zelar para que os filhos recebam da escola o tratamento e a educação esperados e sonhados, e cabe à escola, resgatar-lhes a confiança, viver e reviver um relacionamento harmonioso com as famílias, promovendo encontros periódicos e particulares com os pais.

Pinheiro (2003), considera a família como o principal referencial para a formação da personalidade do indivíduo e afirma ainda que a inversão de valores que vem ocorrendo atualmente, acarreta dificuldades para a família, para a escola e para todos os que, de alguma forma, comungam da construção da pessoa.

 

1.3 FAMÍLIAS E SUAS ESTRUTURAS  

 

Atualmente não podemos nomear um único modelo de família, visto que diferentes estruturas se constituíram. Aquela família tradicional composta de pai, mãe e filhos tornou-se raridade. As separações tornaram-se frequentes, famílias dentro de outras famílias, casais homossexuais, adoções, entre outros. Mas nada justifica a irresponsabilidade dos pais frente aos problemas, seja qual for a sua estrutura. Como diz Kaloustian (1988), a família deve ser espaço indispensável para garantir a sobrevivência e a proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como se vêm estruturado.

            O núcleo familiar modificou-se, mulheres e homens ocupando-se com suas carreiras profissionais, preocupando-se com bens materiais, status, conforto, deixando de lado o ambiente familiar, a educação, os valores e bons costumes, como também o afeto, carinho e amor. Os papéis de pai e mãe antes definidos claramente, hoje sofrem uma disfunção que acarreta pontos negativos na criação dos filhos, muitos acabam sendo cuidados por parentes, babás, e as atividades pedagógicas não são realizadas, deixando a televisão e o computador “ensinarem”.

 

Essa erosão do apoio familiar não se expressa só na falta de tempo para ajudar as crianças nos trabalhos escolares ou para acompanhar sua trajetória escolar. Num sentido mais geral e mais profundo, produziu-se uma nova dissolução entre família, pela qual as crianças chegam à escola com um núcleo básico de desenvolvimento da personalidade caracterizado seja pela debilidade dos quadros de referência, seja por quadros de referência que diferem dos que a escola supõe e para os quais se preparou. (TEDESCO, 2002, P.36)

 

 

Essa ausência dos pais se transforma em culpa por não poder estar com os filhos na hora em que eles precisam, compensando com presentes e liberdade, deixando que façam o que querem e, sobretudo, não dizerem o não na hora que necessita ser dito.

Todas essas mudanças refletem na sala de aula, nas dificuldades da escola em trabalhar com esse aluno que não possui disciplina e limites, pois se em casa ele faz o que deseja na escola ele vai querer fazer também. Os pais não aceitam que a escola imponha a seus filhos as responsabilidades e o bom comportamento, trazendo para essa relação que deveria ser de união, conflitos, que prejudicam ainda mais o processo de desenvolvimento intelectual e emocional a que esse aluno está passando.

Segundo Tiba (1996), cada aluno traz dentro de si sua própria dinâmica familiar, isto é, seus próprios valores (em relação a comportamento, disciplina, limites, autoridades, etc.) cada um têm suas características psicológicas pessoais.

A família precisa estar unida à escola e educar os filhos com disciplina, autoridade, limites e responsabilidades, preocupando-se com o futuro social e emocional dos mesmos. A família é a primeira escola e os pais os primeiros professores.

Como diz Paulo Freire (2000, p. 29):

 

A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam visitas em face da autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade.

 

 

            Os pais precisam exigir respeito de seus filhos, educação acima de tudo. A culpa que se abordou anteriormente não pode se sobrepor ao principal fator que é o amor, a cumplicidade e os deveres que a família tem são indiscutíveis e precisam ser levados a sério.

            Como afirma Prado (1981: p. 13) “A família influencia positivamente quando transmite afetividade, apoio e solidariedade e negativamente quando impõe normas através de leis dos usos e dos costumes”.

            Para a escola, não importa estrutura da família, o importante é o seu papel no processo escolar.

 

1.4 CONHECENDO A ESCOLA DO SEU FILHO

 

É muito importante antes de efetuar a matrícula dos filhos conhecer primeiramente a instituição. Os primeiros contatos entre as famílias e os profissionais são decisivos na construção do relacionamento entre ambos.

Quando os pais decidem escolher a escola que vão colocar os filhos, optam por uma que esteja localizada perto de suas casas, partem do conhecimento que possuem sobre a instituição (podendo ser onde eles próprios estudaram), ou com base no que ouviram das pessoas próximas ao seu convívio.

Essa escolha, embora pareça ser fácil, tem que ser cautelosa e baseada em critérios que acreditem ser fundamental pra a qualidade do ensino-aprendizagem.

Conhecer as dependências, laboratórios, biblioteca, cantina, quadras e campo para prática de esporte, as salas de aula, como também a proposta pedagógica e seus profissionais. Os pais precisam obrigatoriamente conhecer toda a estrutura deste ambiente onde seu filho passará boa parte do seu tempo, participando dos projetos realizados na instituição educacional escolhida, sendo responsável pela educação dos filhos.

O dever da família à importância da sua presença no contexto escolar é reconhecido na legislação nacional e nas diretrizes do Ministério da Educação, tais como: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4º e 55; Política Nacional de Educação Especial, que considera como umas de suas diretrizes gerais “adotar mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento global do aluno” Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96),artigo 1º, 2º, 6º e 12; Plano Nacional de Educação ( aprovado pela lei nº 10172/2007).

 Vygotsky (1988), afirma que a educação transmitida pela família, escola e sociedade aprimora um papel primordial na constituição de sujeitos. A educação que é recebida dentro de casa, no âmbito escolar e na sociedade de um modo geral cumpre um papel primordial na constituição dos sujeitos. A participação familiar e as práticas de criação da educação influenciam no desenvolvimento individual e no comportamento da criança na escola.

Por tudo isso, vale reforçar o quanto é importante que a família participe ativamente da educação dos filhos, na escolha da escola, na efetiva orientação quanto à disciplina e acompanhamento das atividades diárias. Segundo Reis (2007, p. 6) “a escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida à escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos”.

Consta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que as escolas têm a obrigação de se articular com as famílias e os pais têm direito a ter ciência do processo pedagógico, bem como de participar da definição das propostas educacionais.

Enfim a relação família-escola representa um vínculo onde à educação é o foco. Através dela cada criança tem a oportunidade de se desenvolver com condições de se tornar um adulto de sucesso. A família deve sempre buscar interagir com a escola e buscar acompanhar as atitudes do filho no ambiente escolar e relacionar com o comportamento em casa de maneira a complementar o aprendizado adquirido, quanto maior a interação maior será a evolução da criança.

 

1.5 A TAREFA DE CASA E SUA IMPORTÂNCIA

 

O dever de casa, ou tarefa, como é usualmente conhecida, é muito importante para o aluno, para o professor e para os pais. O aluno precisa entender que as responsabilidades da escola não acabam quando o sinal toca no final do dia letivo. O dever serve para ajudá-lo a desenvolver suas responsabilidades e também para o aluno compreender melhor o conteúdo repassado na sala de aula, reforçando o aprendizado. O professor consegue identificar através dos deveres escolares as dificuldades que o aluno possui, auxiliado individualmente ou coletivamente quando a porcentagem de dificuldade a cerca do mesmo assunto for observada. Os pais também ajudam no processo de ensino aprendizagem quando cobram a tarefa dos filhos e quando elogiam os mesmos após o término, a relação torna-se agradável e aos poucos a tarefa será prazerosa.

Vigotski (1988), ao considerar a aprendizagem como profundamente social, afirma que quando os pais ajudam e orientam a criança desde o início de sua vida, dão a ela uma atenção social mediada e, assim, desenvolvem um tipo de atenção voluntária e mais independente, que ela utilizará na classificação e organização de seu ambiente.

A influência dos pais na educação dos filhos tem significados grandiosos, exemplo disso é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Departamento de Educação dos EUA que constatou que o acompanhamento constante dos pais influi mais no rendimento escolar de uma criança do que a renda da família. Diante disso, destaca-se que é de fundamental importância a integração dos pais no sistema educacional, pois são eles que podem incentivar o melhor aproveitamento educacional de seus filhos, e é através dessa parceria que a instituição de ensino pode constituir uma aliança com forte embasamento (TIBA, 2002).

Os pais não devem ficar com pena dos filhos, porque estão cansados após um dia inteiro na escola ou porque os filhos querem assistir TV ou brincar, fazendo por eles suas tarefas. Isso não ajudará em nada e somente trará dificuldades futuras.

O momento que é reservado para realização das atividades serve como um meio de unir escola e família, pois se os pais auxiliam seus filhos na elaboração da tarefa, estão a par das atividades desenvolvidas pelo professor, podem participar mais ativamente e envolverem-se na vida escolar dos filhos.

 

Autoestima bem desenvolvida é instrumento precioso de aprender e de ensinar. Uma criança desenvolve boa autoestima á medida que é reconhecida como pessoa única e singular, com necessidades educacionais específicas à sua pessoa. Nessa perspectiva, ajudar cada aprendiz a descobrir-se, a aceitar-se, a compreender-se é possibilitar que ele se sinta confiante e apto a enfrentar as dificuldades e as complexidades do aprender (PAROLIN, 2007, p. 63).

 

Realizar o dever de casa em conjunto com a família também pode ser um elo maior entre o filho e os pais. No momento da realização ocorre uma interação, uma troca de conhecimentos. Em nossa realidade, muitos pais não possuem escolarização ou estudaram somente os primeiros anos da educação infantil, isso não quer dizer que esse pai ou essa mãe não possam ajudar seu filho, muito pelo contrário, esse elo, é uma troca de afeto, onde os pais não fazem o dever do filho, mas ficam do seu lado apoiando e instigando a criança a realizar sozinha.

Como bem diz Piaget:

 

“Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva pois muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real de métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola chega-se até mesmo a uma divisão e responsabilidade. [...] (2007, p.50)”.

 

 

                Os pais podem ajudar no desempenho escolar do filho quando se demonstrarem interessados nas atividades que o mesmo desenvolveu durante o tempo que esteve na escola. Perguntar o que ele aprendeu na escola, incentivar a leitura e ler para ele, acompanhar a lição de casa, elogiar suas notas boas e não menosprezá-lo frente a notas ruins (buscar saber através do diálogo quais suas dificuldades na matéria), motivá-lo a participar das atividades escolares, projetos, comemorações e estar sempre presente na escola conversando com os responsáveis também demonstrará a importância dos estudos para seu filho. Ensinar a respeitar os professores, colegas e todos os funcionários da escola, não deixar seu filho faltar à aula sem necessidade, participar das reuniões e estar conversando regularmente com os professores mantendo uma boa relação e apoiá-los em suas necessidades.

 

1.6 PAIS E PAIS

 

            Não generalizando, a ausência não é de todos os pais. Se os resultados obtidos em diversas pesquisas para avaliar se as escolas que possuem a presença da família obtiveram resultados positivos, quer dizer que existem sim, pais interessados na educação dos filhos e preocupados com a aprendizagem.

      Os pais precisam por si só, reconhecerem a importância da sua atuação nesse ambiente.

      Para Demo, (2001, p. 19-20):

 

“Muitas desculpas são justificativas do comodismo, já que participação supõe compromisso, envolvimento, presença em ações por vezes arriscadas e até temerárias. Por ser um processo, não pode também ser totalmente controlada, pois já não seria participativa a participação tutelada, cujo espaço de movimento fosse previamente delimitado”.

 

 

            Porém, a participação dos pais ainda é baixa. Pesquisas realizadas pelo Ministério da Educação (INEP/MEC. 2009) apontam que uma pequena parcela (13%) das escolas públicas do país mantém um relacionamento próximo com a família. Por outro lado, 43,75% dos pais entrevistados acreditam que, se fossem promovidos mais encontros e palestras interessantes, haveria uma maior integração com a escola.

            Procurar oportunidades agradáveis para promoção de encontros positivos entre os pais e os professores é algo necessário. Além disso, os professores não podem querer mudar os modelos familiares atuais e sim aprender a trabalhar com cada um. Os pais se sentem valorizados quando cooperam para com a escola, afinal, ajudam também na melhora do espaço em que os filhos estão convivendo.

 

1.7 DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM E A INTERFERÊNCIA EMOCIONAL

 

Os pais precisam estar cada vez mais atentos ao comportamento dos filhos, seus gestos, atitudes, o que dizem, pois muitas vezes uma simples mudança no palavreado ou nos gestos pode significar que algo de errado está acontecendo. A escola também pode observar essas mudanças, por ter profissionais que estão preparados para identificar esses problemas e por ter contato mais frequente com diversos tipos de situações. As crianças se comunicam de diversas maneiras, com a ausência, rebeldia, choro, com gritos, baixo rendimento escolar, frustração por pouca coisa, até mesmo no modo de se vestir, tudo isso e qualquer outra mudança que seja fora do normal não deve ser ignorada. José e Coelho (2006), afirmam que o processo de aprendizagem sofre interferência advinda de vários fatores, entre eles: o intelectual, o psicomotor, o físico e o social. Mas, o que se destaca é o fator emocional, o qual depende em grande parte da educação.

 

Cabe ao educador estar atento aos sinais de dificuldade de aprendizagem que seu aluno apresente, e sempre se atualizar para obter um conhecimento prévio sobre problemas que possam envolver aspectos neurológicos, psicológicos, biológicos, entre outros que dizem respeito ao método ineficaz ou inadequado utilizado pelo educador; ou que demonstrem ser de cunho ambiental, isto é, quando dizem respeito ao meio em que a criança está inserida. (GOMEZ E TERÁN, 2008).

 

 

Muitos podem pensar que certos comportamentos fazem parte da faixa etária, que é só uma fase e que logo vai passar. Por isso observar atentamente e saber distinguir o que é passageiro e sem importância do que é algo mais relevante e preocupante é tarefa que os pais precisam realizar. Os problemas podem ser com os colegas, professores, disciplinas, ou até mesmo com as questões familiares.

 

Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem as condutas caóticas e desordenadas, que se reflete em casa e quase sempre, também na escola em termo de indisciplina e de baixo rendimento escolar. (MALDONADO, 1997, p 11)

 

 

         Quando estamos passando por dificuldades, com autoestima baixa não conseguimos nos concentrar em tarefas simples que efetuamos no cotidiano, se para adultos é difícil, imagina para crianças. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria de 1995, a desmoralização e a baixa autoestima podem estar associadas às dificuldades de aprendizagem.

            Se em casa ela passa por problemas como agressão física ou emocional, presencia brigas e discussões dos pais, enfrenta problemas financeiros, problemas de saúde, bullying, etc., com certeza sua concentração e participação nas atividades escolares não será positiva.

Nesse sentido Pincus e Dare (1987: p.68-89), descrevem que:

 

O sucesso da criança ao enfrentar as difíceis tarefas subjetivas ao longo do seu desenvolvimento depende, em grande parte, das condições psicológicas que os pais lhe oferecem, sem esquecer as próprias experiências infantis dos pais, assim como a sua relação conjugal, são fatores importantes no seu processo de interação com a criança. Vemos deste modo como os laços familiares são essenciais para a estruturação psíquica desde os primeiros anos de vida.

 

De acordo com Souza (1996), as emoções envolvidas neste processo incluem desde sentimentos de inferioridade, frustração, e perturbação emocional, até problemas de autoestima e depressão, dependendo, é claro, da forma como suas dificuldades são vistas também por seus pais e professores.

O aluno precisa sentir-se seguro. O afeto, a autoestima, a motivação e apoio familiar são fundamentais para que ele perceba sua capacidade e necessidade de aprender. Com todos esses sentimentos e outros mais voltados ao sentido positivo de viver o aluno estará preparado para enfrentar as dificuldades e tornar-se um cidadão bem sucedido, no sentido completo da palavra.

Machado (1993), afirma que crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar comportamentos de passividade, isolamento, apatia ou agressão, além de comportamentos encobertos como medo, frustração, raiva e outros.

Polity (2001: p.27) afirma que:

 

... a dificuldade de aprendizagem pode ser definida como um sintoma psicossocial, com pelo menos três constituintes básicos: a criança, a família e a escola. Sua evolução está intimamente relacionada com a estrutura e dinâmica do sistema familiar e social na qual a criança está inserida.

           

 

Um aluno triste, nervoso, com raiva, deprimido, com medo ou culpa não consegue se concentrar, pois a preocupação ocupa todo o espaço mental e intelectual fazendo com que o mesmo não consiga produzir as atividades sugeridas na escola ou até mesmo em casa. É como uma doença, o organismo não consegue trabalhar corretamente e normalmente, a criança pode parar de comer, isolar-se, sentir dores no corpo entre outros sintomas.

A escola tem um papel preponderante na contribuição do sujeito, tanto do ponto de vista de seu desenvolvimento pessoal e emocional, quanto da constituição da identidade, além de sua inscrição futura na sociedade (SYMANSKI, 2001, p 90).

 

 

A escola precisa estar preparada para identificar quando problemas sentimentais estão afetando o desempenho do aluno. O bom relacionamento com as famílias pode auxiliar para que, juntos, dialogando, encontrem a raiz do problema, solucionando e ajudando o aluno a superar as dificuldades, independente de quais forem e, se necessário, buscar profissionais preparados para contribuir para a melhora emocional da criança.

 

1.8 CONFLITOS ENTRE A ESCOLA E A FAMÍLIA

 

            Quando um aluno não consegue os resultados esperados, escola e família começam uma mútua acusação pela culpa do fracasso. Ambos não aceitam suas falhas e não assumem sua responsabilidade acerca da situação. Discutir e brigar não vai ajudar em nada, somente um trabalho estruturado e organizado, onde ocorra cumplicidade nos diálogos e ações será um bom começo para o sucesso do que se busca.

            Sabemos que nem todos os pais participam ativamente da vida escolar do filho. Muitas escolas enfrentam dificuldades de interagir com as famílias e resgatar essa convivência que é fundamental para o desenvolvimento dos alunos. A escola é continuidade de casa, temos consciência de que valores e informações antes apreendidas no lar, atualmente são abordados na escola, percebendo essa mudança é que a interação precisa ser mútua.

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva pois muita coisa mais que a uma informação mútua:este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos.Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se a uma divisão de responsabilidades [...] (PIAGET,2007,p.50)

 

 

O pensamento de alguns pais de que é papel da escola educar seus filhos ainda está presente. A escola tem que ajudar os alunos a aprender a ler, escrever, fazer contas, fazer com que saibam sobre cultura, política, economia, mas não a educá-los para a sociedade e para a vida. A escola auxilia no desenvolvimento emocional e mental, o envolvimento é necessário, mas os papéis são diferentes e precisam ser desempenhados individualmente, compromissados irão se complementar. Como afirma Lópes (2002) “a família não tem condições de educar sem a colaboração da escola e acrescento a escola não tem condições de educar sozinha sem a participação e compromisso dos pais”.

Durante alguns séculos família e escola relacionavam-se muito bem, as determinações da escola eram aceitas e assim o relacionamento entre ambos era homogêneo e afetivo. As crianças sentiam essa interação de objetivos e tudo se encaminhava tranquilamente. De repente algo aconteceu que rompeu essa união. Desconfianças, exigências, acusações e uma grande desestruturação nas relações ocorreram pondo a perder o principal de tudo isso, que é a valorização e a importância do crescimento intelectual e afetivo dos alunos.

 

No interior de nossa própria cultura, sem sair de nossa própria cidade nem de nosso próprio bairro, um belo dia observamos nosso ambiente e nos damos conta de que tudo mudou tanto que mal somos capazes de saber como as coisas funcionam. Sentimo-nos, então desorientados, tão desorientados como se tivéssemos viajado para uma sociedade estranha e distante, mas sem esperança de voltar a recuperar aquele ambiente conhecido no qual sabíamos nos arranjar sem problemas. (ESTEVE, 2004, p 24)

 

 

É de extrema importância que ocorra um envolvimento e sintonia entre a escola e a família, assim, o aluno, não fica perdido nem confuso frente a certas situações.

Ourique e Tomazetti (2005, p.98) concordam nesse sentido, afirmando que:

 

 

A articulação entre a educação formal, a cargo da escola, e a educação informal, desenvolvida pela família em seus pequenos, através de hábitos e condutas morais, é de grande importância para os parâmetros do que significa ser um cidadão responsável e crítico da realidade sejam alicerçados firmemente. A criança quando pequena, pede uma posição dos pais quanto ao que é realmente importante, já quando é adolescente, confronta os discursos da família com os da escola e exige coerência e sintonia entre eles.

 

 

A sociedade atual é tão cheia de irregularidades. As pessoas não confiam uma nas outras, a política, a educação, a economia, a saúde, as relações pessoais estão abaladas, enfim, muitas coisas mudaram e influenciaram no pensamento do indivíduo. Tudo isso interfere no modo de ver o mundo, realmente fazendo desacreditar que ainda existe honestidade e trabalho justo, pois, sinceramente, é difícil ver algo positivo com todas as barbáries que aparecem a cada instante no meio onde vivemos.

Não significa afirmar que a escola precisa fechar os olhos e fingir não saber dos descasos de algumas famílias, bem como as famílias deixarem passar despercebidas as irregularidades vistas na escola. Essa relação precisa ser reconstruída, pautada em parcerias onde ambos necessitam estar abertos para receber críticas e também os elogios, um trabalho bem desenvolvido, onde um auxilia o outro e buscam juntos desenvolver atividades, projetos e ações que melhorem o dia a dia das escolas e consequentemente a relação familiar.

Bronfreenbrenner (1999), enfatiza que os três principais sistemas que afetam a criança em desenvolvimento são: família, a escola e o ambiente externo a estes dois contextos. Ele destaca a influência dos aspectos culturais, como crenças, valores, atitudes e oportunidades, que podem facilitar ou mesmo dificultar a evolução da pessoa. Por exemplo, se a escola acredita que os pais devem participar apenas contribuindo com a Associação de Pais, Alunos e Mestres (APAM) ou, somente, participando das reuniões bimestrais, eles certamente não serão convidados a discutirem aspectos ligados à concepção pedagógica de ensinos e aos processos de avaliação adotados. As crenças, valores e atitudes podem ser efetivas no estabelecimento de alianças e de um clima de cumplicidade entre pais e professores.

 

1.9 ACUSAÇÕES ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

 

Muitas reclamações vindas da família para a escola acontecem, mas, existem as da escola para com a família. Ambas as partes tem suas indignações, derivadas de várias situações, diferentes meios e espaços onde a escola está inserida.

Esse empurra- empurra de obrigações vem, há muitos anos, rodeando as relações que existem no processo de ensino aprendizagem, no relacionamento entre professores, pais, alunos, diretores e comunidade, no dia a dia escolar.

Levando em consideração a localidade da escola, se é pública ou privada, a qualidade da administração e dos professores, como diversos fatores que fazem com que a escola cresça e obtenha bons resultados, dificilmente tudo será perfeito, mas trabalhando em conjunto, com planejamento o resultado será satisfatório.

Escola e família se complementam em suas funções, os valores repassados pelos pais tem continuidade na escola, assim, como o conhecimento científico continua em casa. É um trabalho baseado em ajuda mútua, onde uma sintonia precisa acontecer.

E a escola vem para reforçar esses valores primeiros, acrescentando, mas não assumindo para si o papel inicial da família. Dessa forma, pode-se dizer que:

 

 

Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às instituições de ensino que frequentam. (TIBA, 1996, p. 111).

 

 

Algumas escolas possuem um péssimo “vicio”, onde só chamam os pais para apontar os aspectos negativos dos filhos, são intimados a comparecer somente quando o filho está causando problemas como indisciplina, notas baixas, falta de atenção, mau comportamento. Quando ele está produzindo bem, com boas notas, obedecendo e respeitando, com um bom desempenho escolar, os pais nem ficam sabendo. Valorizar em todos os sentidos, sejam eles positivos ou negativos, o desenvolvimento dos alunos é muito importante para o seu próprio crescimento. Os pais são peças chave no quebra cabeça que é o processo de ensino aprendizagem, necessitam estar inteirados de tudo que interfere e diz respeito à escola onde seu filho estuda.

Como diz Paro (1997: p.30):

 

 A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir comprometido com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano.

 

 

Também existe a falha por parte de alguns pais que só procuram a direção da escola ou os professores quando seu filho reprova ou quando percebe que algo não está bem é que vão à busca de ajuda.

Nas reuniões entre escola e família o ponto “aprendizagem” que deveria ser o principal, pouco é debatido, já o “comportamento” acaba se tornando o foco das discussões. A escola quer de certa forma interromper e ditar o que os pais precisam fazer para controlar os filhos, intrometendo-se em questões particulares e que, muitas vezes, não deveriam de maneira nenhuma interferir.

 A indisciplina atrapalha o convívio e o rendimento em sala de aula, mas são questões que no momento das reuniões não precisam se sobressair, ou seja, as reuniões devem ser agradáveis, com diálogo aberto para que os pais não se sintam constrangidos para abordar sobre diversos assuntos e dúvidas que carregam, questões mais complicadas podem ser tratadas em particular ao fim da reunião. Durante esses encontros, que são raros, o professor pode conquistar ainda mais a afeição dos pais, buscando uma intimidade maior, construindo um relacionamento aberto, pois o professor precisa dos pais e vice e versa.

Paro (1992) afirma ainda que;

 

A instituição de ensino deve usar todos os métodos de aproximação direta com a família, pois dessa forma podem compartilhar informações significativas em relação aos seus objetivos, recursos, problemas, além de questões pedagógicas. Somente dessa maneira, os pais poderão participar efetivamente do aumento do nível educacional, bem como do desenvolvimento de seu filho (PARO, 1992.v 73, n. 174, p. 255-290).

 

 

As reuniões não podem ser sem sentido, sem planejamento e programação. As pessoas percebem quando o assunto não tem coerência e finalidade e são por esses percalços que muitos pais deixam de participar dos encontros. É importante preparar um ambiente aconchegante, se for dentro da própria sala de aula, deixar os trabalhos dos filhos expostos, organizada de preferência em círculo; o professor não pode ser autoritário e colocar as dificuldades de forma rude, mas sim encontrar formas de buscar juntos, família e escola, meios para tentar melhorar as questões que atrapalham o dia a dia na sala de aula. Usar a linguagem dos pais é fundamental, afinal, nem todos conhecem os termos pedagógicos e nem precisam. Elogiar os pontos positivos da turma, se prontificar para o que precisarem e pedir ajuda para que juntos consigam o melhor para seus filhos será o caminho para que a família sinta-se a vontade em participar mais da vida escolar do filho.

1.10 A INTERAÇÕES ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA

 

            Nota-se nos ambientes escolares o sentimento de impotência frente às situações que a cada dia vem surgindo e atrapalhando o desempenho dos profissionais da educação.

            Algumas discussões dentro desse espaço se caracterizam por professores cansados, estressados e doentes, pela falta de limites, indisciplina, falta de interesse, desconcentração, desrespeito.

          Não estamos preparados para enfrentar essas dificuldades, a mudança foi radical e repentina e, quando pensamos que estamos adaptados, surgem outras totalmente diferentes. Buscamos acompanhar essa evolução, procurando alternativas e metodologias inovadoras que preencham a atenção dos alunos, tentando, de certa forma, envolver o aluno.

A educação hoje está se repensando a partir de outra concepção que os educadores estão tendo dela: longe de ser um lugar imutável, ela está sendo descoberta como um lugar provisório, inacabado, precário, prolongamento de uma sociedade. E descobrindo sua precariedade abre-se para o profissional de ensino uma situação extremamente desconfortante, conflitante (GADOTTI, 1995, p.160).

 

 

       A indisciplina é um dos fatores mais complicados e que atrapalham consideravelmente o trabalho educacional, porém, o papel de impor limites e controlar essa falta de respeito não é da escola. Os pais precisam se impor e exigir de seus filhos comportamentos adequados.

 É no lar que a educação da criança deve iniciar-se. Ali está a sua primeira escola. Ali, tendo seus pais como instrutores, terá a criança de aprender as lições que devem guiar por toda a vida, lições de respeito, obediência, reverência, domínio próprio. (WHITE, 1990: p.17)

 

       No que se refere à família e sua função social, de acordo com Oliveira (2003, p.92) quando afirma que uma das funções principais da família é a função educacional e que esta é a responsável pela transmissão às crianças dos valores e padrões culturais da sociedade, nota-se que a família é tida como primeira agência que socializa a criança.

       Diante disso Vigotsk, 1997, afirma que:

 

[...]o aprendizado começa muito antes da entrada da criança na sala de aula. Valoriza as formas de experiência individual e de interação social que ocorrem fora dela. Nas escolas, as crianças chegam cada vez mais cedo, porque seus pais precisam trabalhar e não tem com quem deixar os filhos. O pouco tempo disponível dos pais faz com que os mesmos transfiram para a escola, muitas vezes, toda a responsabilidade educacional de seus filhos. (VIGOTSKI apud LAHIRE, 1997)

 

O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), de 1999, apontou que nas escolas que contam com a parceria dos pais, onde há troca de informações com o diretor e os professores, os alunos aprendem melhor.

Bartolome (1981), desde a década de 1980 já propunha que a escola e a família atuassem como ambientes complementares uma vez que tanto os pais quanto os professores têm grandes responsabilidades no desenvolvimento da criança e do adolescente. Ele sugere que a escola utilize diversos mecanismos, como reunião de pais, comunicações e projeto político pedagógico, crie um ambiente mais acolhedor e afetivo, que possibilite à família recapitular o valor da criança e o sentido de responsabilidade compartilhada.

 Um estudo realizado pelo Convênio Andrés Bello - acordo internacional que reúne 12 países das Américas - chamado A Eficácia Escolar Ibero-Americana, de 2006, estimou que o "efeito família" é responsável por 70% do sucesso escolar. Então o envolvimento familiar influencia sim o desempenho do aluno no processo de aprendizagem.

Segundo a LDB 9394/96, os profissionais da educação devem ser os responsáveis pelos processos de aprendizagem, mas não estão sozinhos nesta tarefa. A lei prevê a ação integrada das escolas com as famílias:

 

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

(...) VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; (...)

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

(...) VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

(...) II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

 

 

É preocupante o fato de a família não se importar com o desenvolvimento do filho no âmbito escolar e que devido a essa ausência, foi verificada essa dificuldade no aprendizado dos alunos. Afinal, a família é alicerce de uma criança que necessita de apoio para aprender e desenvolver em sociedade. A escola é cheia de impasses e o aluno precisa estar preparado e contar com o apoio pedagógico e a presença dos pais nesse processo.

Muitas vezes a família pode ser falha, e é ai que escola precisa estar atenta para analisar e identificar os pontos onde melhor precisam ser trabalhados com esse aluno.

 

“[...] a participação dos pais no sistema educacional, como toda participação social equivalente, tem dupla perspectiva de colaboração e controle. Com a primeira se potencializam os recursos e as ações da escola, enquanto com o controle se estimula a melhora de qualidade da educação escolar” (LÓPEZ, 2002, p. 75)

 

 

                    Paro (2003), por outro lado, argumenta que a ausência da comunidade na escola pública torna mais difícil a avaliação do ensino oferecido. Os pais e os alunos, como usuários da escola, são capazes de apontar problemas e dar sugestões para a resolução dos mesmos. Embora o autor considere que a simples execução de tarefas (participar na organização de festas, rifas, gincanas, etc.) possa ser o início de um processo de participação mais crítica na escola, argumenta que é necessário efetivar a partilha do poder, possibilitando à comunidade participar na tomada de decisões.

Da mesma forma que a função dos pais é propiciar um bom desenvolvimento e formação da criança esse também é o papel da escola, que muitas vezes acaba confundindo o que é exatamente a educação. Porém, a Lei de Diretrizes e Bases – LDB (1996), determina que a escola deva vincular-se ao mundo do trabalho e as práticas sociais, esperando necessariamente que a educação prepare o estudante para a vida inspirando princípios de liberdade e em ideias de solidariedade humana. Paro (2007); Tiba (2002) e Parolin (2003), afirmam que nem a escola, nem a família sozinhas conseguem êxito na educação dos filhos, mas que, quando aliadas, são muito mais fortes, e juntas proporcionam condições favoráveis para que o aluno desenvolva-se bem em seu processo educacional.

 

 

 

COMO APROXIMAR A FAMILIA DA ESCOLA?

           

Para auxiliar os passos necessários para cumprir o dever legal e social de ter um relacionamento de qualidade com as famílias a Revista Nova Escola - Edição 003 Agosto/Setembro 2009 - GESTÃO ESCOLAR elaborou uma lista com 13 ações, que vão desde o acolhimento no começo do ano letivo até as atividades de integração social.

Um dever dos gestores é aproximar os pais do trabalho pedagógico, diante disso, faz-se necessário:

 

Acolhimento.

1. Apresentar a escola e os funcionários à família.

Uma maneira de recepcionar e integrar.

Convidar os pais para conhecer as instalações e, principalmente, a equipe pedagógica e os funcionários é fundamental para que eles se apropriem do espaço e se sintam à vontade para fazer parte dele.

 

2. Fazer uma entrevista com os pais e os alunos.

Conhecendo para quem se trabalha.

As matérias-primas de qualquer relação humana são o interesse, a compreensão e o respeito.

Para que a escola tenha uma parceria efetiva com as famílias e direcione as ações que favoreçam a aprendizagem, ela precisa saber quem é o seu público.

 

3. Assegurar a participação no projeto político pedagógico

Hora de expor o currículo e os projetos.

No documento mais importante da escola, já devem estar previstas as possíveis contribuições das famílias.

 

4. Na reunião, ter uma pauta focada no processo de ensino.

Eficaz para informar sobre a aprendizagem.

"A reunião para falar mal dos estudantes e compartilhar somente problemas não serve para nada. Os encontros devem mostrar as intenções educativas da escola e a evolução da aprendizagem e discutir estratégias conjuntas para melhorá-la".

5. Marcar encontros em horários adequados para os pais.

Respeito aos que trabalham fora.

Uma medida simples e bastante eficiente para garantir uma reunião com um quórum significativo é marcá-la em data e hora que permitam aos pais comparecer.

 

6. Dar visibilidade à produção dos alunos.

Procedimentos para valorizar a aprendizagem.

Ao compartilhar com a comunidade o que as crianças fazem em sala de aula, os gestores mostram o que importa no processo.

É possível expor as produções dos alunos nos diferentes espaços da escola e da comunidade durante o ano, de modo que todas as turmas tenham a possibilidade de mostrar o que aprenderam.

 

7. Informar a comunidade sobre o andamento da escola.

Demonstração de respeito e transparência.

Ferramentas tradicionais, como murais, bilhetes, diário dos alunos e demais comunicados impressos, são instrumentos que servem para informar sobre o funcionamento da escola, prestar contas, convocar reuniões e compartilhar os projetos em andamento.

 

8. Constituir a Associação de Pais e Mestres (APM).

Uma forte aliada para fazer uma boa escola.

As APMs são organizações da sociedade civil que dão apoio às questões financeiras em prol das necessidades pedagógicas e administrativas.

Enquanto os conselhos têm uma função basicamente consultiva, as APMs constituem, pela sua natureza jurídica, os braços executores.

Elas podem receber recursos públicos vindos de programas oficiais - como o Programa Dinheiro Direto na Escola, do Governo Federal, e outros específicos das redes às quais pertencem - e têm a possibilidade de arrecadar contribuições da comunidade.

 

9. Incentivar a participação no conselho escolar.

O fórum ideal para definir rumos.

É no conselho escolar que são debatidas a aplicação dos recursos financeiros, a compra de materiais pedagógicos e as estratégias adequadas para a superação dos mais variados problemas relacionados com o dia a dia da instituição.

 

10. Disponibilizar os espaços para realização de eventos.

Um local público para uso da comunidade.

A escola pode abrir a quadra, o pátio e até as salas de aula para pais e vizinhos e oferecer atividades esportivas, culturais e sociais quando esses ambientes não estiverem sendo utilizados pelos alunos.

 

11. Criar uma Escola de Pais com palestras e debates.

Informações que ajudam a educar.

Sempre que possível, a escola deve ser uma referência para as famílias, ajudando-as a compreender melhor os filhos e a realidade.

Ela pode levantar o debate sobre as questões sociais e culturais mais presentes no cotidiano da comunidade.

 

12. Visitar as famílias dos alunos em casa.

Ampliação do olhar sobre a comunidade.

Sair da escola para conhecer o bairro, a residência e os pais dos estudantes pode ser uma experiência e tanto para gestores e docentes.

 

13. Promover festas e comemorações.

Forma descontraída de estreitar o vínculo.

Assim como as atividades esportivas e culturais, as festas não devem ser as únicas oportunidades para contar com a presença de pais e mães na escola.

Contudo, elas são ótimas chances para criar uma relação mais próxima e conversar sobre os filhos.

            A escola precisa pensar num todo na hora de planejar as reuniões e encontros com os pais. Organizando um ambiente acolhedor, pois a primeira impressão é a que fica. A primeira reunião no inicio do ano letivo precisa demonstrar confiança, transparência, competência, por parte de toda a escola. Os objetivos precisar ser claros, os pais necessitam conhecer a instituição por completo, dependências físicas e a equipe que irá trabalhar com seus filhos. Deixar a escola de portas abertas, no sentido que os pais se sintam a vontade para uma visita e uma conversa quando sentirem necessidade.

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            Os pais reconhecem a importância da sua participação e união com a escola. Os mesmos assumem sua falta às reuniões por motivos não suficientemente importantes, mas mesmo assim não frequentam, não dialogam com os professores, não procuram saber a fundo como realmente está o andamento do processo de ensino-aprendizagem do filho.

            Se o motivo é a falta de abertura que a escola oferece, então faz-se necessário cobrar, exigir maiores informações, afinal, é o local onde o seu filho passa boa parte do dia, o que significa que o acompanhamento precisa ser feito. A partir dos dados constatou que a escola reclama da falta da participação dos pais, sendo necessário fazer mais encontros com as famílias, se todos estão de acordo e pensam que algo necessita ser feito, a vontade e a atitude tem que ser colocada em prática.

            Quanto às confraternizações, os pais não querem somente ser chamados para trabalhar e doar produtos, eles sentem-se desmotivados e desvalorizados quando percebem que a escola só os convoca nesses momentos. Convidar os pais para um encontro tranquilo, para uma confraternização, bate-papo, com palestras informativas sobre o desenvolvimento das crianças, sobre as fases do comportamento na faixa etária correspondente farão com que os pais sintam-se felizes e assim, com passos lentos mas contínuos e com atitudes simples, a escola irá ganhar a confiança para juntos desenvolverem um trabalho significativo.

            Observando as reclamações com os horários das reuniões, as escolas precisam modificar e tentar encaixar um horário que beneficiará a maioria dos pais, se necessário realizar uma entrevista ou um questionário para saber a opinião dos pais frente aos assuntos que gostariam de compreender melhor, sugestões e o horário que melhor serviria para que todos estivessem presentes.

            É necessário ter força de vontade, organizar melhor a estrutura escolar e focar no que se espera para que a escola consiga ter resultados positivos. Com auxilio das famílias, com uma relação mais próxima dessas duas instituições muitos problemas vão se resolver, mas pra isso as barreiras precisam ser quebradas e o foco principal, que é o aluno, deve ser colocado acima de tudo.

A família sem dúvida é essencial para o desenvolvimento do ser humano, a ajuda dos pais é fundamental, independente da estrutura, é a primeira fonte de conhecimento, não só de desenvolvimentos básicos, como também de valores, caráter e costumes.

A escola contribui com o conhecimento em suas diversas áreas e a família com o conhecimento de vida, da moral, ambas caminham juntas, contribuindo com o seu papel para que o todo aconteça. A parceria entre estes dois polos, família e escola é necessária para um bom andamento do processo de ensino aprendizagem e de evolução e crescimento emocional, físico, mental, psicológico, dos alunos e filhos se concretize, somente uma relação aberta, baseada em compromisso, responsabilidade e principalmente apoio fará com que esse processo e convívio tenha resultado de qualidade.

A pesquisa realizada nos fez perceber que esse problema, essa ausência dos pais nas escolas não é um fato isolado de uma escola ou outra, mas sim de ambas. A dificuldade de manter uma relação mais aberta e verdadeiramente participativa vem afetando de acordo com a pesquisa as duas escolas. As mesmas críticas e reclamações existem dos dois lados, tanto pais como escolas se “alfinetam”, mas não param para analisar e colocar as fraquezas e problemas de fato que acontecem quando o relacionamento entre esses grupos não acontece de forma espontânea. Pois sentir-se obrigado a participar não fará com que aquela ajuda seja sincera e focada com interesse no auxilio ao seu filho e sim só resultado forçado de uma cobrança.

            Não é responsabilidade da escola fazer tudo, educar, cuidar, ensinar. Na família é onde tudo começa, antes de ser aluno a criança é filho, facilita muito para os professores receberem um aluno com educação, no sentido de realmente colaborarem com o andamento das atividades educacionais, crianças mal educadas, desobedientes, mimadas, realmente afetam e atrapalham o aprendizado não só dela como dos colegas.

            A escola precisa deixar claro para os pais ate onde querem que eles participem, e os pais precisam estar atentos a tudo que envolve a educação dos filhos, sempre que necessário interferir, participar na escola, em casa, dialogando diariamente, com esse relacionamento tranquilo, equilibrado melhorará muito o relacionamento entre família e escola, consequentemente o desenvolvimento da criança e qualidade durante o processo.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

A Eficácia Escolar Ibero-Americana, de 2006 Apud in A Escola da Família. Gustavo Heidrich , Novembro de 2009.

Bartolome, P.I. The changing family and early childhood education. Childhood Education, 57,262-266, 1981.

 

BRONFRENBRENNER,U. Environments in developmental perspective: Theoretical and operational models. Em S.L. Friedman & T.D. Wachs (Orgs.), Measuring environment across the life span: Emerging methods and concepts (pp. 3-28). Washington, DC: American Psychological Association. (1999).

 

BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8069 de julho de 1996.

 

DEMO, Pedro. Participação é conquista. São Paulo: Cortez, 2001.

 

ESTEVE. José M. A terceira revolução educacional: a educação na sociedade do conhecimento. São Paulo: Editora Moderna, 2004.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: Cartas Pedagógicas e outros

escritos. São Paulo: Ed. UNESP, 2000.

 

GADOTTI, Moacir. Pensamento pedagógico brasileiro. 6. ed. São Paulo:Ática,1995. 160 p.

 

GÓMEZ, Ana Maria Salgado. TERÁN, Nora Espinosa. Dificuldades de Aprendizagem: Detecção e estratégias de ajuda. Trad. Adriana de Almeida Navarro. São Paulo: Ed. Grupo Cultural, 2009.

 

GOKHALE, S. D. A família desaparecerá? In Revista Debates Sociais nº 30, ano XVI. Rio de Janeiro, CBSSIS, 1980

                                                

HEIDRICH, Gustavo. O direito de aprender. Revista Nova Escola/ Guia do Ensino

Fundamental de 9 anos. n.225, Abril. São Paulo: 2009, p.14.

 

INEP/MEC. Participação dos pais ajuda no desempenho escolar da criança. www.inep.gov.br/imprensa/notícias/saeb Acesso em 11 de novembro de 2009.

 

JOSÉ, Elisabete Assunção. COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 12.° Ed. São Paulo: Ática, 2006.

 

KALOUSTIAN, S.M. (org) Família Brasileira, a base e tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1988.

 

LDB Art. 12 da Lei de Diretrizes e Bases - Lei 9394/96 Governo do Estado do Paraná. 

 

LOPES J.S.I. (2002) Educação na família e na escola. Coleção O que é, como se faz?(M. C. Mota,Trad.) São Paulo: Loyola (Trabalho originalmente publicado em 1999).

 

LÓPEZ, J. P. S. Educação na família e na escola. São Paulo: Loyola, 2002.

 

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria de 1995

 

MACHADO, V. L. S. Dificuldades de aprendizagem e a relação interpessoal na prática pedagógica. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 3, p. 16-37, 1993.

 

MALDONADO, Maria Teresa. Comunicação entre pais e filhos: a linguagem do sentir. São Paulo: Saraiva, 1997.

 

OLIVEIRA. Antônio Almeida de Oliveira. O ensino público. Brasília: Senado Federal,

Conselho editorial, 2003

 

OURIQUE, M.L.H.; TOMAZETTI,E.M. Os (dês)encontros entre família e escola.

In: A autoridade no processo educacional:os orientadores educacionais como

mediadores das relações de poder. Educação, V.30, n.01, p.89-104, 2005

 

PARO, Vitor Henrique. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais Xamã, São Paulo (1997, p.30).

 

PARO. V. H. Gestão da escola pública: a participação da comunidade. Revista brasileira de estudos pedagógicos, v.73 n. 174, p.255-290, 1992.

 

PARO, V. H. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2007.

 

PARO, V. Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo: Ática, 3ª. ed. 2003.

 

PAROLIN, I. C. H. Família e Escola: Instituições Parceiras. Temas em Educação I. Jornadas 2003. São Paulo: Futuro Congresso e Eventos Ltda, 2003.

 

PAROLIN, Isabel. Professores formadores: a relação entre a família, a escola e a aprendizagem. Curitiba: Positivo, 2007.

 

PEREIRA, P.A. Desafios Contemporâneos para a sociedade e a família. In Revista Serviço Social e Sociedade, nº 48, Ano XVI. São Paulo: Cortez, 1995 .

 

PIAGET, Jean. Para onde vai à educação. Rio de Janeiro. José Olímpio, 2007.

Pincus e Dare (1987: p.68-89

 

PINCUS, L., & DARE, C. Psicodinâmica da família (2ª ed., p. 68-89) Porto Alegre: Artes Médicas. (1987).

 

PINHEIRO, L. P. A mulher e sua atualidade. Revista Escola de Pais do Brasil. Seção de Ponta Grossa. 2003

 

POLITY, E. Dificuldade de aprendizagem e família: construindo novas narrativas. São Paulo: Vetor, p.27, 2001.

 

PRADO, Danta O que é família. 1 ed.São Paulo: Brasiliense,1981.

 

Revista Nova Escola - Edição 003 | Agosto/Setembro 2009.

 

REIS, Risolene Pereira. In. Mundo Jovem, nº. 373. Fev. 2007, p.6.

 

SYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília: Plano, 2001.

 

SOUZA, E. M. Problemas de aprendizagem – Crianças de 8 a 11 anos. Bauru: EDUSC, 1996.

 

TEDESCO, J.C. O novo pacto educativo: Educação, competitividade e cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 2002.Escrito por Gabriel Arcanjo Nogueira Ter, 27 de Janeiro de 2009 10:18

 

TIBA, I. Quem ama, educa. São Paulo: Gente, 2002.

 

TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. - 1ª edição. São Paulo: Editora Gente, 1996.

 

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4 ed. São Paulo: Martins fontes, p. 97-101, 1988

 

Vygotsky. L. S. Obras escogidas V. Madrid: Centro de Publicaciones Del MEC

y Visor Distribuciones, 1997

 

WHITE, Ellen G. Orientação da criança. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, p. 17, 1990.

 

 

Para fazer citação a este trabalho utilize a bibliografia abaixo:

PIMENTEL, Maristela. Escola e família: integração para o desenvolvimento escolar. Revista Científica Cognitio, on-line, Mato Grosso, N. 02, Nov. 2016. <http://aces4r.wixsite.com/revistacientifica/ed-2-art-5>. Data de acesso:

bottom of page